Capítulo Vinte e Sete

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Kaleo
A tensão abandonou meu corpo assim que vi sua figura solitária na água.
Como foram difíceis esses dias, parecia que eu tinha um enorme buraco em meu peito, onde o coração deveria pulsar. Aquele baque oco e doloroso não era normal.
Ela era meu sopro de fôlego, importante demais para esquecer.
Saí da água sem saber qual teria sido sua decisão, será que eu ainda tinha alguma chance? Todo esse tempo outra dúvida martelava em minha mente, será que aquele Carrick se aproveitaria de meu afastamento? Só de pensar nisso meu sangue fervia.
Eu era muito tranquilo e seguro de mim, a não ser que algo externo tentasse me atingir por meio daqueles que amava, aí o bicho pegava.
Tomei a em meus braços e beijei a como nunca havia feito, com tudo o que eu era, com tudo o que tinha, oferecendo humildemente meu amor à esta garota, que tinha o poder de destruir meu coração se ela assim desejasse.
Amava a demais para desistir agora.
-Me desculpe querida.- falei segurando seu rosto delicado, coberto de lágrimas.
-Não, Kal- ela disse e meu coração parou uma batida- Eu sou quem deve se desculpar, fui egoísta. Estou pronta para ouvir sua história com calma. Sinto ter demorado tanto.
-Meu amor, temos todo o tempo do mundo...
Levei a para casa e nos secamos, dei a ela uma de minhas bermudas de cordão e um moletom que ficou gigante em sua figura esguia.
Sentamos na sala e puxei a para meu colo no sofá, incapaz de suportar qualquer distancia entre nós. Então comecei a contar minha história...
-Eu nasci há muito tempo atrás, em um mundo diferente do que ele é hoje,com pessoas diferentes...
Contei tudo a ela, desde meu nascimento, minha infância, meus deveres, até o dia em que a vi na praia, e além, quando soube o quanto ela seria importante para mim. Ela ouviu atentamente, de vez em quando fazendo perguntas, enquanto o relógio tiquitaqueava preguiçosamente.
Ela perguntou sobre minha família, e ficou empolgada quando eu disse que estavam ansiosos para vê la.
Eu disse a ela que mostraria tudo para ela, se quisesse, e quando ela estivesse bem com isso a levaria para casa comigo, para que ela visse a todos.
Perguntei a ela como estava se sentindo, e se ela achava que poderia lidar com isso, com meu segredo.
-Não vou mentir, é difícil de assimilar, Kal. Mas acho que posso lidar com isso, se você tiver paciência comigo.
Eu ri, e corri meu dedo indicador por seu pescoço.
-Para você mademoiselle, todo o tempo do mundo.
-Você parece tão normal...-ela acariciou minha face, maravilhada. E eu absorvi ansioso seu contato. Seu toque suave era como receber um bálsamo em uma pele lesionada. Frescor e alívio.
Eu não parava de sorrir, extasiado.
-Claro que sou normal. Sou uma pessoa como você, ou quase isso.
Ela sorriu.
-E sobre seus dons?- perguntou me.
Olhei a, divertido.
-Você não vai querer saber todos os meus segredos assim tão fácil não é?
Eu estava mais do que pronto para surpreende la...

O Filho do Mar🌊🐠A Child Of Sea Book One🐙{Concluído}🌊Onde histórias criam vida. Descubra agora