Capítulo 14

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05:37h era o horário que marcava em meu celular. Acordei um pouco mais cedo hoje. Deve ser pela ansiedade que toma conta de mim.
Ontem a noite eu havia marcado com a Ju de buscar ela mais tarde para "saírmos". Fiz questão de não contar pra onde vamos. E apesar de ela saber fazer uma chantagem, me manti firme. Passei a semana toda planejando o dia de hoje, não seria uma chantagem muito bem feita de Juliana que estragaria a surpresa.

Optei por não treinar hoje, por mais que minha consciência pese, valeria a pena.
Levantei da cama e tomei  um banho demorado.
Por ser inverno, o sol nem havia nascido ainda.

Preparo um suco verde e como um pouco de cereal. Essa ansiedade toda me deixou sem fome.
Enquanto as horas passam, fico fuçando o Twitter até mais tarde.

Minha mãe me liga perguntando como estou e como sempre, cheia de drama com o papo de saudades. Tento responder da melhor forma possível, dizendo que também estou. Assim como a Ju, minha mãe também sabe ser persistente. Ela me chama pra almoçar, já que é domingo. Mas digo que tenho outros planos, e só assim ela desencana.

-Irmão? Eu tô com saudades! Eu sei que você tá saindo com aquela moça da novela, quando vai trazer ela aqui? -Maria Fernada me diz do outro lado da linha. Só de ouvir a voz dela meu coração se enche de amor, minha irmã era um doce. Quase esqueço de responder sua pergunta.
-Como você sabe disso, Fefeca? -pergunto.
-Eu não sabia. Falei pra ver se você se entregava. -ela ri e no fundo ouço minha mãe dar risada de mim também.
-Você me pegou, né? Foi a mamãe que mandou você falar isso, dona Maria Fernanda?
-Foi! Ela me obrigou, irmão!
-Eu sabia! Mas avisa a Giselle que a gente tá só saindo, mas quem sabe eu leve a Ju aí sim, qualquer dia desses.
-Eu gosto dela. Ela é bonita. -Maria Fernanda responde. Eu posso sentir a verdade na fala de minha irmã.
-Ela é bonita, né, Fefe? Eu também acho. E pra ser sincero, eu também gosto dela. - falo a última frase baixinho para somente Fefeca escutar.
-Eu sei. -ela diz no mesmo tom.
Me despeço de minha mãe e minha irmã e Fefeca me faz prometer que vou levar a Ju pra ela conhecer.

Ligo pra joalheria e pergunto se minha encomenda já está pronta, eles me garantem que ficará pronta por volta das 14:h.
Enquanto tento me entreter no celular, vejo que são 9:43h, provavelmente a Ju ainda não acordou, mas mando uma mensagem de bom dia mesmo assim.

"Bom dia, moça bonita. Não esqueceu do compromisso hoje, né?"

Não demora muito até sua resposta chegar, o que me deixa surpreso. Juliana nunca acorda antes das 11h quando está de folga. Fico encantado em o quanto a gente já conhece um do outro então pouco tempo.
"Bom dia, moço bonito. Não esqueci. Pelo contrário, nem dormi direito. Maldade isso de me deixar curiosa."

A mensagem de Ju me faz rir, e muito. Morrendo de dó por a deixar curiosa, mas feliz por isso também.
"Eu percebi que a senhorita não dormiu direito. São 09:56h e Juliana acordada? Milagres que o universo faz."

"Tá rindo de mim, Nicolas? Pois eu não acho graça. Continua assim e eu nem saio mais com você."
O medo tomou conta de mim. NADA podia dar errado hoje. Nada. Ligo pra ela. Não demora até ela atender.
"Como assim não sai mais comigo?"
"Oi pra você também! Eu tava brincando, Nicolas."  -ela ri.
"Oi. Não brinca mais com isso, Ju. Por favor."
"Nicolas? Eu não to entendendo..."
"Não precisa entender. Só não brinca assim comigo. Quase infartei." -brinco com a situação.
"Por que não posso brincar assim?"
"Porque tô planejando a noite faz um tempo, se você não saísse comigo eu te sequestraria."
"Não vai me contar o que é né? Nicolas eu não gosto disso."
"Você vai saber, mais tarde... Vem cá, Fefeca me ligou e perguntou quando eu vou te levar lá."
"O que você respondeu?"
"Que logo, logo eu te levo, ué."
"Você nem me perguntou se eu quero ir. Até porque, a gente não tem nada né? Não estamos namorando." ela fala rindo. Isso me magoaria se não fosse brincadeira. Cuidado, Juliana. Cuidado.
"Ah, não temos nada? Desculpa eu pensei que você gostasse de mim. Vou ter que cancelar a noite, foi mal."
"NICOLAS! Você nem é doido." ela me ameaça.
"Foi mal, Ju. Não vou continuar saindo com você. A gente não tem nada. Tchau, vou alí chorar."
"Nicolas!" ela ri. "Para de graça, seu bobo! Claro que eu gosto de você. E se você cancelasse a noite, eu morreria. De curiosidade, é claro."
Quantas vezes eu vou ir ao céu e voltar ouvindo a Ju dizer que gosta de mim?
Sou louco nessa mulher.
"Ham, sei. Vou desligar agora. Tchau Ju."
"Tchau, Nicolas. BeijÚ!"

Talvez eu tenha me apaixonado por esse "BeijÚ". Talvez. Só talvez.

O resto do dia passa um tanto rápido eu diria, para minha sorte.
Aqui em casa já estava tudo pronto, as flores, as velas.
Já tinha passado na joalheria e fiquei encantado com tamanha qualidade. Espero que a Ju goste.
Tomo outro banho, me visto e pergunto pra Ju se ela já está pronta.
"Sim, vc vai subir ou quer que eu desça?"
"Tanto faz, já tô saindo daqui."
"Sobe então, vou te esperar."

Ju e eu passamos o dia trocando mensagens e quanto mais o tempo passava, mais nervoso eu ficava. Cada mensagem dela me fazia tremer. O que Juliana Paiva fazia comigo?
Antes de sair, boto músicas pra tocar.

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Dona Cristina abre a porta e me cumprimenta. Minha "futura" sogra era um amor de pessoa. Ela pede pra sentar e esperar que a Ju já desce. Tenho certeza que ela percebeu meu nervosismo, porque ela rí enquanto diz isso.
Gilmar não estava na sala, o que me faz agradecer mentalmente. Não que eu não gostasse dele, só não queria que percebesse meu nervosismo também.

Juliana aparece na sala e toma toda minha atenção. Ela está deslumbrante. Simples, sem muita maquiagem e nem muita produção, mas ela alí, naquele momento, era a coisa mais linda que eu já vi.
Lembro-me da minha foto e da Ju, a do dia da Corrida e Caminhada Contra o Câncer de Mama que achei no Twitter. 2 anos desde a primeira vez que falei com ela. Eu tremia tanto, todo nervoso. Como agora. A diferença é que lá minha paixonite era secreta, hoje, estava a minutos de demostrar isso a ela. O universo fez questão de nos juntar, e eu agradeceria a isso todos os dias.

Quando a chuva tem que cair... Ela cai!Onde histórias criam vida. Descubra agora