Coisas pelo Coração

17 4 4
                                    

     - Como pode ter sobrevivido?

     - Ele não é... um homem comum.

     - O que ele foi fazer lá de novo?

     - E você acha que eu sei.

     Dromenons abriu os olhos. O corpo todo latejava. Percebeu a roupa encharcada. Sentiu o ar quente, mas sabia que não estava mais nas rochas. Lembrava-se vagamente de ter batido na água antes de desmaiar. O ar quente que sentia vinha de uma fogueira próxima da cama em que estava. Ao seu lado a Velha estava sentada em um banquinho e atrás dela Simas olhava Dromenons como se ele fosse algo assustador.

     - Saia Simas – disse a Velha. – Ele precisa descansar. – O homem saiu.

     - Como vim parar aqui? – Perguntou Dromenons.

    - Os homens acharam você... na beira do rio. – Ela fez uma pausa. – Como sabia... que havia água no fundo do precipício?

    Dromenons não respondeu, mas se perguntou como ela sabia do precipício. Pôs a mão no bolso interno do sobretudo e tirou a lasca de esmeralda. Os olhos da Velha se fixaram no brilho da peça.

     - Pode fazer seu amuleto agora.

     Ela pegou a peça. E a admirou por um longo tempo.

    - Estará pronto... logo ao anoitecer. – Ela olhou Dromenons novamente. – Como pago por isso? Por nos ajudar? Como pago?

    - Às vezes faço coisas por dinheiro, às vezes faço coisas pelo coração. – Ele se levantou. – Mostre-me o caminho para o Forte Vulzon.

     A Velha soube que não adiantaria insistir.

     - Simas ira te levar... até Vulzon em sua carroça. E não proteste... contra isso. – Ela se levantou e foi chama-lo novamente.

    Dromenons saiu daquela casa e olhou o vilarejo. As pessoas trabalhavam, crianças brincavam, era um povo que merecia sossego e segurança. E, segundo a Velha, agora teriam, porque um novo amuleto seria forjado.

     Simas parou a carroça diante de Dromenons. A Velha desceu.

     - Ele te levará.

     - Obrigado.

     Dromenons ia subindo na carroça quando ela o segurou pelo braço.

     - Você disse que não acreditava... não é?

     - Nunca havia visto.

     - Agora que viu... Acredita?

     Dromenons olhou a Velha nos olhos e ela leu a resposta naquele negro brilhante e profundo. Seu olhar não estava abalado, mas sim preparado. Preparado para tudo, coisas humanas e não humanas. Agora Arrax Dromenons acreditava em coisas sobrenaturais, pois havia sobrevivido a elas.

     Simas resolveu não perguntar do que falavam os dois. Gritou com seu cavalo e a carroça se moveu. Dromenons seguia rumo ao Forte Vulzon onde um mercenário era solicitado por militares.

                                                                                                                                                                                      FIM

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 23, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A TRIBO DAS SOMBRASOnde histórias criam vida. Descubra agora