Capítulo Vinte e Oito

1.1K 113 1
                                    

☆Angelina☆
Conversamos durante muito tempo, até o sol se por e eu ter que ir embora para casa. Ele me levou e me deixou em segurança na soleira da porta, depois eu fiquei no quarto, observando de minha janela enquanto ele desaparecia sob as ondas. Que coisa mais surreal, uma pequena parte de mim se perguntava como isso era possível, e a outra, a maior parte, que o amava gritava um grande "NÃO ESTOU NEM AÍ!"
Nem preciso dizer à qual delas dei ouvidos. Eu queria vê lo mudar novamente, meu cérebro buscava a lembrança vaga que tive, de suas feições ficarem nitidamente mais afiadas, as maçãs do rosto mais pronunciadas, os olhos inumanamente brilhantes, parecendo quase neon em contraste com seus cabelos vermelhos, a cauda verde iridescente, com escamas que pareciam afiadas, ele se tornava magnífico, irresistível, e era meu. Todo meu.
Não era difícil imaginá-lo segurando um tridente antigo, perigosamente sedutor, um ser de mitos... histórias encantadas, e outras de finais não tão felizes.
Eu não me importava.
Queria absorver tudo dele, se ele fosse água, eu estava ávida para pegar até a última gota, e a possessividade que sentia sobre ele não era normal. Ele havia me explicado um pouco sobre o vínculo que sua espécie era capaz de forjar, mesmo com humanos, apesar de não ser muito frequente, mas eu achava que ele omitia alguns fatos por não querer me assustar.
Como se alguma coisa pudesse me manter longe dele.
Assim os dias se passaram, depois uma semana, estávamos juntos o tempo todo,a não ser quando eu ia pra aula, adorava ouvir as coisas que me contava, e minha mente viajava em suas palavras, imaginando o quanto do mundo e do tempo ele já tinha visto.
Hoje  mais cedo, pedira a ele para me mostrar sua forma novamente.
- Mais tarde,- dissera- quando a praia estiver mais vazia.
-Ok, vou cobrar.
Seus lábios repuxaram em um sorriso, presunçoso e ele piscou para mim, concordando.
Assistimos um filme juntos em minha casa, meu pai era meio desconfiado, mas Kaleo não me beijava na frente deles, então acho que papai o admirava por seu respeito. Eles até conversavam amigavelmente, minha mãe era mais tranquila e aberta, porém era muito direta sobre me orientar para possíveis situações futuras, sem que isso parecesse vergonhoso e invasivo.
Eu amava os rumos que minha vida tomava, parecia que as coisas iriam muito bem. O que me preocupava era se o pai de Kaleo o chamaria para voltar a viver no mar, o que raios eu faria se ele o fizesse?
Kaleo me contara que seu pai mandar chama lo fora a causa de seu sumiço da última vez, e eu ficava apreensiva.
Ele também me dissera que havia formas de me tornar como ele se eu quisesse, seu povo era muito avançado cientificamente e também inesperadamente eles eram meio religiosos. Nada como uma seita, apenas respeitavam a lei da natureza e acreditavam na existência de um ser superior, o que achei muito legal.
Eu tinha curiosidade em saber como seria, acompanhá-lo na água, não me preocupar com oxigênio, apenas ser livre, curtir o momento. Estava muito otimista em relação ao futuro e isso bastava....

O Filho do Mar🌊🐠A Child Of Sea Book One🐙{Concluído}🌊Onde histórias criam vida. Descubra agora