Capitulo I

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Agora não sinto mais os meus lábios. Estão anestesiados, como a minha cabeça. Meu corpo está leve.

Hum, sorrio com o pensamento idiota, meu corpo sempre está leve, não importam as circunstâncias.

Olho para os lados e não vejo ninguém. Só bancos vazios, mesas vazias, tudo vazio. Isso dolorosamente me lembra alguém.

Subo os meus olhos pra frente e tem alguém limpando copos. Deve ser o barman, ele está tão entretido com os copos que nem presta atenção na mulher que está na sua frente.

Sorte a minha, penso.

Tento me levantar mas tudo gira, sinto minha testa ficar fria e meus joelhos fraquejarem. Solto um gemido e sento de volta no banco.

“Você esta bem?” O barman pergunta parecendo realmente preocupado. Nesse momento olho pro rapaz na minha frente e sinto uma impensável vontade de abraça-lo, e lagrimas se formam em meus olhos, mas eu as contenho. Eu não posso chorar.

Não mais.

Faço todo o esforço que posso para focar os meus olhos já embaçados, respiro fundo algumas vezes e respondo:

“Sim eu… eu estou.” Respondo como sempre. As pessoas nunca deveriam perguntar para as outras se estão bem, isso magoa quando não se está realmente interessado. É toda uma pergunta vazia.

Pego a minha bolsa e tiro dinheiro da carteira, tenho certeza que isso pagará por tudo, coloco o dinheiro em cima do balcão e me levanto segurando nos objetos por onde passo pra não cair.

   Saio do bar e começo andar pela rua escura, não faço a mínima ideia de onde eu estou, estou cansada, com sono, tudo a minha volta gira e os meus pés estão doendo, nada de se admirar com o salto de 20cm que eu estou calçando. Me abaixo no meio da calçada, numa tentativa frustrante de tirar a coisa do pé, mas acabo por cair de bunda no chão e arranhar meu cotovelo que eu não  sei como.

“Merda.” Bufo frustrada.

“Você está bem?” Não, de novo não. Me sinto irritada.

“Eu acho que eu não pareço bem. Pareço?” Pergunto, tentando ser irónica e me levantar.

“Não você não parece.” A voz diz de novo.

“Então…” Seguro na parede e me levanto. “Perguntou, porquê?” Finalmente olho para o dono da voz. Imediatamente meu corpo estremece, ele está em meio ao escuro, não posso vê-lo por inteiro, mas os olhos, os seus olhos estão ali. E são arrasadores.

Eles me encaram e não mudam de direção. São azuis e me observam como se vissem a minha alma. Como se entendesse tudo, e tivesse as soluções.

 Desvio o olhar e bufo. Eu devo estar muito bêbada mesmo.

Tento caminhar, mas meu corpo nessa hora está muito dolorido e ao mesmo tempo dormente.

“Ok, sinceramente não sei porquê que eu fiz essa pergunta. Vou me lembrar de não faze-la mais. Mas você…” ele faz uma pausa e olha pra mim de forma estranha. “…Definitivamente precisa de ajuda.” Ele se aproxima de mim e tenta me carregar mas eu me afasto e quase caio. Ele me segura.

“Se… se, você, tentar me estuprar ou me matar, eu … juro que eu te processo.” Digo de forma embasada e aponto um dedo no rosto dele que agora não está no meu foco.

“Não tem problema. Eu sou advogado.” Ele diz num tom divertido. Me tira do chão como se eu fosse uma pena e começa a andar pela calçada.

“Noooosssaaa. Ele é tão bom.” Digo divertida, nesse momento toda a situação me parece hilaria. “Deve ser muiiiito impressionante colocar os porcos na cadeia.” Falo divertida e caio na gargalhada. Ele continua no mesmo ritmo e não olha pra mim.

“Sabe? Eu acho melhor você me colocar no chão, é que… eu não te conheço sabe e…” Um riso histérico me escapa de novo e eu respiro fundo pra me acalmar. “Eu, gosto de azul, é bonito mas, o Robert diz que o estampado é que está em alta e eu tenho que ficar sem usar vermelho.”

Continuo falando, e ele escutando em silêncio, é assim até chegarmos perto de um carro preto.

Ele abre a porta e tenta me por lá dentro.

“Esse… não é, o meu carro.” Digo empurrando o meu corpo pra fora do carro.

“Eu sei, é o meu.” Ele fala pacientemente.

“Eu não quero ir a lugar nenhum no seu carro, eu tenho o meu.” Revido irritada.minha cabeça está girando.

“É, mas eu não sei onde o seu está e com certeza você também não sabe. Então vai ser no meu mesmo.”

Sou assentada com todo cuidado no banco do carro e tenho meu sinto posto, enquanto ele se inclina sobre mim eu posso sentir o seu cheiro, é algo diferente. Como ele, misturado com cheiro de homem. Eu tenho certeza que se eu estivesse sóbria eu saberia o nome do perfume.

Sorrio e encosto a cabeça no banco, pouco depois sinto a sua presença do outro lado, e apago.

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Nova estória escrita com muiro carinho pra vcs. espero que amem ♥ nao se esqueçam de votar e de dar as vossas opiniões. é mt importante.

ah. adicionem o livro se gostarem também.

Bjzz 3Carla

Era Uma Vez a Top (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora