63 Revelações II

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Sempre achei muito dramático quando se chove em filmes nos momentos tristes. Nunca achei que realmente acontecesse, porém assim que coloquei o pé para fora de casa o céu desabou sobre mim. Eu andava sem rumo, chorando e com a cabeça cheia de indagações.

Não aguentando mais andar, me sentei encolhida debaixo de uma árvore da praça. Os soluços escapavam dos meus lábios sem minha autorização.

Por que a minha vida tem que ser tão difícil? Por que nada pode ser bom por completo?

Lembranças dos momentos com o meu pai — que agora, sei que é meu tio. — invadem minha mente. Mesmo que eu tentasse afasta-las, elas chegavam sem autorização.

"— Papai, eu não consigo. — eu fiz beicinho.

— Consegui sim, minha fadinha. Você não pode desistir. — papai me incentivou.

Eu tinha 5 anos de idade, papai havia comprado uma bicicleta para mim e agora me ensinava á andar nela. Porém eu já havia caído unas duas vezes, não queria continuar.

— Acho melhor colocar as rodinhas. — resmunguei.

— Você consegue meu amor, não precisa de rodinhas. — mamãe disse.

— Mas eu quero. — cruzei os braços.

— Ok, mas você não disse que queria andar como o Ryan? Rápido? Ele não usa rodinhas fadinha. — Papai lembrou-me.

— Tá, só mais uma vez.

Papai abriu um grande sorriso.

— Eu vou atrás de você, prometo que não vou te deixar cair.

E então, eu começei a pedalar e George vinha logo atrás de mim me segurando.

— Não me solta papai. — eu pedia.

— Não vou minha fadinha.

— Papai, você está segurando? — perguntei outra vez.

— Claro. — mentiroso.

Me senti livre e parecia que finalmente eu tinha aprendido a andar de bicicleta.

— Você está andando meu amor! Está andando sozinha! — mamãe exclamava alegre.

— Eu estou? — olhei para trás para ver. Meu pai me seguia correndo, pois eu finalmente estava pedalando. — Eu estou pedalando!

— Louise! — e eu bati na árvore.

Papai correu até mim preocupado e com uma expressão de culpa. Mas eu não estava sentindo dor, nem nada, eu estava feliz. Eu tinha conseguido!

— Você está bem princesa? — ele me ajudou a levantar.

— Eu consegui papai, eu consegui. — o abracei e ele retribuiu.

— Eu disse que conseguiria minha pequena fadinha. — beijou meus cabelos.

— Mamãe você viu?

— Vir sim meu amor. — ela me abraçou.

Naquele dia eu não parei de falar sobre isso. Contei para todos, até para o sorveteiro, que pareceu se contagiar com a minha animação. "

Mais lembranças invadiram minha mente e eu só chorei com elas. George e eu tivemos momentos muito felizes juntos, como da vez que ralei o joelho e ele me curou com um beijinho no mesmo. Ou da vez que cantamos na neve, depois que fizemos um boneco. Ou como quando eu me escondi dentro do armário e fiquei presa. Fiquei desesperada, mas ele chegou e com sua calma, me tranquilizou e me tirou dalí.

A Garota RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora