Capítulo XVI - O Assassino de Amirom (Primeira Parte)

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E assim está escrito segundo as palavras dos antigos da gênese humana, palavras estas que sobreviveram ao tempo inicialmente passada de pai para filho até que se fez escrita para chegar até nós. Agora lhes entrego a primeira parte das traduções dos pergaminhos, cerca de um quinto dos textos, embora acredite fielmente que não estamos em poder de todo o conteúdo e que mais coisas estão perdidas.

Insisto que uma nova expedição procure por mais desses textos antes que eles caiam em mãos erradas, ameaçando assim, toda a estrutura de nossa cultura de fé. É preciso investigar e avaliar tudo o que possa ser benéfico ou perigoso acerca desses textos, Contudo, agora temos uma ideia de como os ditos Nefilins sobreviveram ao dilúvio perpetuando o caos até nossa era. (Fragmento da carta de Aristides em 01/08/84 destinada ao Vaticano)

Eis que na luz de um alvorecer, o anjo Rafael em sua persona humana ouviu do Senhor na forma de uma flor, cujas pétalas flamejantes dançavam embaladas pela melodia do vento vindo do norte.

"Servo fiel, fizestes bem tudo aquilo que vos ordenei. Agora retorne, mas deixe entre os homens sua dádiva, pois não limparei por completo a terra dos bastardos, cujos pais caídos, agora lamentosos em um mar de fogo, clamam por perdão, perdão esse que concederei aos filhos destes".

"Pai eterno cuja razão de minha existência encontra seu sentido. Darei ao homem de coração eremita, cujo caminho agora será o de encontrar os sobreviventes dando-lhes o perdão por meio de meu poder cativado pela sua luz, que suas almas se tornem uma, pois a cura de sua maldição estará na luz esverdeada de uma esmeralda esculpida em meu ventre".

O anjo Rafael voou alto suficiente para que os homens que caminhavam sobre a terra não o distinguissem de um pássaro, Se deixou levar pela corrente de vento, eis que esse governado pela providencia divina levou até Amirom, o eremita das planícies. Este, por sua vez atento a tudo o que o cercava, notou o pássaro solitário que voava em direção contraria aos demais, Rafael percebeu a astúcia e se comoveu descendo até ele pelas colunas de luz do sol.

"Homem de coração erudito, por que caminhas só? Foges de algum algoz ou não tem riqueza nesse mundo?"

"Um anjo desce do céu para perguntar sobre minha solidão? Saibas que fiz desse modo de vida minha escolha. Não tenho algoz se não as feras selvagens quando não saciadas, não tenho as riquezas se não o presente que é o mundo sob meus pés. Além dele nada me é necessário".

"Sabe com quem falas andarilho?"

"Parece-me com um anjo. Mas não poderia eu confiar apenas na sua beleza, pois um mal que espreita os corações dos homens sabe se disfarçar de belas formas".

"Quem vos fala é Rafael um dos sete. Estou a lhe incumbir uma missão por ordem do meu Senhor que és o Rei Supremo desse seu mundo".

"Se aquele que por gênese é o Meu Senhor assim quer, eu farei de minha jornada sua vontade".

"Testemunhaste o poder dele pelo dilúvio, a ira que limpou a terra de vários male. Contudo, em verdade vos digo que a bondade do Rei concede aos bastardos da criação um perdão, Em sua jornada encontrarás os filhos proibidos de anjos agora caídos. Sua natureza não é de um mundo senão este. Portanto, suas almas deverão ser limpas e completamente humanizadas, seu julgamento será o perdão diretamente enviado por Deus Pai".

"Creio que uma tarefa de suma importância está além de meus juízos e me sinto indigno de tanta honra".

Eis que de seu ventre banhando em uma luz esverdeada, o anjo Rafael tirou uma pedra e entregou a Amirom.

Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now