Play with yours dolls
We'll be a perfect family
When you walk away is when we really playMelanie Martinez
Sokolova, alguns anos atrás.
RESIDÊNCIA ALIANOVNA
Ouvi minha mãe me chamar pela milésima vez para o jantar e outra vez grito de dentro do quarto avisando que já estava indo e que não iria demorar muito, ouço ela me repreender pelo meu grito e em seguida escuto o som dos seus saltos batendo contra a mármore do chão indicando que ela havia se afastado e com certeza estaria voltando para a sala de jantar onde meu pai nos aguardava. Dez minutos depois, levantei-me da cama apressadamente passando às mãos no meu vestido para ajeita-lo em meu corpo, me virei para o espelho e ajeitei meu cabelo que estava um pouco bagunçado por estar deitada. Desliguei a tv do meu quarto e mandei duas mensagens para minha melhor amiga dizendo que logo eu a encontraria para irmos ao shopping esta noite.
Sai do meu quarto e fui em direção à sala, onde meus pais já estava organizando para o jantar.
- Boa noite, me desculpem o atraso. - disse após sentar.
Eles não responderam, estavam tensos demais esta noite. Não questionei. O que minha mãe me ensinou era que, se meu pai estava tenso ou aparentemente irritado não pergunte nada e apenas haja como se nada estivesse acontecendo.
Olhei para minha mãe e depois para o meu pai, então respirei fundo já sabendo o que ele iria falar agora e como previsto, lá estava ele, seu discurso sobre o quanto odiava atrasos no jantar e sobre eu manter a educação que me ensinam. Eu quase poderia repetir suas palavras de tanto escuta-las, eu já havia decorado, não que eu me atrasasse sempre mas eu tenho uma ótima memória. Fiquei calada concordando e me desculpando mais uma vez pela demora. Quando ele se pós a ficar calado para iniciarmos nossa refeição.
Aos 13 anos fui diagnosticada com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), meus pais sempre me perguntava o por que disso, como se eu tivesse escolhido ter aquilo. Quando criança eu sempre fui pressionada a ser a garota perfeita, não que isso tenha mudado completamente agora no início da minha adolescência. Eles me cobram hoje, sempre tive boas notas, fiz aula de ballet, natação, entre outros esportes, ah, e me fizeram aprender outros idiomas. Resumindo, minha vida foi extremamente perfeita, quer dizer a minha infância foi perfeita, então pra eles não existia isso e era apenas uma frescura.
Estavamos jantando todos silenciosamente quando de repente a taça que estava na minha frente é estilhaçada, com o susto acabo soltando um grito e então as coisas acontecem rápido demais. Meu pai gritando para nos abaixarmos, minha mãe sendo atingida por uma bala na cabeça sem se quer ter tempo de se proteger. Eu estava apavorada e paralisei no instante em que vi minha mãe cair da cadeira. Mas por que nós? Eu não estava acostumada a presenciar esse tipo de situação ou ir atrás de saber como são os negócios da Organização, mesmo que eu tenha nascido nesse mundo, pouco me interessava os assuntos. Quanto menos eu soubesse melhor era, mas agora eu queria entender o motivo.
Meu pai segurou em meu braço e me forçou a ficar em baixo da mesa, olhei para o lado e avistei minha mãe sem vida, fechei os olhos com força sentindo as lágrimas rolarem e balancei a cabeça em negação. Minha respiração estava ofegante, minhas mãos trêmulas e eu estava com tanto medo, acredito que nunca havia sentido tanto medo na minha vida quanto aquele momento. O bombardeio de tiros não cessava, parece que a cada segundo pareciam horas. Já estava começando a ficar muito mais desesperada quando de repente tudo ficou em completo silêncio, exceto pelos passos de algumas pessoas. Levei minha mão até a boca evitando emitir algum som ao ver um dos homens se aproximar da mesa e a rodear.
- Ela não está aqui. - meu pai diz com total convicção.
O homem pergunta outra vez se ele estava falando a verdade e em seguida ouço baterem nele, balanço a cabeça engulindo em seco e me sento no chão sem fazer barulho, eu só queria que aquilo acabasse logo e que nos deixassem em paz. Um tiro é disparado e acabo soltando um grito, levo minha mão até a boca outra vez mas agora é tarde demais pois sou arrastada pelos cabelos até o meio da sala onde encontro meu pai sentado em uma cadeira, com um tiro na perna e o rosto machucado, arregalo os olhos assistindo toda aquela cena. Fiz um gesto para levantar e ir até o meu pai mas um dos homens segurou em meu ombro e me jogou de volta para o chão. Me fizeram assistir meu pai sendo torturado até confessar o que havia feito, quando ele não aguentava mais e estava quase desmaiando de dor, ouvi ele falar algo em que me entregaria a eles como troca do seu livramento pela traição feita ao capo da barbarians. Olhei para ele incrédula com o que ele havia dito e senti meu coração acelerar, ele não poderia fazer aquilo comigo, poderia? Mas que pergunta idiota! É claro que ele poderia. Mas eu... Deus, meu pai está me dando como moeda de troca.
Eles soltaram meu pai que caiu no chão ao mesmo instante, apesar do que ele fez comigo, até cogitei em sentir pena por vê-lo naquela situação mas agora eu tinha ódio dele por ter feito esse acordo ridículo. Por ter me oferecido em troca do perdão de Knayev.
Soltei um grito enquanto tentava me soltar quando o outro homem, Consigliere, que estava ao lado meu pai, simplesmente fuzila o corpo dele inteiro. Senti todo meu corpo tremer, meus olhos estavam ardendo devido ao choro, minha cabeça doía. Desviei meu olhar do corpo do meu pai quando senti o toque do Capo no meu rosto, fazendo com que eu o encarasse. Seu olhar era sombrio e de uma frieza grande, me causando arrepios. Ele deu uma risada baixa e segurou no meu rosto com força, logo depois senti o cano da arma entre as minhas pernas, engoli em seco e fiquei paralisada, fechei os olhos com força a medida que ele subia com a arma.
As cenas dos meus pais morrendo invadiram a minha cabeça me deixando enjoada a ponto de fazerem com que eu vomitasse em cima do Capo, ele me soltou de forma brusca, dava pra perceber o quanto estava puto pelo o que fiz. Abri os olhos mas antes mesmo de enxergar direito, tudo ficou escuro de novo.
Era pra ser só um jantar em família, mas se transformou em um inferno.
Arder na terra. Viver no inferno!
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Segredos no Escuro - Irmãos Santori I.
General FictionMia Alianovna tinha apenas 15 anos, quando seus pais foram assassinados pelo Capo da Barbarians, após uma série de traições serem descobertas. Ela foi levada para a casa de Artêmio Knayev, Capo da Organização, onde foi mantida em cativeiro por 6 ano...