Faz algumas semanas que eu não escrevo aqui, mas é porque algumas coisas aconteceram. Eu preferi pintar e fazer colagens, mas como aconteceu uma coisa muito importante, eu decidi escrever. Passei a maior parte dos dias com Jungguk... ele tem sido um grande (único) amigo e apesar de não saber de praticamente nada do que acontece comigo ou dentro da minha casa, ele parece me entender e me faz muito bem. Ele, pelo menos, me respeita.
Enfim...
Eu adoro lugares antigos e vivo tirando fotos pela cidade. Jungguk disse que tem um edifício muito legal onde praticam aulas de dança e que lá tem umas esculturas legais e que a arquitetura do prédio é de tirar o fôlego. Concordei em ir com ele, mas eu não esperava o que ele faria comigo lá! Ficamos andando pelo local. Eu me perdi naqueles espelhos imensos, tirei tantas fotos que quase estourei o cartão de memória. Em uma das salas havia um espelho de moldura dourada que ocupava uma parede inteira. Eu nunca havia visto um espelho tão grande na vida e bom... era lindo. Eu fiquei alguns minutos olhando para ele até que Jungguk se posicionou atrás de mim, envolvendo seus braços na minha cintura e posicionando seu queixo no meu ombro.
Eu me derretia quando ele fazia meu coração acelerar. Sentia meus poros pularem para fora da pele, as pernas amolecerem e involuntariamente um sorriso nascer em meus lábios. Era tão fácil a forma como ele arrancava essas sensações inebriantes de mim. Olhei para o seu reflexo e notei que ele também sorria enquanto seus dedos vacilantes penetravam o tecido da minha blusa, tocando a pele da minha cintura e deixando ali um carinho singelo.
"Aqui é bonito, Jimin-ssi"
"Sim... muito bonito"
"Aqui é um bom lugar para cultivar momentos bonitos também..."
Jungguk me virou para ele e eu o encarei um pouco confuso, a essa altura com os olhos mais arregalados que o normal e o coração prestes a fraquejar diante de sua figura sorridente e de mirada penetrante. O que ele pretendia? Ou pior: O que ele pretendia fazer com os meus sentimentos? Mordi meu lábio inferior, um pouco aflito, e desviei meu olhar dos seus para prestar atenção em toda a ornamentação em gesso branco do local, mas Jungguk apertou minha cintura, fazendo-me voltar a atenção para seus olhos.
"Mimi..." Ele me guiou até que minhas costas delicadamente encontrassem a superfície gelada do espelho e grudou seu peito sobre o meu. Juro, que não conseguia manter os olhos abertos quando ele estava tão perto. Parece ser pecado olhar aquele ele, um pecado inebriante. Então ele envolveu meu corpo e selou nossos lábios com delicadeza e de maneira lenta.
Com um movimento involuntário, eu o abracei pelo pescoço permitindo que aquele beijo tivesse ainda mais profundidade enquanto a luz do sol iluminava o chão lustroso de madeira e refletia nos imensos espelhos. Nosso ritmo era sempre tão sincrônico, era sempre tão gostoso e doce sentir seu sabor. Ah, eu podia ver o céu enquanto o beijava mesmo de olhos fechados. Parecia uma explosão cósmica.
Jungguk se afastou um pouco seus lábios dos meus e sorriu. Uma de suas mãos escapou de minha cintura e foi parar no meu rosto, fazendo um longo carinho na minha bochecha gordinha.
"Eu te amo, Jimin."
Eu fui em Urano e voltei, talvez alguma coisa da minha alma ficou em algum lugar durante essa viagem porque por longos segundos eu não conseguia associar as palavras de Jungguk com a sua voz, apenas piscar constantemente esperando levar uma bela bofetada da realidade e ser acordado de mais um sonho juvenil.
Mas era real.
E a realidade sorria para mim.
"Não vai dizer nada" Ele perguntou quando se deu conta que eu estava há bastante tempo em silêncio, e foi aí que eu me dei conta também e fiquei envergonhado. Ri para disfarçar.
"Eu fui pego de surpresa, me desculpe por isso"
"Não tem problema não sentir o mesmo"
"E é possível não sentir o mesmo?"
O sorriso de Jungguk foi tão gigante nesse momento que durante muito tempo ele perambulou pela minha memória, acabei por sorrir também e entrelaçar seus dedos nos meus.
"Namora comigo?" Ele perguntou sem jeito e logo abaixou a cabeça, claramente tímido, envergonhado e com medo da resposta. Então eu toquei seu queixo e o fiz olhar para mim, assentindo com a cabeça e selando nossos lábios por segundos antes de dar uma resposta material a ele.
"Eu namoro com você, gguk."