Epílogo

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A necessidade era capaz de te tornar refém de situações extremas.

No início era uma ideia. Depois se tornou um desejo... Contínuo... Quase incontrolável. E por fim era uma necessidade quase palpável.

Eu precisava vê-lo pela última vez.

E aqui estávamos. Tendo a floresta como testemunha do nosso encontro proibido.

-Eles não vão embora. - murmurei quando tive a certeza de que poderia me ouvir.

-Charlie me contou. - parou ao meu lado. Ambos olhávamos para a imensidão do oceano a nossa frente. Eu envolvia meu corpo com meus braços e ele colocara suas mãos nos bolsos da bermuda velha e jeans. - Fiquei com bastante raiva de você... Só que depois entendi que é sua família. E... E eu não tinha nada para te oferecer em troca.

-Fui quase obrigada a voltar. Está sendo complicado. - sussurrei. Seu rosto se virou para me encarar.

-Se houvesse uma maneira de poupar seu sofrimento, eu faria.

-Obrigado pelo seu apoio. - olhei para ele. Seu rosto moreno e quente me querer tocá-lo a todo instante. Se não fôssemos tão opostos... Talvez em alguma dimensão... Eu e ele seríamos o ideal juntos. - Você sabe o que a escolha dela diz sobre o futuro, não é?

Seu corpo começou a tremer, mais quente, mais agitado. Seus olhos perderam o brilho e se tornaram vorazes.

-Sei. - se limitou a responder.

-Tenho uma opção para apresentar a você.

Seu rosto mudou. Sua testa estava enrugada demonstrando sua dúvida. Os tremores quase cessaram nesse instante.

-Só existe uma maneira dela não se tornar uma fria... Se apaixonando por outra pessoa que possa dar a ela um futuro bom e humano.

Se há anos atrás alguém tivesse feito isso por mim. Estaria imensamente grata... Uma vida humana e feliz... Era tudo o que eu desejava nesse momento. E obviamente havia o fato de que isso atingiria em cheio Edward Cullen.

-No caso essa outra pessoa seria eu? - assenti uma vez. - Não acho que sou capaz disso... Não sinto nada por ela.

-Um bom amigo pode se sacrificar pela vida de sua amiga.

-Posso tentar convencer ela a ter uma vida humana, mas...

-A única maneira é você sendo o homem que ela precisa para a vida inteira. Você precisa salva-la, ou ao menos tentar.

-Isso não vai dar certo.

-Jacob, cabe a você decidir por isso. - suspirei. - Eu tenho que ir.

-Acha que tem alguma chance dela me escolher?

-Todas as chances possíveis. - tentei sorrir e transmitir confiança. - Adeus Jacob. - me afastei dando as costas para ele.

-Me recuso a dizer 'adeus'... Gosto demais de você para isso. - disse e me fez congelar ali.

-E o que fez você gostar de mim? - foi inevitável perguntar.

-Eu poderia passar horas descrevendo os motivos, mas se pudesse escolher apenas três razões para gostar de você seriam: seu bom coração, seu sorriso e claro, sua ironia.

Ele não listou minha beleza. E isso aqueceu meu coração de pedra. Me senti feliz com sua resposta e era por isso que era tão difícil ficar longe dele. Precisava partir antes que cometesse alguma besteira.

-Até logo, Agnes. - sussurrou antes que eu dissesse algo. E então eu corri.

Corri o mais rápido que pude para ficar longe dele. E seria uma tarefa árdua me manter nesse propósito. Quando a ideia, de ver ele, de tocar seu corpo, de beijar sua boca, não ser mais tão absurda e se tornar um desejo irrepreensível, e depois se transformar em uma necessidade incontrolável, irei precisar de um cabo aço moldado com a escolha certa e de ética para me manter longe do lobisomem.

Eu precisava de cura para esse vício.

Quando cheguei a zona urbana de Forks, peguei meu celular e verifiquei o sinal. Sim, eu poderia fazer uma ligação. Disquei o número com meus dedos trêmulos. Ele seria capaz de me proporcionar a cura? Seria capaz de me fazer esquecer? Iria ser o suficiente para me segurar quando a abstinência fosse a única vontade que dominasse a mim?

Chamou quatro vezes antes dele atender.

-Olá Agnes, bom dia. - estava levemente tenso. Talvez pensasse que minha resposta seria negativa a sua proposta.

-Bom dia Vincent, tudo bem?

-Mais ou menos... Estava com saudades. Foram terríveis dois dias sem ver você.

-Me perdoe por não ligar... Aconteceu muitas coisas.

-Imagino.

-Te liguei para dar a resposta ao seu pedido.

-Que seria...?

-Eu aceito ser sua namorada, Vincent.

Permanente - Livro III (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora