Capitulo XIII

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Acordo com a ténue claridade do sol entrando pela janela, a primeira coisa que eu sinto é o forte cheiro de café invadindo os meus sentidos, e a segunda, bom, é uma porra de uma dor de cabeça de matar.

Sento devagar na cama pra não morrer, e logo que o meu cérebro começa a funcionar eu vejo uma cena familiar se repetir, é como um déjà-vu, eu me levantando num quarto desconhecido (nem tanto agora), com a maior ressaca depois de beber todas, vestindo somente calcinha e sutiã, e pra coroar o momento o cheiro de café.

“Só pode ser praga mesmo!” Resmungo comigo mesma. é como se eu não aprendesse nada de todas as furadas em que eu me meto, eu sempre acabo repetindo as mesmas merdas (menos a calcinha e o sutiã que são diferentes).

Bufo exasperada comigo mesma e me levanto da cama, e só pra não perder o hábito começo a examinar todo o quarto onde estou, livros em estantes enormes, poucos objetos decorativos, somente o essencial: um autentico quarto de um cara. O cara que supostamente eu estou namorando. O cara que me deu o pé ontem a noite. O cara que me trouxe pra cama.

Suspiro, eu realmente preciso de uma ducha.

Caminho em direção ao banheiro já conhecido, mas quando estou tocando a maçaneta da porta James entra no quarto.

E eu nunca me acostumo com a sua presença.

É pura e simplesmente muito gostoso, eu acho que eu nunca vou me acostumar com isso. Desde o terno até a gravata, tudo está sob medida, trazendo pra ele o ar de cara mau, sério, a única coisa que quebra esse encanto de CEO malvado é a sua cara de espanto. Ele tem dois copos de café nas mãos e analisando ele por inteiro, incluindo a sua expressão, e eu posso garantir que não sou só eu que tenho uma cara de tarada. Não mesmo!

Ele engole seco, e força os seus olhos pro meu rosto, eu faço o mesmo.

“Bom dia…”

“Bom dia.” Respondo, me esforçando pra abrir um sorriso que pareça no mínimo normal. O que é óbvio que não acontece porque minha cabeça explode só com a simples tensão, faço uma careta.

“Está com dor?” James assume mais uma vez o papel de meu herói, e se aproxima de mim com uma expressão preocupada.

“Estou, um pouco” resmungo me achando ridícula, porque fala sério? Ele bebeu também, acho que tanto quanto eu, mas nem por isso ele está acabado e descabelado eu nem eu. Muito pelo contrario, ele está perfeitamente impecável, e lindo.

“Te trouxe café, e isso.” Ele me entrega o café e um pequeno comprimido. Tomo os dois com um mini-sorriso.

“Sempre pronto pra ser o herói…” diz tomando o meu café. Ele resmunga qualquer coisa.

De repente acontece o que eu nem morta gostaria que acontecesse, o silêncio constrangedor. Ele coloca a caneca de café em cima de um móvel e começa a passear pelo quarto, ele parece frustrado, passando as mãos pelo cabelo, mas ao mesmo tempo ele está quente como inferno.

“Nós precisamos conversar.” Quase me escapa um sorriso quando ouço a frase. É obvio que nós precisamos conversar, nem uma mensagem de deus deixaria isso mais claro. O único problema é que o analgésico que eu tomei ainda não fez efeito e eu sinto que eu poderia morrer se eu começasse a falar sobre o quão idiota eu sou ou como essa história de namoro fingido é infantil e vai dar merda, entre outros assuntos.

“Posso tomar banho primeiro?” Pergunto que nem uma criança pedindo autorização pro pai, mas é assim que eu me sinto nesse momento, uma criança que fez uma grande bagunça e que não quer ouvir a bronca. James solta um longo suspiro, me olhando da cabeça aos pés e assente.

Era Uma Vez a Top (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora