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Hayden me chamou o tanto que pode, mas logo o som da sua voz cessou, ele deve ter ido embora. Saber que ele veio aqui me deixa irritada e feliz ao mesmo tempo. Ele me expulsou daquele castelo porque quis.. Pelo menos eu acho que foi isso. Merda! Eu não posso confiar nele, é um Versona, e não se confia em um Versona, experiência própria já que carrego o mesmo sobrenome.

Uma nuvem negra se formou na minha frente, pulei para trás por causa do susto, me colocando em modo de defesa. Seja lá o que for isso, não veio aqui me dar noticias boas. Esperei alguns segundos até que desse sinal de vida, mas nada. Cansei de ficar ali parada, não sei quanto tempo fiquei aqui esperando isso me atacar, só quero voltar a dormir e depois ir embora o mais rápido que eu puder. Hayden vai me achar em todos os lugares que eu for, só que eu vou dar meu jeito, ah se vou!

─ Anna, não dê as costas para mim. ─ alguém disse atrás de mim, eu me virei em um movimento rápido e encarei quem quer que fosse. Ele estava de mascara e seus cabelos caídos sobre o rosto coberto, o deixando misterioso. ─ não se lembra de mim?

Pensei um pouco, mas nada. Como eu poderia estar tão calma com um desconhecido perto de mim e usando essa desgraça na cara? Para falar a verdade, eu não sei se isso é só um sonho que vou acordar uma hora ou outra com uma baita dor de cabeça. Se isso for um sonho, acabe logo, não estou afim de enfrentar ninguém.

─ O que? Você é um babaca de circo que assusta garotas indefesas? ─ Pergunto com sarcasmo e escuto ele rir abafado por culpa da mascara.

─ Nós dois sabemos que você não é uma garota indefesa, Princesa ─ sua voz é grave e baixa, fez meus pelos se arrepiarem.

Meu coração começou a bater forte dentro do peito. Elijah. É o menino do bar que eu não dei bola. Será que ele veio se vingar de mim? Não sei se ele seria infantil a esse ponto, também não sei o que esperar vindo de um desconhecido. Como Elijah sabe meu nome? Ou melhor, que eu sou a bosta de uma Princesa? Isso fica cada vez estranho quanto mais eu penso.

─ O gato comeu sua lingua, doce Adlanna? ─ ele anda envolta de mim agora, o seu cheiro de café com menta me deixa inebriada e incrivelmente perdida.

Não consigo pensar em nada, quero correr e me esconder dele, chamar Aimee ou Hayden.. Não, ele não! Pare com isso Adlanna, não fique pensando nele assim como se fosse um maldito protetor para você. Meu subconsciente repreende.

─ Quem é você e o que quer? ─ fui direto ao ponto. Elijah para a minha frente e faz um movimento estranho com a cabeça, contorcendo ela como uma cobra, para lá e para cá.

─ Eu quero você, querida. ─ ele disse, me fazendo ficar boquiaberta com sua declaração. Quase me engasgo com meu próprio ar e meus batimentos cardíacos cessam.

Só consigo sentir uma dor aguda na minha nuca. Tudo gira e fica escuro. Antes que meu corpo despenque fraco no chão, grandes braços me envolvem pela cintura. Se eu não estivesse tão desorientada jurava ter sentido um choque elétrico correr pelas minhas veias.

****

Acordei em uma cama diferente da do motel, essa é macia e tem uma coberta grossa e travesseiros espalhados por ela. Não reconheço esse lugar e já estou com pressentimentos ruins. Não há ninguém aqui comigo, sou só eu e as paredes. Vasculhei cada canto daquele quarto, reparando no máximo que conseguia.

O cômodo é grande, maior um pouco que meu quarto do castelo. As paredes tem uma tonalidade bege rosinha que deixa um ar mais confortável. Tem um armário marrom claro no canto da parede perto de uma nova porta, essa eu acho que dá acesso no banheiro. Tem um criado mudo perto da cama onde estou, na verdade, tem um de cada lado, ate parece um quarto de casal, a cama é grande demais para uma pessoa só. Tem aquelas almofadas de sentar espalhadas sobre o carpete peludinho do chão em cor cinza, bem limpo e exalava um cheiro gostoso de lavanda e produto de limpeza caro. Há uma penteadeira bonita da mesma cor que o armário, o espelho contem luzes de led. O que me chamou a atenção foi as janela meio porta que dava para uma varanda, sim, uma varanda.

Joguei o cobertor pesado que me cobria para o lado e pulei da cama na mesma hora. Corri para a janela, mas ouve um problema no meio do caminho; minhas pernas amoleceram e só senti o impacto do meu corpo contra o chão. Meus ossos doiam e latejavam, eu estou fraca. Escuto minha barriga roncar, estou faminta, poderia comer o estoque de comida de um supermercado. A primeira coisa que me vem a cabeça é a comida saborosa de Aimee o que faz meu estomago roncar mais alto e fazer doer toda a região do meu abdômen. Mas só um segundo..

Aonde diabos eu estou?

"Vamos... alimentar Anna, ela deve... estar faminta" uma voz diz meio abafada do outro lado da porta.

Entro em choque. Estou jogada no chão, meus cabelos sobre meu rosto e minhas pernas abertas como um sapo. Me forcei a levantar, mas não consigo fazer meu corpo me obedecer. As vozes foram ficando mais nítidas do outro lado, seja lá quem for, esta parado pronto para abrir a maldita porta.

─ Vamos lá Anna, levante! ─ me encorajo. Deus como isso é difícil!

Me joguei no chão denovo, minha pele sente os fiapos felpudos grudando nas partes suadas do meu corpo. Meu rosto voltasse para o lado e não acreditei quando dei de cara com uma cadeira na frente da penteadeira. Isso pode me ajudar a levantar. Me arrastei para perto da penteadeira, apoiando meus braços na cadeira e me impulsando para cima. Vou conseguir! Repito a mim mesma. Não sou de desistir tão fácil assim, só se eu ver que é algo que não tem jeito mesmo.

"O que você acha que ela come?" alguém pergunta. Lutei para não revirar os olhos e o responder.

Comida, Imbecil, Comida!

Tento levantar me segurando na borda da madeira, infelizmente a desgraçada virou e derrubou tudo que tinha nela em cima de mim, me fazendo cair para trás e voltar a estaca zero. Só pode ser brincadeira! Não consigo nem fazer nada direito sem chamar a atenção de todo mundo, incluindo os caras na porta. A porta foi aberta mais rápido do que eu pensei, batendo contra a parede rosa com força, tomei um susto grande com o barulho. Escuto eles correrrem para perto de mim e segurarem cada um em um braço meu.

Ótimo, era só o que me faltava!

─ Não quero a ajuda de vocês! ─ rosnei, me debatendo em seus braços.

Não quero a ajuda de ninguém.

─ Minha nossa como você é ingrata, Versona. Vejo que os anos não deixara-lhe mais graciosa. ─ alguém diz perto da porta.

Eu já escutei aquela voz antes, na verdade eu a escutava o tempo todo. É Ciaran, meu irmão, meu Ciaran! Mas o que esse menino esta fazendo? O que diabos esta acontecido aqui?

ʟɪᴇs ɪɴ ᴛʜᴇ ᴅᴀʀᴋ Onde histórias criam vida. Descubra agora