Bandidos ou Espíritos

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     - Quem é você!? O que carrega nos braços?

     - É uma mulher! Encontrei-a ferida na estrada!

     - Ascendam os lampiões!

     Dromenons viu os focos de luz brotando em meio às árvores. Eram seis ao total. À medida que se aproximavam ele foi notando que os cães ainda estavam ao seu redor, mas não mais em fúria assassina, mas sim sentados tranquilamente. O primeiro homem a chegar mais perto trazia um rifle apontado para ele o que vinha atrás tinha o lampião erguido.

     - Por Deus! É Ambrosia! – Exclamou o homem com o rifle que a viu primeiro.

     - Encontrei a carroça destroçada e ela surgiu assim da mata. Ainda respira.

     - Para o vilarejo, homem.

     Ele acompanhou os demais homens que julgava caçadores até um pequeno vilarejo em uma colina no meio da mata. A mulher agora ia nos braços de um deles. Dromenons sentia os olhares que se dirigiam a ele, ouvia os sussurros. O vilarejo era pequeno. Casas de barro cobertas com folhas. Em algumas já havia sinal de gente acordada. Os raios do sol começavam a despontar no horizonte.

     - Vou levar para Eva. – Disse o homem com a mulher nos braços. Outros três o seguiram.

     Os dois supostos caçadores que ficaram com Dromenons eram os de aparência mais velha. Um baixo e de corpo entroncado e o outro esguio e desdentado.

     - Venha à minha casa. – Disse o homem baixo. – Vai comer alguma coisa.

     Dromenons seguiu os dois até uma pequena casinha de barro no fim do vilarejo. No caminho notou as crianças, os olhares desconfiados das mães nas janelas. Na casa do homem baixo sentou-se em um banco indicado por seu anfitrião.

     - Simão – apresentou-se o homem esguio.

     - Simas – disse o outro. – Não parece, mas ele é meu irmão.

     - Quem é a mulher? – Perguntou Dromenons com sua voz profunda.

     O homem baixo, Simas, o olhou bem. Dromenons era um grande homem rustico. Barba crespa cortada rente, cabelos longos, cicatrizes no pescoço, algumas nas mãos. Pistola no cinto.

     - Quem é você primeiro? – Foi a resposta de Simas.

     - Desculpe-me. – Ele tirou o chapéu. – Dromenons. Indo para o forte de Vulzon, na costa. Caminhei durante o dia. Parei à tarde para comer e preparar um lugar para dormir. Acordei com um grito na madrugada. Segui o som, encontrei a carroça, a mulher surgiu na mata.

     - Obrigado – disse Simão e olhou para Simas. – Esqueceu-se disso. – Simas não lhe deu ouvidos.

     - Quem fez aquilo? – Perguntou Dromenons.

     - Espíritos – respondeu Simão sussurrando.

     - Bandidos. – Afirmou Simas.

     - Por que ela andava sozinha na mata àquela hora? - Dromenons inquiriu.

     - Sozinha? – Simão pareceu abatido.

     - Ela não estava sozinha – disse Simas. – Ramon estava com ela. Não o viu?

     - Só ela apareceu.

     - Os espíritos o levaram – lamentou-se Simão.

     Dromenons vagueava seu olhar de um velho para o outro. Espíritos ou bandidos?

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