Capítulo XIV - Uma paixão em meio à guerra

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Os raios de sol não eram suficientes para aquecer aquela manhã, mas muitas pessoas foram à praia. Algumas para dar um passeio ou se exercitar com uma caminha pelos calçadões com seus banquinhos, onde alguns aposentados jogavam xadrez ou simplesmente discutiam as notícias do jornal que acabaram de comprar. Algumas lanchonetes disponibilizavam mesas ao ar livre quando o tempo ficava agradável e hoje era um desses dias em que se podia tomar café nas mesinhas de madeira espalhadas pelo calçadão separado do mar pela areia da praia.

Sentada em uma dessas mesas, Dalila observava a praia com as "pessoas normais" que tentavam aproveitar aquela manhã fria, mas agradável. Em sua mesa uma xícara com café e um cesto com alguns bolinhos decorados eram convidativos, mas permaneciam ali intocados por ela que mantinha o olhar concentrado no horizonte.

"Queria que todos os meus dias começassem decorados com sua beleza". A voz de Simon quebra a concentração de Dalila.

"Simon!" Ela disse ao deixar brotar um sorriso na face triste, ficando um pouco sem graça em seguida, voltando-se para a xícara de café e escondendo o olhar.

"Que bom que você veio, posso me sentar?" Simon disse sorrindo segurando o chapéu contra o peito.

"Claro, mas... É perigoso para você ser visto comigo". Falou Dalila com um tom triste.

"Já falamos sobre isso, estamos enfrentando muita coisa. Se você decidiu me dar uma chance, eu enfrento os perigos sem medo". Foram as palavras de Simon ao se sentar.

"Tenho medo. Acho que você deveria fazer aquilo que veio fazer". Dalila olhou mais uma vez para a praia ainda entristecida.

"Estou fazendo o que meu coração diz. Ele nunca me decepcionou criança. Não resolveu me dar uma chance? Então! Tenha mais esperança em mim, em nós!" Simon falou colocando sua mão pesada sobre a delicada face de Dalila.

"Eu não sei o que dizer, Eu gosto de você e por isso mesmo quero que se vá senão vai me matar". Uma lagrima desceu pela face de Dalila até a mão de Simon. Eles vão me fazer matar você... Ela murmurou.

"Não! Isso não vai acontecer, eu vim aqui acabar com o culto e é isso que vou fazer, só que de uma outra maneira, de uma maneira que não estou habituado, mas que dessa vez é necessário". Simon falava ao enxugar a face de Dalila.

"Como? O único jeito de me salvar é acabando comigo ou com minha irmã e isso eu não posso admitir. Prefiro que você me mate e a deixe viver, eu a amo! Depois que perdemos nossa mãe ela é tudo o que restou da minha família. Antes eu tinha meu tio, mas depois que você revelou que foi ele quem arquitetou a morte de meus pais, eu não consigo olhar nos olhos dele". Dalila levou as duas mãos à face para reter mais lagrimas.

"Esse monstro vai ter o que merece. Prometi que não faria mal a sua irmã e vou cumprir, porque há outra maneira de salvar vocês duas". Simon baixou as mãos de Dalila para que ela olhasse em sua face e pudesse ver seu sorriso esperançoso.

"Como?" Ela perguntou.

"Lembra-se que me contou da oração que sua mãe fazia para você quando estava doente?"

"Para o anjo Rafael? Sim, me lembro. Mas o que isso tem a ver com a situação?"

"Então, Rafael etimologicamente significa algo como "Deus cura". Quando estava pensando em um modo para te ajudar eu me lembrei disso".

Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now