Capítulo VII - O conhecimento oculto

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Em meio aos sons de sinos que tocavam em uma catedral entre as montanhas de uma região remota na Europa, a harmonia dos cânticos sagrados dos monges que ecoavam pelas paredes daquele lugar, gritos delicados não ameaçavam a harmonia, mas chamavam a atenção dos frades e seminaristas que lá viviam reclusos.

"Mestre Aristides!"

Gritou a menina de cabelos loiros encaracolados e pele branca levemente suja de terra como seu vestido azul que trazia alguns fragmentos de mato e sujeira, seu rosto era bonito mesmo ela estando tão desarrumada correndo como um moleque entre as várias flores que formavam um espetáculo de cores belas como as janelas da catedral com suas figuras bíblicas.

"Olá Beatriz? Que euforia é essa?" O homem usando a mesma roupa marrom dos frades que andavam por aquele pátio e a catedral com suas humildes sandálias e suas faces escondidas sob os mantos.

"Mestre chegou uma carta para o senhor. Vim o mais rápido que pude. Papai só ia vir até aqui, amanhã, então decidi trazer para o senhor". A criança sorridente chamada Beatriz esticava as mãos segurando um envelope branco levemente sujo com um selo vermelho com o símbolo de uma espada junto a uma cruz. Desculpe se a sujei, mas atravessar a floresta sem sujá-la é difícil.

"Não precisava se arriscar tanto por causa de uma cart. Deve estar cansada. Venha, vamos comer aquele bolo delicioso do padre Anthony". O frade disse enquanto retirava o manto que encobria sua face revelando um rapaz jovem com cabelos negros levemente cacheados, volumosos e penteados pára trás, sua testa era grande como se tivesse perdido cabelos, uma barba fina de um jovem que nunca havia aparado suas extremidades.

"Mas está escrito "Urgente", e é raro o senhor receber cartas, então eu não pensei duas vezes, além do mais eu conheço as florestas que cercam esse lugar como a minha própria mão!". A criança falava sorrindo mostrando suas mãos pequenas.

Tenho certeza que sim. Disse Aristides com seu sorriso gracioso levantando algumas marcas de expressão no canto de seus olhos castanhos e brilhantes com a luz do sol que derramava seu calor sobre aquele lugar.

Os dois caminhavam juntos até uma casa de pedra e madeira que tinha uma chaminé que liberava a fumaça negra entre as poucas nuvens brancas daquele céu, Aristides examinava a carta esteticamente, o selo era a marca de um grande amigo do passado. A criança caminhava dando pequenos pulos espantando borboletas que repousavam nas flores que lá estavam em abundancia.

"Mestre Aristides!" Exclamou a pequena Beatriz quebrando a reflexão do frade que olhava para a carta introspectivamente.

"Sim, o que foi?"

"Dizem que o senhor é o homem mais inteligente daqui, que o senhor sabe tudo".

"Ora quem disse tal coisa bondosa e até exagerada sobre minha pessoa?"

"Todos comentam! Por isso eu acho que o senhor devia dar aulas para o vilarejo. Tenho certeza que todos iriam gostar mais do senhor do que do padre Lucas. Ele é muito mal-humorado e sem paciência com a gente, e eu queria muito ficar inteligente, mas as aulas dele são estranhas...". A criança dizia enquanto puxava o tecido do braço de Aristides.

"Beatriz, não é fácil ser professo. Procure entender o padre Lucas, ele faz com todo o coração, mas é uma tarefa muito difícil. Eu não posso largar meus estudos pessoais para ser o professor do vilarejo, eu tenho uma missão aqui".

"Por isso que todos dizem que o senhor é inteligente. Vive na biblioteca estudando os textos antigos de linguagem que ninguém mais sabe ler".

Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now