Jantar em Família

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Luccino estava terminando de pôr a mesa para sua mamma, quando uma batida tímida se fez ouvir da porta de entrada. Lá estava ele, seu noivo, bem mais tranquilo do que há dois dias, quando pedira sua mão em casamento. Otávio aparentava ter vindo direto do quartel para a casa dos Pricelli, medo de se atrasar para a própria festa, talvez. Mesmo vindo logo após o término de seu expediente, seu uniforme estava impecável, assim como o próprio Otávio.

O italiano se aproximou e eles ficaram alguns segundos se olhando, parados, em frente à porta. Finalmente, o militar permitiu que sua mão buscasse a de Luccino, seus dedos se entrelaçando e seus olhos ainda fixos um no outro. Eles sabiam que era seguro, que ninguém lhes diria palavras maldosas, mas trocar afeto em público ainda era algo que precisavam se acostumar. Por enquanto, se contentavam com gestos simples, como toques de mãos ou abraços mais longos.

- Acredita que chegou cedo? – Luccino brincou, enquanto levava sua mão à bochecha de Otávio, acariciando-a com um toque suave. – Seus cunhados ainda nem chegaram.

Seus... cunhados. Sim, era exatamente isso que eram. Não os Pricelli, não os irmãos de Luccino. Eram seus cunhados. Parte de sua família.

Otávio apenas assentiu, dando uma leve risada.

- Que cheiro maravilhoso. – O major disse, tentando parecer surpreso.

- Ah! A mamma fez um assado delicioso, ela queria algo especial para a nossa festa. – A resposta veio alegre, envolta no pensamento de que aquele jantar era para eles. Em comemoração ao amor deles.

- Não, não. – Otávio balançou a cabeça de leve. – Está vindo de você. Seu perfume está incrível.

Luccino apenas riu e balançou a cabeça, contemplando o sorriso que se formava no rosto de seu amado.

- Meninos! Venham cá! – Nicoletta exclamou já abrindo os braços e convidando ambos para aquele cumprimento caloroso.

Eles a abraçaram juntos. Otávio se sentiu muito mais confortável para tal gesto, sabia que não precisava se preocupar ou ter medo do que sua sogra pensaria. Aquele sorriso deixava mais do que claro como ela estava contente com felicidade do filho.

- Major, não sei se o Luccino lhe contou, mas Ernesto quer aprontar com Ema e Edmundo. – Nicoletta disse ao cessar o abraço, acariciando os cabelos de seu bambino.

Otávio apenas a olhou confuso, o que fez tanto o mecânico, quanto sua mamma rirem.

- Ernesto disse à Ema que era um jantar de família, como qualquer outro. E pediu que Fani dissesse o mesmo para Edmundo. Ele quer que nós anunciemos o noivado. – Luccino explicou, rindo da ideia do irmão. Mas o militar pareceu bastante animado com aquela notícia.

- Pois eu acho certíssimo! – Ele deixou um largo sorriso escapar por seu bigode, conforme encarava Luccino de forma contemplativa. – Eu quero só ver a cara deles quando souberem o real motivo do jantar. Suponho que sequer imaginam que somos um casal.

- Que bom que o senhor gostou da ideia! – Dona Nicoletta disse sorrindo. Ela parecia estar aliviada. – Luccino ficou preocupado que o senhor... Bem, ficasse com medo de contar.

Na hora, o militar voltou a encarar seu noivo. Agora, tentando fingir espanto em seu semblante.

- Que isso, Luccino? Que despautério é esse? – Ele questionou, brincando. E recebeu como resposta uma risada nada contida, de alguém que se lembrara da última vez que ouviu tais palavras.

- Boa noite, família. – Ernesto anunciou sua chegada e de Ema em um tom animado, tirando seu chapéu conforme fora abraçar sua mamma.

- Major! – Ema disse ao notar aquela presença nada esperada. – Não imaginei que Dona Nicoletta faria outra festa. – Ela estendeu a mão para o militar, que a cumprimentou gentilmente, agindo como se também estivesse surpreso com tal informação.

Pra vida toda, amore mioOnde histórias criam vida. Descubra agora