64 Me perdoa?

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Como era bom está ao lado de quem se ama e senti-se amada. Thomas acariciava meus cabelos com uma mão e com a outra segurava minha mão. Minha cabeça estava deitada em seu peito e a cada som da batida do seu coração, mas eu me sentia bem.

- Você tem que falar com seu pai. - Thomas quebrou o silêncio.

- Ele não é meu pai. - suspirei. Thomas me encarou indiginado.

- É claro que é! - me contradisse e sentou na cama, copiei seu movimento. - Louise não é porque não foi o espermatozóide dele que fecundou o óvulo da sua mãe, que ele não é seu pai. Ele é sim! Pai é quem cria, quem cuida, dá amor. E, por mais que você não tenha percebido, George te ama. Te ama mais que um tio, te ama como um pai. Você não é apenas uma responsabilidade para ele, você é a filha dele. Não duvide do amor do seu pai, porque ele te ama sim.

Fiquei calada apenas o observando e refletindo nas suas palavras.

Eu estava magoada. Não conseguia perdoa-lo por ter me sentindo abandonada, por achar que se ele estivesse comigo nada do que aconteceu teria acontecido. Passei tanto tempo cega pelo rancor que não me lembrei dos bons momentos. Exatamente como agora que descobri que realmente ele não é meu pai e sim meu tio. Porém isso não importa. Thomas está certo. Ele pode não ter ajudado a me trazer ao mundo, mas ele participou de cada fase, me deu uma infância maravilhosa. Eu que afastei ele. Eu que o proibi de se aproximar. Eu também o magoei. Oh meu Deus!! Eu queria o magoar, sempre quis. Entretanto, agora percebo que isso também me machucava. Ele quis está comigo, eu que não queria. EU SOU A VERDADEIRA CULPADA!

- Eu preciso ver meu pai. - anunciei fazendo-o abrir um grande sorriso.

- Estou pronto. - levantou-se.

E juntos seguimos para fora do seu quarto.

(...)

Enquanto dirigiamos, memórias da minha infância passavam como um filme em minha mente. Desde o momento que comecei a falar, até a última vez que tivemos um momento feliz juntos.

"- Mas pai, eu não gosto do papai noel. - resmunguei.

- Lou, não fala isso. Ele pode ouvir. - mamãe me repreendeu.

Eles tinham inventado de me levar ao shopping para tirar uma foto com o bom velhinho, porém eu nunca gostei dele. Era muito estranho. Eu tinha medo.

- Fadinha, é só uma foto. - papai tentou me convencer.

- Eu não quero. - fiz beicinho.

- Te pago um sorvete. - papai sugeriu.

- Dois e uma batata frita.

- Não abusa.

- Ou isso, ou nada. - insisti na minha proposta.

- Tudo bem, dois sorvete e batata frita. - suspirou. Mamãe revirou os olhos.

- Você mima demais ela. Está vira uma chantagista.

- Ei! - reclamei.

- Você não é tão diferente Crystal. Não me der lição de moral. - papai disse.

Isso era verdade, mamãe me mimava tanto quanto papai. Eu amava isso, me sentia especial.

- Sim, por isso mesmo, você tem que ser mais firme.

- Ah Crystal, me esquece. - parecia está bravo, mas eu sabia que não, ele nunca ficava bravo conosco.

Papai me colocou no colo do papai noel e tirou algumas fotos.

A Garota RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora