Prólogo

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Esse foi um conto que acabou virando um romance como já sabem, por isso, achei justo inserir um prólogo para assim, termos maior dimensão dos conflitos e anseios de nossa heroína! Espero que gostem... não esqueça de deixar seu voto e comentários, eles fazem a diferença!☺️☺️

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                                 Em revisão:

Abandono... para alguns pode não fazer um estrago tão monumental, mas para outros pode de fato criar uma espécie de buraco negro no coração do indivíduo, o levando a uma vida de inseguranças, medos e aflições...

— Mamãe! — A menina franzina chamou a atenção da mulher de pele clara e olhos tão verdes quanto os seus, enquanto a matriarca fingiu não ouvir, ao tempo que, pegava algumas peças no guarda roupa e enfiava na mala. — Mamãe, onde vamos?

Não, a menina não sabia, mas não iria a lugar algum, não naquele dia ou em outro próximo. Darla continuou o que estava fazendo, ignorando a garotinha de olhos grandes que a assistia ainda próximo a porta do quarto do casal, segurando um urso preto e velho em suas mãos.

Capitu se aproximou da cama, vendo a mãe colocar roupas dentro de uma mala vermelha apressadamente, sem mal notar a criança de sete anos ao seu lado, especulando a cena.

— Não mexa em nada, garota! — Ralhou, ao ver a menina alisar uma peça de cetim dentro da mala.

— É pra eu arrumar minhas coisas, mamãe? Vamos viajar? — A voz infantil se fez ouvir mais uma vez, porém, com certa exitação.

— Não, Capitu, não é pra arrumar nada!

— Mas a senhora...

Darla perdeu a paciência com a filha, segurando o pequeno braço de Capitu e aproximando o rosto da criança, evidenciando o hematoma grande no olho esquerdo, fazendo a menina notar o machucado e arregalar ainda mais os olhos no rosto magro.

— Para de falar, só para, tá legal. — Disse com a voz alterada e sentiu os dedos leves da filha percorrer a face direita, que permanecia intacta.

— Ele fez de novo, mamãe? — A voz doce, chorosa pelo que a mãe vinha sofrendo, chegou aos ouvidos de Darla, mas não a comoveu.

— Vá brincar, Capitu. — Disse ríspida, largando o braço da menina.

Capitu não entendia bem, mas sabia o que seu pai fazia com sua mãe quando achava que ela estava dormindo, chegou a presenciar algumas vezes tal ato abominável, que a fazia se encolher em um canto e chorar, por tal atrocidade. Ela amava aquela mulher, mesmo sendo uma mãe omissa para ela, sem carinho ou amor pela pequena criatura de olhos esmeralda.

De alguma forma deturpada, Darla culpava a filha por estar naquela situação, presa aquele casamento, afinal, foi por conta da gravidez que se casara com Adriano, pai de Capitu. Uma pena, a menina nada mais era do que apenas uma vítima em toda aquela situação, de toda aquela violência e descaso humano.

Obedeceu então, a menina, saindo do quarto e ligando a Tv, se sentando no sofá da sala, vestindo apenas um baby-doll dos bananas de pijamas, desenho ao qual amava. Viu a mãe sair do quarto pouco tempo depois com pressa em seu andar, enquanto a menina, ainda permanecia apreensiva assistindo pica-pau.

Darla não esperava que Capitu acordasse cedo naquele dia, esperava sair sem ser vista por ninguém. Para sua infelicidade isso não aconteceu e agora se encontrava em certo apuro. Se aproximou da menina, se agachando em sua frente e segurando o rosto da criança para que prestasse atenção em si.

— Preste atenção no que direi, Capitu. — Disse, vendo os olhos da menina se encher de lágrimas, de alguma forma já prevendo o que viria. Algo estava muito errado naquela manhã. — Eu estou saindo e quando seu pai chegar e perguntar por mim, diga que não sabe, que quando acordou eu já tinha ido.

— Mas... a senhora não vai me levar? — Darla negou, sem sentir nenhum remorso em seu duro coração. — Mamãe, quem vai cuidar de mim?

— Preste Atenção garota e não faz drama, já é grande o suficiente para entender. Quando Adriano perguntar por mim, você dirá que quando acordou eu já não estava em casa e que não sabe pra onde fui.

— Vai me deixar aqui com ele? — A essa altura as lágrimas já começavam a descer com abundância pelo rosto infantil. — Não me deixa aqui, mamãe, por favor, não me deixa aqui com ele. Eu prometo me comportar, mamãe, por favor me leva. — As súplicas nada fizeram.

Darla se levantou sem se despedir, sem um beijo ou uma palavra de afeto para com a filha. Sem doar nada para aquele pequeno ser, que ela mesma havia gerado e por duas vezes, tentado abortar durante os longos meses de gestação. A menina assistiu com horror, a mãe pegar a mala e ir em direção a porta. O desespero a tomou quando se levantando do sofá, jogou o urso ao chão e se jogou aos pés de sua mãe, abraçando suas pernas, a impedindo de ir adiante.

— Por favor, mamãe, por favor me leva. Eu não quero ficar com ele, por favor, mamãe. Ele não gosta de mim, me leva, mamãe, me leva! — Disse entre soluços desesperados, de dar pena em qualquer ser com um pingo de amor possível no coração.

Darla soltou a bolsa e se agachou arrancando a garota grudada em suas pernas com brutalidade e a deixando sentada no chão.

— Me solta, Capitu! Droga. Você foi a pior coisa que me aconteceu, a culpa disso tudo é sua, só sua, garota! Não a quero comigo, não quero nada que me lembre essa vida.

Dizendo isso, a mulher saiu pela porta com rapidez, enquanto ouvia gritos desesperados a chamar, e mãos pequenas a bater na porta, tentando inutilmente que a porta voltasse a se abrir. O choro infantil ecoou por todos os lugares e Darla não parou, apenas seguiu seu caminho sem olhar para trás.

Incrivelmente se sentia feliz por enfim, se livrar de pai e filha...

 Incrivelmente se sentia feliz por enfim, se livrar de pai e filha

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Aí está... a vida de nossa Capitu não foi fácil... e isso apenas piorou com o tempo...

Espero que tenham gostado... beijinhos de luz à todos!

Capitu - Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora