Como encarar de frente uma doença silenciosa e destrutiva? Como se defender de sentimentos que te apavoram, te levam a um lugar escuro, te escondendo do mundo ao seu redor?
Capitu...Nossa querida Capitu, abandonada em um momento difícil e infeliz...
Voltei meus amores, com capítulo delícia, recheado de emoções! Agora vamos ao que interessa...
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A loucura está em nós? Ou no mundo que nos cerca?
Você pode tentar, dizer a si mesmo que tentou e até se convencer e convencer o mundo a sua volta disso. Mas será que foi o suficiente? Será que não vale a pena tentar mais uma vez ao invés de desistir? Vale, claro que vale. Estamos falando de sua vida, de tudo o que construiu, do mundo em que criou para si, de tudo o que fez até aqui. Se parece a você nesse momento que o mundo perdeu a cor, o sentindo, os caminhos, refaça tudo. Atravesse todas as barreiras, faça como Moisés e abra o mar de sangue a sua frente, e no fim, no fim você descobrirá que só precisava levantar e andar...
De repente, Capitu parecia sentir tudo ao seu redor e uma estranheza sem tamanho a invadindo. Tentou se mexer - antes mesmo de abrir os olhos - sentindo o colchão duro as suas costas, a falta de força em seus músculos, olhos pesados, a boca seca e principalmente, o cheiro. Ah, aquele cheiro lhe trazia tantas lembranças, lembranças dolorosas para si. Foi só aí, que ouviu passos, resmungos que não pareciam nada agradáveis aos seus ouvidos. Se esforçou para abrir os olhos, se movimentar e sentiu dor invadir seu corpo.
Um pequeno suspiro foi o que soltou e bastou isso, para conseguir o impulso final de abrir suas pálpebras. A luz lhe incomodou em um primeiro momento, a claridade a fazendo piscar varias e varias vezes, inundando seus olhos de lágrimas. Mas nada lhe incomodou mais que o desconforto que lhe assaltou. Gemeu ao tentar falar, sua voz não parecia sair, parecia engasgada. Focou a atenção no teto de gesso branco, tentando inutilmente se situar enquanto ouvia um bip que não lhe era estranho. Olhou em volta... ela estava em um hospital? O que... foi aí que lembranças lhe assaltaram, lembranças de dor, horror e abandono.
Lucas...
A dor...
Os cortes...
Os sentimentos...
Deus do céu, ela queria morrer, por que não conseguiu? Ela não aguentava mais aquela dor, aquela confusão dentro de si, não conseguia entender. Seus olhos agora não mais lacrimejavam pela luz, mas sim por tudo que havia feito, do que haviam feito dela. Tentou levar a mão ao rosto, se mover e só então, um movimento lhe chamou atenção. Olhou com certo pavor para o canto do quarto e viu alguém vestido de branco ao fundo, sentado em um sofá. O homem lhe fitava com atenção e surpresa e a essa altura, as lágrimas já lhe embaraçavam as vistas e não conseguia ver nada com precisão, não queria na verdade.
Só queria chorar, sumir, sair correndo dali para um lugar que ninguém seria capaz de salvá-la. Tentou se levantar, sentindo os movimentos desordenados, estranhos, os músculos doloridos, a boca adormecida parcialmente e a garganta lhe doendo demasiadamente.
