Monster Among Men (L.H)

Capítulo 10

       
            27 de junho de 2017 - 2 Dias depois.

        Quarta- Feira, estou deitada encarando meu teto faz meia hora. Me questionando se falto aula pelo terceiro dia seguido, por ainda não ter coragem de encarar a Valerie depois do vexame na minha casa. Ela foi extremamente compreensiva, e não tocou no assunto em nenhum momento enquanto voltávamos para casa, na verdade ela tentava me destrair com outras coisas, e eu a agradecia mentalmente por isso.

        Desde que voltei eu tento evitar de todas as formas conversar com qualquer pessoa sobre isso, e até mesmo com a Hannah, ela sabe que alguma coisa aconteceu, mas disse que no meu tempo, quando eu me sentir preparada pra falar, ela estará ali pra me ouvir. E sinceramente, eu acho que nunca vou estar, só de lembrar eu começo a chorar. Como a minha mãe escolheu ele a mim? Como acreditou nele e não em mim? A sua filha!

       A frase "o amor é cego" nunca fez tanto sentindo pra mim, como agora. Eu estava me sentindo tão perdida. Meu mundo ta desmoronando e eu estou no meio do caos, sentindo os destroços caírem em cima de mim, sem poder me defender ou me abrigar, porque eu simplesmente não tenho o controle de nada disso.

        Eu já me cortei tanto, que a minha perna ta enfaixada, e eu tô com muita raiva de mim por isso. Mas eu não consigo me controlar, talvez fosse mais fácil se eu acabasse com tudo isso de uma vez. Eu só sou um fardo pra todos..

       Começo a chorar novamente, e a cada vez parece pior, meu peito queima e eu não consigo respirar, eu só quero que isso acabe.

       Hannah abre a minha porta correndo e me abraça forte.

       — Eu não aguento mais te ver assim, por favor Amélia, conversa comigo. Eu não sei mais o que fazer, eu vou ter que ligar pra mamã.....

       — Não! - Digo me afastando de seu abraço e secando as lágrimas do meu rosto. — E-eu vou te contar... É só que... É difícil.

       — Difícil por quê? O que aconteceu lá que te deixou tão abalada desse jeito? Amélia, o Steve.. Ele... Ele te...

       — Não, não... -  Hannah solta um suspiro de alívio. — Eu só preciso criar coragem pra te contar.

       — Tudo bem, eu espero. Só não não, porque eu tô no escuro. Eu quero te ajudar, só que para isso, você tem que confiar em mim.

       — Eu sei Hannah, eu sei.. Me desculpa! — Sinto as lágrimas descendo pelo meu rosto.

       — Tu não me deve desculpas de nada, okay? Somos nós duas contra o mundo! — Ela sorri e me abraça de novo.

       — Eu só preciso de mais um dia, pra colocar a cabeça no lugar, tudo bem?

      — Sim, mas pelo amor de Deus, volta pra escola logo antes que o Conselho bata na minha porta achando que tô te mantendo em cárcere de privado. — Hannah fala zombeteiro. Eu concordo e ela sorri. — Eu tenho que ir, te vejo a noite. — Ela me da um beijo na testa e sai.

       Deito novamente e volto a encarar meu teto. O que eu vou fazer?

       Me levanto rapidamente e paro em frente ao meu ropeiro. O encaro por alguns instantes, vejo minhas roupas velhas... Corro na cozinha e pego um saco de lixo, e volto pro meu quarto. Pego todas as roupas que eu trouxe quando me mudei, e coloco tudo dentro do saco. Deixo apenas as roupas que a Hannah me deu. Já chega de me esconder!

      Faço uma limpa no meu quarto, jogo fora tudo o que eu havia trazido da outra casa. Não quero nada que me lembre aquele lugar.

     Passo metade do meu dia fazendo isso. A fome começa a bater e não tem nada pronto. Decido que vou procurar um lugar pra comer, acabo vestindo um top branco, uma calça jeans, jaqueta e meu all star. Me arrumo e saio de casa.