— Acho que hoje você tem mais uma conquista para se gabar com seus amigos.
Posso ver suas sobrancelhas escuras se unirem levemente em confusão e por fim seu rosto revelar surpresa.
— Conquista ? — Ele repete com um pouco de estranheza evidente em sua voz.
Escondo minha mãos dentro de meu moletom as bolinhas, antes que ar condicionado que está competindo com o polo norte as congele tal como está fazendo as minhas bochechas e volto meu olhar no vidro que mostra as luzes reluzentes de fora.
— Você realmente pensa assim ? — Aquilo sai num tom baixo mas pela minha audição aguçada consigo ouvir.
— Talvez — Sou sincera.
Posso sentir seu olhar intrigante cair em mim por alguns segundos, a medida que seus olhos correm por meu rosto e seus olhos encontram os meus uma sensação electrizante é deixada em mim.
É estranho ter ele olhando só para mim mesmo depois de tudo que aconteceu, ainda não posso ignorar o facto de eu não saber nada sobre ele além de seu nome o que o torna quase um estranho.
Mas ainda tem uma pergunta que me faço no meio de tudo isso. Será que eu realmente quero saber mais dele ?
— Eu apenas estou sendo aquilo que as pessoas chamam de um cavalheiro — Sua cabeça cai para o lado e seus cabelos enrolados da frente o seguem batendo sua testa.
— Um cavalheiro que agride alguém ? — Um sorriso irônico nasce em seus lábios.
Observo sua mão enroscada no curativo fixa no volante claro assim como os assentos e meus olhos curiosos sobem querendo ver vais mais dele.
Correndo por seu braço um tanto musculoso coberto pela jaqueta de couro, aquilo é algo que parece naturalmente combinar com ele.
— As vezes eu posso ser um cavalheiro um pouco adverso.
— Um cavalheiro bruto — corrijo e volto meu olhar para o vidro revelando prédios mais altos que os outros.
É só uma questão de minutos até ele parar no prédio todo vidrado que minha mãe escolheu para chamar de casa.
E agora vendo essa situação com mais atenção, percebo que não falei para ele meu endereço, mas misteriosamente isso é algo que ele parece saber bem.
— Mas de algo tenho certeza, senhor cavalheiro bruto — posso ver nele um sorrisinho surgir no canto — Sua namorada — O sorriso desaparece — Não gostaria nada de saber que me deu uma carona.
Ele passa a mão nos cabelos escuros na pouca luz os deixando ainda mais desgrenhados de forma perfeita e suspira parecendo incomodado.
— Aqui o senhor cavalheiro não tem namorada. Nunca teve. Nunca vai ter!
— Mas como assim ? E a Poppy ela e você...
— Eu não sou tão burro ao ponto de me envolver seriamente com ela — Ele ri como se aquilo fosse uma piada. — Ela pode achar também que temos algo mais isso nunca vai acontecer.
— Você deveria dizer para ela, acho errado você deixar ela acreditar em algo que não é verdade.
— Acho desnecessário explicar algo tão óbvio — Ele para no sinal vermelho aproveitando a pausa para me olhar — Mas porquê tanto interesse no assunto ?
— Não é interesse apenas curiosidade.
Analiso seus ombros encolherem no assento, ele não parece muito confortável com essa conversa.
A felicidade dentro parece acender ao saber, que eu, Alissa Beasley, estava deixando Dylan Parker constrangido, parece que agora o jogo finalmente virou
— Você por vezes consegue ser muito curiosa Beasley — sussurrou ele, sem me encarar — Sabe, quando eu dou carona para outras garotas, que são bem poucas — Ele acrescenta.
Algo me diz que essa última parte é mentira.
— Elas normalmente fazem a conversar toda ser um flerte e ao menos elogiam meu carro. Elas não ficam me interrogando ou são "curiosas"
— Nem pensar que irei fazer a primeira opção mas eu posso elogiar o seu carro, se isso te deixa mais feliz — aviso e acaricio o tecido azul da minha mochila na tentativa de uma distração
O sinal abre e me viro o flagrando me observando, mas logo volta a atenção para a estrada, posso sentir minhas bochechas que antes eram geladas queimarem.
— Tenta a segunda opção. Já que não vai rolar à primeira — Ele sorri e me olha de canto antes de acrescentar — Infelizmente.
— Bom analisando bem foi uma escolha ambiciosa mas interessante — Comento acabando com o silêncio.
Fico pensativa e viajo até a oficina de meu pai quando ele avaliava os carros
— O primeiro modelo a quebrar a barreira das trezentas milhas por hora.
Eu estava me sentindo uma tola por isso mas sigo em frente sentindo o olhar aumentar
— O que mais me chama a atenção é o motor impressionante — Falo com sinceridade — 100cv a mais que o Chiron normal, o que não é pouco Super Sport concede melhorias aerodinâmicas e, também, na relação de marchas o que é bastante eficiente.
Me voltando um pouco para ele posso notar um pouco de surpresa pelos seus lábios um tanto entre abertos e para piorar não posso negar que ele é bonito e atraente quando é pego de surpresa.
— Resumindo ele é o mais rápido, mais interessante mais perigoso — Digo confiante ao ver ele sorrir — Mais riscos são uma coisa que sempre devemos
— Enfrentar na estrada — Ele completa ao mesmo tempo que eu diminuindo a velocidade.
Seu maxilar fica firme tenso e os olhos perdem o brilho, não sei se disse algo errado mas vindo de mim que na maioria das vezes falo besteira é bem provável.
— Meu pai costumava dizer o mesmo — comenta.
[...]
— Sua casa é a próxima, certo? — perguntou ele, calmamente.
— Sim. — Digo enquanto o carro parece abrandar mais.
Com certeza se esse cenário todo se passa-se em Riverwood a carona não passaria tão despercebida assim porquê em uma cidade de apenas 1487 habitantes sempre teria um ser inconveniente para espalhar o boato.
Espero que isso não aconteça aqui. Não quero ter nenhum envolvimento com alguém como o Dylan. Sei muito bem que tipo de atenção indesejada isso me traria.
— Como você sabe onde eu moro? — pergunto por fim, Dylan coçou a nuca antes de responder
— Eu acho que você não ia querer saber — começou, deixando-me curiosa. — Acredita.
Seus olhos castanhos caíram sobre os meus e ele umedece os lábios de forma lenta fazendo algo dentro de mim se revirar num giro de trezentos e sessenta, era estranho ver ele olhando apenas para mim, só para mim.
O carro para, me viro para ver minha casa. Voltei minha atenção para o Dylan, que tirará as mãos do volante e me observava parecendo quer dizer alguma coisa.
Ele se aproxima olhando para mim me permitindo sentir o cheiro fresco de seu perfume e entre abre os lábios liberado o cheiro de menta que se mistura de forma viciante com o do perfume.
Antes que sua voz grossa chegasse aos meus ouvidos os aquecendo de forma tão desejada, sou rápida agradeço pela carona e com o sorriso mais convincente para não ser grossa saiu do carro.
Enquanto caminho para dentro do prédio escuto o ronco do motor e os pinéus sobre o asfalto se distanciar.
Essa foi uma das noites mais estranhas da minha vida. O elevador rápido me traz logo para meu andar. Entro em casa e fui recebida por ambiente escuro, e um tanto melancólico.
Com minha mãe no meio dele ?
Algo está está errado.
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Perfect collision [Degustação]
RomanceAlissa sempre sonhou com o momento que iria entrar na faculdade e sair da "tortura" que ela chama de ensino médio. Só nunca imaginou que para isso teria de ir viver com sua mãe que ela quase nem conhece, se mudar da sua cidade pequena para Nova Yor...