— Chegou atrasada senhorita Beasley — os óculos finos do homem de meia Idade a minha frente vão um tanto para o lado quando ele faz uma careta de reprovação.
— Eu... — Tento dar uma boa justificação mas infelizmente não encontro uma.
Na verdade tem uma justificação para isso, mas acho que o professor Kingsley não iria querer saber de todos acontecimentos da noite passada.
Realmente ele não iria querer saber!
— Seja como for em quinze anos trabalhando aqui já ouvi muitas justificações e acredito que a sua não será uma novidade para mim. — Ele suspira e se senta na sua secretária de frente para mim.
— Não voltará a acontecer —digo por fim, mas ele parece não acreditar muito, na verdade sua expressão é indecifrável.
Ele se debruça na sua secretária e olha para mim por cima dos óculos
— Espero — Ele diz num tom sério. — Espero mesmo senhorita Beasley.
Fico tensa quando o vejo pegando sua mala preta por cima da sua secretária arruma seus vários papéis amontoados os levando para dentro dela, enquanto eu olho a sala circular com apenas nós dois.
— Você é dedicada Beasley eu pude notar pelo seu esforço nos últimos dias.
Um sorriso satisfeito e reluzente brota em seus lábios combinando com o brilho da sua careca que contém apenas cabelo dos lados, algo que acho combinar bem com seus estilo.
— Por isso não irei marcar a sua falta como deveria fazer — Suspiro de alívio liberando a tensão acumulada — Mas não deixe que certas coisas atrapalhem você.
Assinto e sorrio sem graça enquanto o professor Kingsley parece ficar ainda mais pensativo.
— Eu bem que poderia continuar lhe dando um sermão — Ele sorri e se aproxima para frente causando um chiado da cadeira — Mas tenho que ir maratonar minhas séries, estão na melhor parte.
— E eu também! — Sorrio animada igual ele.
— Estudar senhorita Beasley! Precisa estudar —ele bate a mão contra o rosto a deixando ali por algum tempo e por fim se levanta dando tapinhas nas minhas costas — Pode ir embora acho que já olhou demais a minha cara por hoje.
Me despeço dele e subo as pequenas escadas entre as fileiras de cadeiras de universitários e abro a porta dupla a minha frente entrando no corredor.
As janelas do lado direito revelam um céu escuro que anuncia a noite, e deixam entrar uma certa brisa quente que bate meu rosto cansado.
Eu ainda preciso dormir, me sinto cansada demais e preciso compensar as noites as noites perdidas.
Vou em direção ao banheiro enquanto sinto o calor logo me invadir, meus passos rápidos ecoam pelo corredor vazio e suspiro ofegante como se estivesse andando no deserto a procura de uma fonte de água.
Meu moletom de lã não foi uma boa escolha, já que parece que se formou uns cinquenta graus aqui dentro, mas nem pensar que vou tirá-lo, muito menos aqui...
Assim que passo pela porta azul o espelho revela uma imagem que previ, meus estado não è dos melhores, ponho meu cabelo curto para atrás que já não está tão curto assim na verdade.
Abro a torneira a minha frente fazendo uma concha com as mãos por baixo do fio de água, a levo até o rosto, a sensação de alívio é melhor do que imaginei o que me leva a repetir o processo.
Me viro para pegar o papel toalha quando ouço uns passos rápidos, rápidos demais algo que acho estranho.
Limpando meu rosto já consigo ouvir além dos passos vozes e me aproximo da porta curiosa podendo reconhecer melhor assim o dono da voz, na verdade dona.
Poppy
— Você tem certeza? Eu não sei. — vou para trás quando escuto uma voz masculina.
— Achei que você fosse mais corajoso, acho que me enganei — A voz melosa de Poppy ecoa já perto.
Perto demais ! Eles vão entrar. Merda! Olho envolta preocupada e meu olhar paira nas cabines azuis, acho que não me deveria esconder de Poppy, mas algo me diz para fazê-lo dessa vez.
Entro na primeira cabine que vejo e a tranco quando logo a porta do banheiro é aberta com tudo.
— Eu sabia que não me enganei — um riso alto ecoa quando a porta é fechada novamente, e eu ponho meus pés em cima do vaso para não ser notada enquanto seus passos apressados se movem com intensidade.
— Claro que não — A voz masculina diz rouca enquanto um barulho de algo parecido com um zíper é aberto — Eu nunca te desapontei você sabe.
Senhor o que eu estou fazendo aqui ?!
— Você foi um bom garoto Jaden — Ouço um estalo de um beijo — Bons garotos merecem recompensas, hoje você terá a sua...
Isso não pode ficar pior!
Não sei quanto tempo deve demorar quando duas pessoas ficam num banheiro fazendo Er..."coisas" mas aqui está demorando demais.
Não demorou muito até meus pés começarem a fraquejar eu não vou aguentar muito tempo, não aguento mais.
Poppy solta mais um gemido baixo e murmura o nome do tal Jaden já pela décima vez.
Sim eu estou tão desesperada que até contei. Os barulhos que ouço daqui variam de risinhos múrmuros gemidos e o mais original até agora mas também nojento.
"Jaden onde foi que você aprendeu isso...argh"
No mesmo instante outro estalo de beijo se ouve ao mesmo tempo que meu pé cai dentro do vaso fazendo um barulho difícil de não notar e marcando o fim das minhas all stars.
— Quem está aí ? — E provavelmente meu fim também!
— Melhor você sair agora!A voz masculina de do susposto jaden que a Poppy não sabe onde ele aprendeu a fazer... acho melhor nem terminar a frase, ecoa me causando um arrepio.
Se ferrou Alissa, meu cérebro me manda essa pequena mensagem como lembrete e meu coração começa a acelerar.
Parece que infelizmente nasci com o dom de estar no lugar errado na hora errada.
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Perfect collision [Degustação]
RomanceAlissa sempre sonhou com o momento que iria entrar na faculdade e sair da "tortura" que ela chama de ensino médio. Só nunca imaginou que para isso teria de ir viver com sua mãe que ela quase nem conhece, se mudar da sua cidade pequena para Nova Yor...