Dormi bene, amore mio (18)

230 16 98
                                    

Luccino fechou a porta após eles entrarem no quarto, mas, dessa vez, o major não fez qualquer objeção. O mecânico quis rir daquele fato e, principalmente, de como Otávio ainda parecia um pouco nervoso com tal situação. Mas ao ver Otávio se dirigir para a cama ao lado da sua, ele disse, quase que por um impulso não controlado:

- Espere. – O militar largou a coberta que estava levantando e se virou com uma expressão confusa. – Durma comigo. Tem espaço para nós dois. – Luccino lhe deu um sorriso convidativo e ousado, como sempre fazia quando precisava tomar a iniciativa por conta do excesso de decoro de seu major.

- Ah, claro... – Ele respondeu com sorriso surpreso. A verdade era que Otávio sequer pensou naquela possibilidade.

O mecânico assentiu e puxou a coberta que cobria sua própria cama. Então, foi para o armário do quarto, no qual guardou o paletó branco que estava usando. Luccino fez o melhor que pôde com as roupas que tinha. No fim, acabou se vestindo como no jantar que tivera com Otávio: blusa e calças que utilizava no dia a dia e o já conhecido paletó para dar um ar de importância à ocasião. Ele estava de costas e continuou se despindo, sem perceber o olhar encantado que o major lançava sobre seu corpo. Aquela visão ficava ainda melhor sem uma cortina cobrindo-lhe. E Otávio foi incapaz de conter o sorriso que crescia no canto de seu lábio quando o italiano finalmente teve suas costas expostas. Mas ao perceber que Luccino iria tirar as calças que vestia, o militar se virou para o lado, quase num estalo de consciência. Ele se sentou na cama que pensou que dormiria e começou a tirar suas botas pretas, deixando-as ao seu lado. Então, foi a vez de seu uniforme, mas ele pareceu ter certa dificuldade com os botões dourados.

- Precisa de ajuda, major? – Luccino brincou, lembrando-se da vez que ajudou Otávio com o colarinho de seu uniforme.

- Não... é que... – Otávio tentou elaborar uma resposta sem olhá-lo, mas seu nervosismo apenas se tornou mais visível, conforme suas mãos tentavam correr pelos botões.

- Tudo bem, eu ajudo. – O italiano disse calmamente ao se aproximar, ficando de frente para o major e começando a desabotoar o uniforme azul. Em seguida, ele puxou a camisa branca e desfez os botões ainda mais vagarosamente. Otávio levantou o rosto e encontrou um Luccino de peitoral exposto, vestindo apenas uma calça simples que usava para dormir. – Pronto, aí está.

- Obrigado... – Otávio sussurrou, sem tirar os olhos do rosto de Luccino. E o italiano riu da expressão levemente boquiaberta que permaneceu no semblante de seu noivo, até que percebesse que ele mesmo estava com o peitoral exposto.

O major abaixou o rosto rapidamente e levantou as mãos que apertavam o colchão. Ele tirou a peça tirou a peça, colocando-a com cuidado sobre a cama, parte dele não querendo amassar o uniforme e parte temendo que qualquer movimento brusco pudesse quebrar a atmosfera daquele momento. E fez o mesmo com a camisa após desvencilhar-se do suspensório preto. Então, voltou-se para a calça vermelha, retirando-a com ainda mais cuidado, completamente ciente da proximidade de Luccino. Enquanto o uniforme do militar repousava na cama, ele se olhou com cuidado, a regata branca e a calça preta que cobria-lhe até o joelho não pareciam muito favoráveis e, diferente da noite do baile de máscaras, haviam luzes demais.

- Acho que estamos lembrando do mesmo dia, ou melhor, noite. – O italiano disse com suavidade, enquanto levava uma mão para acariciar os cabelos do seu major.

- A única diferença é que você ficou aí parado. – Otávio tentou dizer algo engraçado, mas sabia que seus olhos o denunciariam e, por isso, levantou o rosto.

Luccino sorriu com doçura diante daquele pedido silencioso. Otávio queria que ele lesse suas entrelinhas. E foi exatamente o que o mecânico fez, curvando suas costas lentamente. A resposta foi justamente a que esperava: o major fechou os olhos, esperando ser beijado.

Pra vida toda, amore mioOnde histórias criam vida. Descubra agora