Capitulo XII

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Ele me observa friamente, como se pesasse as minhas palavras pra saber o que fazer, enquanto meu sangue ferve com raiva. Como ele pode ser tão idiota? Como eu, poderia, ou conseguiria usa-lo? É ridículo.

Ele continua em silêncio, e eu resolvo dar um fim na confusão que não devia nem ter começado.

“Quer saber? Chama a sua mãe de volta, diz pra ela voltar. Eu vou falar a verdade. Nem sei porquê que eu inventei essa merda mas eu vou desfaze-la num instante.” Falo apressadamente.

“O quê?” Foi a primeira reação dele. “Eu não vou ligar pra minha mãe.” Ele fala como se fosse impensável fazer isso, e eu só o fito chocada. Será que ele quer namorar comigo de verdade? Meus Deus, eu nem sei, se eu quero, quer dizer…eu não quero namorar, quero?

“Como você disse ela é muito sensível, e você já disse que a gente está namorando, se eu falar que não ela vai ficar muito dececionada, e isso pode não fazer bem pra ela.” Ah? Não entendi nada de nada, só a parte de que a gente tem que namorar porque a mãe dele vai morrer.

“Eu não disse que ela é sensível. Eu nem conheço a sua mãe.” Falo olhando pra ele descrente.

Ele olha pra mim e por segundos vejo raiva neles, e logo a seguir impaciência e nervosismo.

“Mas foi o que você quis dizer, não que eu vá dizer isso pra ela.”

“Espera…” Falo, acenando pra ele parar. “Você quer dizer que você não vai contar pra sua mãe que eu menti?” Pergunto curiosa sobre o assunto.

“Não… Quer dizer, a gente vai contar isso pra ela. Só que não agora.” Ele faz uma pausa e olha pra mim. Ele com certeza viu a minha expressão de incredulidade porque ele fica todo sem jeito. “Eu não vou mentir pra minha mãe pra sempre. Ela está querendo que eu arrume uma namorada e eu não estou a fim de arrumar uma. E você inventou essa história, então vai ter que me ajudar.”

Ele pontua cada palavra como se estivesse falando de um negócio bem planejado. Tipo, resumindo, eu vou ser a namorada de mentirinha dele, pra mãe dele não pegar no pé dele. E eu vou aceitar tudo isso porque fui eu quem teve a ideia e começou o show.

Nossa legal. Tenho até vontade de chorar. Isso é ridiculamente infantil e patético.

Venho na casa do cara pra pedir desculpas e tentar ser amiga (sem benefícios, juro) dele, e acabo como namorada de mentira.

Não pode ser tão ruim assim.

Mantenho o meu silêncio, alternando entre olhar pra parede atrás dele, e ele. Só pensando em como eu me meti nisso.

“Então?” Ele quebra o silêncio me olhando com expectativa.

“Então o quê?” Pergunto confusa.

“Você vai ser a minha namorada? Temporária, é claro.” Eu não sei se beijo ele ou se bato nele. Por um lado eu estou com uma estranha alegria por ele estar propondo um namoro, mas por outro eu quero soca-lo porque eu não quero namorar, e por ele estar deixando bem claro que esse namoro é temporário, e de fachada.

“Eu pensei que você já tivesse decidido isso.” Falo.

“Mas eu não posso te obrigar a aceitar.” Ele contrapõe parecendo tenso.

Fico em silêncio pensando sobre o que responder. Eu não quero namorar, mas isso não seria um namoro de verdade. E se as coisas ficarem mal, é só terminar. Simples.

“Kyara…” Ele chama pelo meu nome de forma lenta, deixando cada letra se arrastar em sua boca. Meus olhos imediatamente se prendem nele.

Com certeza esse cara é diferente. Ele é completamente louco e lindo.

Era Uma Vez a Top (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora