I'm here to save you girl
I'm here to rescue youEminem, Superman
MIA
Seis anos haviam se passado desde que Knayev invadiu minha casa. Seis malditos anos que, a cada dia que passa, penso se eu algum dia vou sair desse lugar. Já se passou tanto tempo que o pensamento de me livrar daqui chega a ser ironia. Não existem mais esperanças, para ser sincera. Minha mãe sempre me falou que eu precisava ter esperança. Na realidade, ela me falava tantas coisas que eu gostaria de acreditar realmente que iriam acontecer.
“Seja uma boa garota”. “Obedeça seu pai, ele está certo”. “Nunca ouse desafiar um homem!”. Essas eram as palavras que eu sempre escutei dela. O quanto ela era submissa ao meu pai, coisa que eu também aprendi a ser por influência dela e por medo de que algo pudesse acontecer conosco. Ele era, por muitas vezes, arrogante e impaciente. Sempre tive medo dele ou de qualquer outro homem que chegasse perto de mim. Papai nunca foi um homem cruel, mas às vezes ele gritava comigo por um erro simples, uma coisa idiota como um talher posicionado no lugar errado sobre a mesa. Acredito que esse pavor nunca vai deixar de fazer parte de mim, sobretudo agora na situação em que me encontro.
Desde que a nossa casa foi invadida, meus pais foram mortos e eu, trazida para esse inferno, nada parecia fazer sentido para mim. Mantida e criada como uma empregada sem valor algum, fui forçada a fazer de tudo: limpar, cozinhar, lavar e outras incontáveis coisas de serviços domésticos. Tudo isso, presa. Impossibilitada de sair e ver a luz do sol ou, simplesmente, sentir que eu ainda poderia desfrutar disso como qualquer outro ser humano.
Nunca me permitiram sair, desde que cheguei. Nem ao menos para ir até o jardim ou à horta. Por esse motivo, eu não sabia como tudo parecia lá fora. As janelas ficavam fechadas o tempo inteiro, assim como todas as portas e eu só poderia saber se estava de dia ou de noite, se olhasse para o enorme relógio na cozinha, o qual eu passei a acompanhar com frequência.
Eu aprendi todos os horários de Knayev e decorei até mesmo as visitas que ele costumava receber, já que nunca mudam a rotina. Hoje, por exemplo, Knayev viria com alguns amigos, gastaria toda a tarde bebendo e fumando no pátio, ficando um pouco mais asqueroso a cada segundo. E, em seguida, eu já esperava o que iria acontecer. Era assim, desde que me lembro. Como a primeira vez. Ele me mandaria para o escritório, tiraria a minha roupa, diria que eu estava horrível mas, ainda assim, me devoraria com os olhos e me tocaria por todos os lugares, dizendo coisas horríveis, me fazendo saber o que ele pretendia fazer, me surrando a cada vez que eu ousasse protestar ou me afastar. E então, me forçaria a transar com ele e com todos os outros. Me forçaria a fazer coisas horríveis, nojentas e podres. E quando tudo acabasse, me faria limpar toda a bagunça. Esfregar o meu próprio sangue e aquela coisa gosmenta que saia do corpo dele e que, às vezes, ele me forçava a engolir. E, depois, pediria uma bebida para comemorar com os amigos, enquanto eu os servia.
Mas, nos últimos dias, Knayev estava agindo de forma estranha. Era como se estivesse esperando por alguma coisa ruim demais para si e é claro que ele descontava toda sua raiva e frustração em cima de mim, com aquelas mãos repugnantes e aquela boca imunda.
Todas as vezes que Knayev me tocava, eu tentava pensar em coisas boas para poder desligar minha mente daqueles momentos horríveis. Eu pensava em como seria a minha vida se nada disso tivesse acontecido. Provavelmente, agora eu estaria casada com algum homem mais velho, para o qual teria sido prometida aos 17 anos. Meu casamento teria sido algo histórico e um marco para minha mãe, e para mim também.
Quando eu era criança, sonhava em me casar com um vestido lindo, igual ao de uma princesa. Ele teria muitos babados e rendas. Desejava ter um marido bom e generoso. Por mais que esse mundo de crimes só tenha homens cruéis, eu acreditava que poderia existir alguém bom o suficiente para me amar.
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Segredos no Escuro - Irmãos Santori I.
Ficción GeneralMia Alianovna tinha apenas 15 anos, quando seus pais foram assassinados pelo Capo da Barbarians, após uma série de traições serem descobertas. Ela foi levada para a casa de Artêmio Knayev, Capo da Organização, onde foi mantida em cativeiro por 6 ano...