─ Então você gostou mesmo da minha comida. ─ Ela abre um novo sorriso e se junta a mim na cama.
Eu me ajeito com o travesseiro nas costas e afirmo. Realmente estava tudo tão gostoso que poderia comer mais e mais ate explodir de tão gorda que eu ia ficaria. Aimee me lançou um sorriso cumplice, e eu tive a sensação de ela ter lido minha mente. Por algum motivo a companhia dela está sendo bem agradável, quando ficamos em silencio não parece ser constrangedor para nenhuma das partes.
─ É, você sabe escolher bem a comida ─ Brinco, aliviando um pouco a tensão dos meus ombros. Eu até que estava me entregando a uma conversa com a mulher, me sinto mais a vontade com ela.
─ Já é um elogio para quem não sabe preparar nem mesmo miojo ─confessa me fazendo cair na gargalhada, o que fez meus olhos pequenos se fecharem por total. Minha risada preencheu o quarto, eu sabia que Aimee estava me olhando. Meu rosto se esquenta só de pensar nisso, me pego igual a uma idiota de 16 anos que fica corada com tudo. Não sei bem o que esta acontecendo aqui nesse quarto, só que o clima é agradável e gostoso, estou gostando dessa atenção toda que a garota morena estava me dando.
─ Eu sei fazer todos os tipos de comida ─ me gabo, abrindo minha mão e alcançando um pedaço de maçã que estava bem arrumadinha no prato ─ Pelo menos eu tento, já que vou ter de me virar a partir de agora. ─ aponto, me arrependendo em seguida. Não quero que ela saiba que estou fugindo, seu olhar que nunca saiu de mim está mais afiado e curioso do que antes.
─ Por quê? ─ Perguntou.
O colchão da cama balançou e afundou quando ela se sentou mais próxima a mim. O seu perfume impregnou todo o quarto, e agora com ela perto pareço estar banhada com o cheiro de lavanda também em minhas roupas, aspirei todo aquele aroma gostoso que ela proporcionava. O quarto está quente e não tenho dificuldades com o frio, antes quando eu respirava fundo minhas narinas doiam por causa do gelado, mas agora não, pareço estar envolta de um grande cobertor macio e quentinho.
─ Vou morar sozinha. ─ me limito a dizer, não dando tantas informações. Ela pode ser agradável mas ainda não confio nenhum pouco.
─ Isso é bom! ─ exclamou, batendo com a mão em meu ombro. Seu toque era estranhamente ardido, me fez ficar arrepiada. Onde ela tocava parecia pegar fogo, não tem como não notar isso, ainda mais se "isso" chegou do nada no meu quarto como se fossemos grandes amigas.
Eu não consigo ignorar ela, é impossível, ainda mais se esta perto demais como agora. Me remexi na cama desconfortável, minhas bochechas se esquentam novamente e eu escondi o rosto com o cabelo molhado que caia solto. Não estou muito afim de mostrar para Aimee meu rubor desconhecido que nunca me aconteceu antes. A noite se seguiu muito bem com Aimee e eu cantando a musica Horns, uma das minhas musicas favoritas. A morena se despediu de mim e disse que viria me ver pela manhã, eu agradeci novamente e ela quase me atacou um prato na cabeça por eu ter pedido mais outro 'obrigada'. Foi uma noite gostosa com a companhia boa da Donovan, nem parece que meus problemas estão só começando.
******
Acordei com alguém socando a porta do quarto. Uma fresta do sol que atravessava a cortina bateu diretamente no meu rosto, eu resmunguei uma ou duas vezes antes de virar para o outro lado da cama e voltar a dormir, as pancadas que a pessoa desconhecida fazia ficaram cada vez mais distantes enquanto eu mergulhava em um sono profundo. Eu não sei quanto tempo dormi, só sei que acordei com Aimee me sacudindo pelo ombro. Abri os olhos ainda meio sonolenta, por que é que estou tão sonolenta assim?
─ Anna é melhor você acordar agora, tem alguém na recepção que esta quase socando um dos meus funcionários. ─ Ela disse, sua voz era distante e calma. Eu me virei para ela e soltei um gemido de desgosto.
─ Ta. E o que eu tenho a ver com isso? ─ Pergunto, minha voz ainda é rouca e grossa, a frase saiu bem mais seca do que eu esperava.
Aimee me lança um olhar rápido para que eu levantasse e se foi logo em seguida. Quem é que esta ai e por que eu tenho que levantar as 10:00 da manhã pra ver? Ou melhor, o que eu tenho a ver com isso mesmo?
Tirei a parte de cima do pijama e troquei por uma blusa longa, deixei aquele shorts mesmo com que eu dormi, porque a preguiça e vontade de me trocar estavam brigando entre si. Não me dignei a calçar nada, sai descalço da forma que tinha acordado mesmo. No meio do caminho eu já conseguia escutar as vozes alteradas e diversas vezes meu nome no meio de uma frase. Quando apareci descendo as escadas e vi que todos me olharam, incluindo o dono da voz grossa, meu coração erra uma batida.
Hayden está aqui.
─ Adlanna! ─ ele quase gritou. Eu estava prestes a me virar e ir embora, mas vi Aimee por perto com um olhar de cumplicidade para mim. Comecei uma oração baixa comigo mesma pedindo a os Deuses que não venha encrenca para o meu lado, o que eu sei que é quase impossível de acontecer já que eu sou a própria encrenca em pessoa.
O pior de tudo é que Aimee e os outros estão presenciando essa merda de cena que Hayden está criando. Eu vasculhei o local todo antes de me fingir de cínica para o garoto moreno. Mas pera ai, como é que ele me achou? De repente o calafrio percorre minha espinha e eu estremeço feito um gato, se tivesse pelos estaria toda eriçada.
─ O que você quer? ─ Fui direto ao ponto, odeio rodeios. ─ Você me expulsa e simplesmente aparece aqui como se nada tivesse acontecido com a maior cara de pau. Como conseguiu me achar?
Um sorriso pequeno reina nos lábios do Príncipe, seu olhos estão brilhando, ele sabia que conseguirá me irritar com sua presença. O rosto bonito de Hayden esta pálido como sempre, a boca carnuda e rosada parece ainda mais cheia e mais vermelha. Ele tinha olheiras abaixo dos olhos, mas sua beleza poderia ser vista de longe mesmo com isso. Meu coração bate forte dentro do peito como se fosse sair pela boca. Nunca entendi essa minha necessidade de sofrer toda vez que ele aparece, ainda mais minha pobre sanidade. Não, eu não gosto dele, só é estranho como ele me deixa alterada toda vez. Meu corpo esta tenso, e o dele também, vejo daqui. Hayden veste uma calça moletom preta com o simbolo do reinos estampada como trofeu abaixo do bolso da frente, a blusa é escuta também, bem marcada com o seu corpo.
─ Vamos conversar em outro lugar ─ ele não pede, ele ordena.
Tinha que ter crescido com o Lincoln mesmo para ser mandam desse jeito.
─ Não. ─ firmo os pés me recusando a sair dali com ele.
Hayden me olha franzindo as sobrancelhas como se eu estivesse falando em outra lingua. Ele só pode estar brincando, chegando aqui e achando que depois de tudo que aconteceu eu vou me limitar a obedecer seus mandamentos. Hayden sempre foi assim, o que me dava ódio todas as vezes. Seu sorriso desaparece e uma expressão de confusão está plantada no seu rosto.
─ Você vai sim, vamos conversar em um lugar que tenha menos pessoas. Preciso explicar tudo para...
─ Tchau Hayden. ─ aceno, me virando antes que ele termine de falar toda a merda que tem que falar. O que eu sei é que ele vai falar a mesma coisa que os outros, então prefiro voltar a dormir.
Nem morta eu vou conversar com esse traidor sozinha, nem morta. Pode ate ser o bastardo do meu irmão adotivo, mas não sou obrigada a fazer seus gostos.
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ʟɪᴇs ɪɴ ᴛʜᴇ ᴅᴀʀᴋ
Ficção AdolescenteAs pessoas falam, mas eles não sabem o que passamos. Você não pode fazer planos, apenas viva, como eu. As pessoas falam, eles não entendem o que aconteceu. Amor e dor andam de mãos dadas quando se trata de nós dois. digam o que quiserem, eu ainda...