10. Recomeço

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— Um acordo — revela. — Eu dou aquilo que você mais deseja e você me poupa do seu plano. Ou melhor, ainda posso ajudar ele a dá certo — propõe.

     — Não vou fazer um acordo com o diabo — respondo, virando o rosto para vê-lo. — E você nem sabe o que eu quero.

     — Fama. Reconhecimento. Amor. Felicidade. — Demônios realmente são os demônios. — Eu posso realizar tudo isso.

     — Eu não era um perigo para todos? — questiono.

     — Eu inventei tudo — confessa. — Mantenha os amigos próximos, os inimigos mais ainda. — Brota um sorriso no canto do seu rosto.

     Levanto a sobrancelha surpreso com o que ele acabou de falar. Ele armou tudo isso para desistir no final? Quero ver até onde isso vai. 

     — E a Malvina? — indago, curioso.

     — Prazo de validade esgotado — responde ele, cínico.

     Asmodeus coloca a mão no meu ombro e caminha para trás de mim.

     — É uma ótima oferta, Sebastian. Você terá tudo que sempre quis, de verdade — sussurra em meu ouvido. — Todos vão conhecer você, simpatizar com sua história de vida, tê-lo como um herói. — Consigo imaginar os jornais falando sobre mim e as pessoas me abraçando como se eu fosse seu Deus. — Você terá alguém que goste de você de verdade, que deseje você, ame-o e respeite-o como sempre idealizou em seus sonhos. Você será feliz.

     Sinto sua outra mão em cima do meu outro ombro, trazendo-me de volta para o mundo real. Asmodeus está parado de frente para mim, olho no olho, ansiando por uma resposta.

     — Seu tempo está acabando, Sebastian — informa. — Tique. Taque. Tique. Taque.

     — Ok, eu aceito — concordo.

     Um sorriso de vitória se forma no rosto dele.

• • •

Subo até o quarto andar do prédio, onde Asmodeus disse que mamãe, a vó e Claire estão sobre os cuidados de Malvina.

      Encontro as três amarradas em cadeiras, com uma mordaça na boca. Por mais estranho que pareça, o lugar está limpo, sem nenhum sinal de Malvina. Claire é a primeira a me ver, consigo enxergar o brilho em seus olhos. A segunda a me ver é a vó, uma expressão de felicidade surge, ao mesmo tempo que de reprovação. Por último, a minha mãe, com os olhos arregalados, totalmente assustada e surpresa comigo.

     Corro na direção delas, livrando Claire primeiro. A garota me abraça bem forte, sorridente e aliviada por eu está aqui.

     — Onde está a Malvina? — pergunto.

     — Saiu — informa a garota.

     — Ok, me ajuda a livra a vó e a mamãe — peço, indo até a vó, enquanto ela vai até mamãe. Confesso está evitando olhar para mamãe. Ao desamarrar Celeste, a velha mulher me abraça forte e retribuo. — Saudades, vó!

     — Você não devia está aqui, meu filho — diz ela, com lágrimas nos olhos, acariciando meu rosto.

     — Sebastian — ouço minha mãe falar o meu nome. — Como é possível?

     Levanto do chão, segurando a mão da vó, e olho para a mamãe. Meu coração acelera freneticamente, se eu pudesse beber uma dose de vodca agora, bebia. A última vez que nos olhamos, estávamos brigando.

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