Anos atrás
Eu olhava nervosa para os meus pés, que já estavam usando as minhas sapatilhas da sorte. Minha tia disse que eu não precisava delas, mas eu sentia que elas me davam sorte de alguma forma.
De todas as aulas que eu tinha no colégio, sem duvida alguma, a dança era a que eu mais gostava. Eu tinha uma paixão e, mesmo com oito anos, eu sabia o que queria ser quando eu crescer. A minha mãe, que já foi morar no céu, também era bailarina, e eu sempre ouço histórias dela e cada vez mais eu me apaixono pelo balé.
Eu sabia que os meus tios estavam sentados nas primeiras cadeiras, e eles nunca deixavam de acompanhar nenhuma apresentação minha. Eles eram os meus pais do coração, já sempre cuidaram de mim e me dão todo o amor e carinho. Minha tia, que é irmã da minha mãe, sempre me levava a todas as competições de dança e ela sabe o quanto eu amo.
— Anne, quando escutar o sinal, você pode entrar, ok? – a minha professora falou, sorrindo para mim.
Eu respirei fundo e me concentrei em não parecer tão tímida no palco. Apesar de que, todas as vezes que eu estava no palco, tudo parecia tão diferente pra mim, que eu me imaginava grande e esquecia-se de tudo.
Fiquei esperando os três sinais que já eram conhecidos para mim, e sabia que depois dali era a minha vez de entrar. Parei na minha marca, fechei os olhos, e o meu primeiro pensamento foi na minha mãe, como todas as vezes que eu dançava. Era nela que eu me via quando estava dançando. Eu não me lembrava dela fisicamente, apenas em fotos, já que eu era apenas um bebê quando ela se foi, mas era o suficiente para me imaginar nela. Minha tia sempre diz que os meus olhos parecem com os dela. Que eu sou a mistura dos meus pais, mas eu já não sei sobre o meu ele, já que eu não o conheço, nem mesmo por foto.
Levantei os braços e rodopiei por todo o palco. Era a minha alegria estar ali, junto com as minhas amigas e fazendo o que eu amo. Olhei rapidamente para os meus tios, que sorriam e não paravam de tirar fotos de todos os momentos. Minha tia mandava beijos para mim, e eu acenei rapidamente. Ao final da apresentação, agradecemos e corri para trás das cortinas, morrendo de felicidade. Toda apresentação era única e me sentia tão feliz, que corri para abraçar as minhas amigas, que também estavam felizes.
Olhei para trás, e os meus tios já estavam me esperando com aqueles sorrisos que me faziam me sentir abençoada por tê-los comigo. Corri até eles, que me abraçaram, deixando beijos por toda a minha bochecha e fazendo cócegas em mim.
— Minha pequena borboleta, você estava linda! Estou tão orgulhosa de você, meu amor! – ela chorava emocionada.
— Obrigada, titia! – sorri. — Vocês gostaram? – perguntou ansiosa.
— Nós amamos, meu amor. – meu tio disse, me abraçando apertado. — Você estava perfeita!
Sorri ao ouvir que eles tinham gostado de tudo. Olhei para as minhas coleguinhas e as suas mães que estavam com elas. Mesmo com a minha tia explicando sobre a morte da minha mãe, eu ainda sentia falta dela, e a queria muito aqui ao meu lado. Minha tia sempre me fala que ela está olhando para mim, mas eu queria tanto poder abraçá-la de alguma forma e dizer que eu sinto falta dela.
— Vamos, querida?
— Sim, titia. – sorri.
*
Assim que eu abri a porta, senti o cheiro de bolo. Corri até a mesa da copa e tinha um pequeno bolo de chocolate, com pequenos morangos por cima. Era o meu sabor favorito! Por cima dele, ainda tinha uma bailarina desenhada.
— Esse bolo é pra você, querida. A nossa bailarina e maior orgulho.
Fui correndo lavar as mãos, enquanto a minha tia cortava um pedaço de bolo para mim. Era, com certeza, o melhor bolo do mundo inteiro. A minha tia tinha era a melhor cozinheira que eu conhecia. Fazia tanta coisa gostosa, que o meu tio reclamava que sairia rolando de tanto comer.
Depois de tomar banho, fui para o meu quarto. Todos os dias, antes de me deitar, eu olhava a foto da minha mãe, que ficava na mesinha ao lado da minha cama.
— Obrigada por estar comigo, mamãe, mesmo em meus pensamentos. Eu queria que você estivesse aqui, mas você foi morar com o papai do céu, como a tia Rachel me falou. Um dia, você pede para o papai do céu deixar você vir me visitar? Eu sinto muito a sua falta, mamãe. Muito mesmo! Meu coração fica apertadinho. – suspirei. — Eu preciso dormir, senão a tia Rachel vai ficar brava comigo. Ah, me abençoe dai de cima, mamãe, por favorzinho. E, mais uma vez, eu serei uma grande bailarina, assim como você! Eu te amo, mamãezinha! Até o céu e mais o infinito! – beijei a foto dela, que sorria.
Eu sentia muita falta dela, mas quase nunca falava com a tia Rachel sobre isso. Eu a vejo chorando as vezes, por isso que eu não quero que ela fique assim mais vezes. Eu sei que ela também sente saudade da minha mãe, mas, ela sempre diz que basta olhar para mim que ela sorri, porque eu sou o melhor presente que ela deixou.
— Vamos dormir, mocinha? Já está na hora!
— Já estou indo, titia. – corri para a minha cama, puxei a coberta e me deitei.
Tia Rachel se sentou ao meu lado e ficou fazendo carinho em meus cabelos, do jeito que ela sabia que eu gostava.
— Um dia, minha princesa, você vai ser uma grande bailarina e vai conhecer o seu príncipe encantado. Ele vai te amar muito e sempre vai estar ao seu lado. – acariciou a minha bochecha.
— Igual o titio, que te ama muito e te apoia, titia?
— Igualzinho, meu amor. O seu titio me faz muito feliz, e nós somos muito felizes e abençoados por termos você em nossa vida.
— E eu sou muito mais feliz em ter os melhores titios do mundo! – bocejei.
— Hoje o dia foi muito cheio, então é hora da mocinha aqui dormir.
— Eu estou tão cansadinha.
— Então, boa noite, minha borboleta. – beijou meus cabelos me abençoou.
— Boa noite, titia!
Minha tia desligou a luz, deixando apenas a do abajur, que tinha desenhos de bailarina. Fechei os meus olhos e sonhei mais uma vez com a minha mãe. Ela sempre iria me proteger.
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Dança comigo? - Livro I (Apenas capítulos de degustação)
Romance(Primeiro livro da série comigo) Anne, uma garota que sonha em se tornar uma grande bailarina. Após passar em uma das melhores escolas de dança de Nova York, ela muda-se para seguir o seu sonho. Christopher é um homem arrogante, dono de si e de tod...