Na madrugada do último dia de dezembro de 2017, Sebastian Pear acordou às três horas em ponto, assustado, engolindo o próprio grito. O jovem morto-vivo acreditou que quando vencesse o Conselho Sobrenatural, seus problemas se insônia acabariam, só não imaginava que o verdadeiro inimigo ainda estivesse a solta por aí, esperando por ele.
Do lado de fora, a lua observava o garoto através da janela aberta, que se levantou da cama para fechar. Banhado pela luz azulada, ouviu o som do misterioso pássaro das outras noites. Sua pele ficou eriçada, pressentindo algo ruim por perto, ele olhou para os lado, sem ver nenhum movimento estranho pela fazenda e fechou a janela.
Apertado para mijar, foi até o banheiro. Aliviou-se, deu a descarga e lavou a mão, tentado a olhar o próprio reflexo no espelho. Voltou para a cama e puxou as cobertas, foi então que ouviu um som agudo vindo das dobradiças da porta do closet, que começou a se mover devagar.
Lá estava a criatura pálida de pele ressecada, de ombros largos e caídos, com dois olhos brancos e opacos sem vida alguma, saindo da escuridão e aproximando-se do jovem. Os olhos acompanharam Sebastian quando ele sentou na cama, com uma terrível tremedeira e a respiração entrecortada.
A boca morta começou a se abrir, infestando o quarto todo com o cheiro de coisa podre. Sorria para Sebastian, apetitoso, como se o jantar estivesse na mesa. Os olhos sem vida tornaram-se insanos e hipnotizantes. Passou a enorme língua no rosto dele, sentindo mais uma vez o gosto do rapaz.
"Não tema, não vou machucar você. Não agora.", sussurrou. "Gosto de você, Sebastian. Irei voltar todas as noites, cada noite mais perto de você, até que em uma delas, você não vai ter nem tempo de sentar na cama, vai só sentir algo lambendo você, então serei eu, e eu vou atacar e depois comer você, que vai parar dentro de mim."
Um misto de horror e fascínio pela criatura era tudo que Sebastian sentia. Só não entendia o motivo para o monstro retornar para a sua casa depois de tanto tempo, achava que ele havia ido embora quando viu Malvina ser derrotada.
"Nunca fui embora, Sebastian. Estou aqui. Estive aqui o tempo todo. Quando senti o seu cheiro pela primeira vez, fiquei com água na boca, mas quando senti o seu gosto, enlouqueci. Agora eu quero provar da sua carne e do seu sangue, sentir a podridão que você é por dentro, e não adianta pedir proteção para os seus amigos, eles não vão ajudar. Qualquer noite dessas, quando tiver só eu e você. Não vai demorar, Sebastian. Só eu você."
Não sabia como conseguia se comunicar com o Bal-bal. Talvez por telepatia ou fosse simplesmente loucura da sua cabeça. Nada importava mais, somente que Sebastian, pela primeira vez após morrer, sentiu-se tão ameaçado e voltou a temer a morte.
As asas começaram a abrir-se atrás dos ombros caídos, a criatura sorria para Sebastian, maliciosamente. A janela abriu-se com a força do vento e o monstro ergueu voo, transformando-se num pássaro antes de atravessar o portal. No caminho, assobiou e Sebastian assimilou ao barulho desconhecido que escuta todas as madrugadas.
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Renascimento
Paranormal[Segundo livro da trilogia As Crônicas de Sebastian Pear] [CONCLUÍDO] +16. Sebastian Pear conseguiu o que sempre quis: ter uma vida igual aos personagens dos dramas adolescentes de Hollywood. Com um namorado perfeito, amigos populares e amado por t...