CAPÍTULO 12

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But I ain't neve crossed a
man that didn't deserve it

Coolio

HORATION

Após sair do quarto, felizmente não cruzo com nenhum dos convidados. Todos desapareceram junto com essa tradição ridícula que me aborrece desde que me entendo por gente. Ando pelo corredor e encontro Matteo logo em seguida, assim que termino de descer as escadas.  Aparentemente, ele já havia dado um jeito de sumir com todos os convidados e levá-los de volta para o jardim.

Excelente!

Passo pela porta, ignorando os convidados que me olham torto e curiosos. Me aproximo de Matteo e olho em volta.

— Ele não está sozinho! — Matteo diz, enquanto vira um copo de whisky e o devolve para a bandeja do garçom. — Eu sei disso!

— Não sei como ele conseguiu entrar, mas alguma coisa me diz que nós temos um traidor entre os nossos aliados. Precisamos encontrá-lo. Ela está apavorada! — Matteo me acompanha pelo saguão.

Caminhamos por um tempo em silêncio, até sairmos da casa. Matteo me para abruptamente, puxando meu braço e fazendo com que eu me vire para ele e o encare. Ergo as sobrancelhas e olho diretamente para a mão dele e depois, para ele.

— Desde de quando passou a se importar tanto com ela? O que foi que eu perdi? — Matteo franze o cenho e realmente parece surpreso e curioso.

Eu estava determinado a vingá-la.  Já que sabia que Mia jamais poderia fazer isso por si mesma. Eu pegaria quem quer que fosse, se isso significasse que ela teria um pouco de paz. Devagar, me solto do aperto de Matteo e me viro para ele por completo.

— Ela é uma Santori, agora. Minha esposa! Você sabe mais do que ninguém, que eu vou fazer o que for preciso para mantê-la a salvo.

Meu irmão me observa sério e focado nos meus olhos por alguns segundos. Era como se estivesse analisando os últimos acontecimentos, se dando conta e finalmente entendendo a extensão da nossa realidade. Antes, éramos apenas três. Eu, ele e Arthur. Agora, Mia também fazia parte da nossa família e ela não poderia merecer menos do que qualquer um de nós. Matteo pisca algumas vezes e franze o cenho por um instante. Parecia que a ideia o incomodava de alguma forma. Talvez pela minha expressão determinada e pouco vacilante. Mas, ele simplesmente assente e, sem dizer uma única palavra, se afasta de mim e eu o acompanho até o jardim. Não haveria outra pessoa com quem eu pudesse contar. Ninguém mais à quem eu confiaria a vida da minha esposa e a minha própria.

Mantendo-nos nas sombras, encontramos o tal homem no jardim onde a festança estava acontecendo. Ele segurava um copo de cerveja e estava com uma das mãos enfiadas no bolso da calça que, à primeira vista, já se notava bastante onerosa. Não parecia ser um convidado qualquer.

— Espero que ele não esteja bêbado. Não quero que ele perca a noite mais divertida de sua vida. — ele sorri e o ouço estalar os dedos das mãos.,

— Ele não está.  — falo baixo enquanto o observava.

Estava bem arrumado e engravatado, com os cabelos penteados para trás e a barriga estufada, apertada pelos botões da camisa e coberta parcialmente pelo terno. Ele parecia observar tudo com muita cautela. Estava em território inimigo. Não poderia arriscar ficar embriagado. Não que isso importasse agora. Por um instante, o imaginei agarrando e forçando Mia a se abrir para ele. Eu o vi rir e forçá-la se calar, enquanto se enfiava no meio das pernas dela. Era como se as cenas estivessem acontecendo diante dos meus olhos.

De repente, um misto de ódio, fúria e irritação me abraça. Cerro um dos punhos, com os olhos focados em seu rosto. Pobre de seu espírito quando eu puser as minhas mãos nele. Sinto Matteo tocar o meu ombro, mas não pretendia me mover naquele instante, apesar de eu saber que o meu irmão estava tentando evitar um escândalo.
Os demais convidados já estavam tão alterados por conta da bebida, que mal notaram a nossa presença. A minha, em particular.

Segredos no Escuro - Irmãos Santori I.Onde histórias criam vida. Descubra agora