Capitulo 11

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Era sexta, estavamos no Projac gravando a última cena do dia. Mais tarde iria almoçar e ir à praia com Nicolas, sem contar o cinema.
No começo fiquei com um pouco de receio por conta da nossa diferença de idade, mas depois pouco me importei. Nicolas era muito maduro pra idade dele, além do mais, o que realmente importa é que estamos felizes, certo?
Nós não estávamos namorando, nem mesmo saímos após a noite em que fomos comer um japa, mas os dias de gravação ao lado dele estão sendo ótimos. Não conversamos sobre relacionamentos ou qualquer coisa que envolvesse sentimentos, mas ambos sabíamos o que cada um sentia.
Minha mãe, como não era boba, sabia o que estava rolando, mas dessa vez, não falou nada, por incrível que pareça.
-Ei, Ju! Quer que eu te deixe em casa? -Nicolas se aproxima um pouco mais de mim quando a gravação acaba.
-Não precisa. Não quero te dar o trabalho de me deixar e depois ir lá de novo.
Eu realmente não queria dar esse trabalho.
-Que nada. Não incomoda. Pelo contrário, assim fico mais um tempinho com você. Mas se preferir eu posso passar lá em casa e depois te levar na sua, ai te espero. -ele diz o que parece ser uma ótima ideia.
-Tudo bem, -concordo- acho que não vou demorar.

-Ei, casal! -grita Felipe, mas já se aproximando -cês tem alguma coisa pra fazer hoje a noite?
-Nós vamos ao cinema. -Nicolas responde por mim também.
-Ah! Então o casal finalmente assumiu! - ele põe a mão em meu ombro e me puxa pra perto de sí.
-Somos só amigos, seu engraçadinho! -digo revirando os olhos e saindo de seu "abraço".
-Isso é o que ela fala. -Nicolas diz baixinho, ao que parece, uma afirmação pra sí mesmo, mas alto demais para eu e Felipe ouvirmos.
-Nicolas!!! -digo o rempreendendo com o olhar.
-Tô brincando... Mas vem cá, por que a pergunta cara? -ele pergunta a Felipe.
-Então, eu tava comentando com o Rodrigo que podíamos sair todos juntos um dia, aí ele curtiu a ideia. Então cá estou eu, convidando vocês. Mas o "casal" já tem compromisso.
-Ah! Que pena que não vai dar. Tô morrendo de saudades dele -digo- mas com toda certeza a gente marca outro dia.
-Gostei da ideia. -diz Nicolas.
-Falou então, aproveitem o cineminha. -Felipe faz um coração com as mãos.
-Falou! -dizemos juntos, eu e Nicolas, rindo.
Felipe sai e vamos para o estacionamento.

O caminho até a casa de Nicolas é tranquilo. Nicolas pôs algumas músicas pra tocar e me diz que essa era uma playlist que ele fez pensando em mim.
Fiquei realmente encantada, e fiz questão de dizer isso a ele.
Não pude deixar de reparar nas letras das músicas, elas eram um tanto sujestivas.

Quando chegamos ele se vira pra mim:
-Cê quer entrar? Eu não vou demorar, mas queria que você conhecesse minha casa. -ele diz.
-Tudo bem, eu entro. -respondo.
-Certo. -ele desce e já abre minha porta. Até hoje, ele continua abrindo a porta pra mim, e apesar de achar muito fofo, isso me incomoda agora, me sinto desconfortável. Acho que é porque o nível de intimidade avançou, e abrir a porta pra mim faz parecer que somos desconhecidos. Da próxima vez vou lembrar de ser mais rápida, ou simplesmente lembrar de dizer isso a ele.

O apartamento de Nicolas o lembrava muito, um tanto moderno e um tanto, digamos, clássico.

-Já volto, vou ali me vestir e pegar minha roupa de praia tá? -ele fala indo em direção de, ao que parece, ser o seu quarto -Cê pode ficar a vontade.
Sento em seu sofá e não espero muito tempo até ele voltar com uma bermudinha e uma camiseta azul lisa. Já falei que Nicolas Prattes fica lindo de azul?
-Nada mau. -digo.
-Cê acha? -ele pergunta se aproximando.
-"De certo que sim". Podemos ir? -pergunto tentando "fugir" dele. Pelo que me conheço, se ficassemos alí por mais alguns minutos, não iríamos a praia.
-Claro, claro...

Já em minha casa, Nicolas preferiu ficar no carro. Meus pais estavam em casa e ele não queria ser o motivo de perguntas a mim vindas de minha mãe, e eu não quis questionar dizendo que era bobagem.

Como havia pedido, dona Cristina já tinha deixado um biquini separado, então o vesti, e por cima pus um vestidinho branco com tons "manchados" de azul, mas não era o mesmo tom de azul que Nicolas estava usando.

-Foi rápido hein. -Nicolas fala quando entro no carro.
-Eu sei. -digo piscando no final, e posso ouvir seu risinho nasal. Seus lábios formam um sorriso.
-Tudo bem, então. Pronta?
-Como sempre estive. -respondo com olhar bem de convencida mesmo.
-Juliana, uma mulher de poucas palavras.
-Cê ainda não viu nada.
Ele não diz nada, apenas mostra um belo sorriso pra mim, e se não me falta interpretação, parece estar esperando por isso.

A praia hoje estava calma para uma sexta a tarde. Nicolas e eu decidimos almoçar por lá mesmo, já que assim sobraria mais tempo de aproveitarmos o dia de sol, ao invés de almoçar no shopping.
Enquanto esperamos por nosso almoço, conversamos bastante e tiramos algumas fotos. A conversa tava super boa, riamos o tempo todo e ele parecia encantado com alguma coisa. Talvez pelo meu humor. Hoje eu estava um tanto "soltinha".

-Ju, mudando de assunto. Cê sabe que eu não tava brincando quando falei aquilo pro Felipe né?
-Sobre sermos amigos?
-Sim.
-Eu sei que não.
-E...?
-E que não, eu não te vejo como um amigo, Nicolas. -digo calma, porém afirmativa. Não gosto de joguinhos nessas horas.
-Eita, por essa eu realmente não tava esperando. -ele diz olhando pras mãos e depois pra mim novamente. - Então estamos na mesma, Juliana. Eu não te vejo como amiga, aliás, não via a muito tempo. Lembra da corrida do câncer de mama? Que a gente até tirou fotos juntos? Sempre fui "gamadão" em você, pra não dizer doido e te assustar.
-Sério? EU que não esperava por essa.
-Não quero te assustar, prometi pra mim mesmo que quero deixar as coisas rolarem, se tiver que ser, vai ser.
-Quando a chuva tem que cair, cai. -completo.
-Exatamente. Sei que você já passou por coisas ruins com o Laham como você mesma contou, então não quero apressar as coisas. Só queria saber se você tava na mesma frequência que eu estou.
-Se eu estou na mesma frequência? Ah, pode crer que eu estou.
-Ótimo.
-Acho o mesmo. -pisco o olho esquerdo pra ele.
Nosso almoço chega e Nicolas come o tempo todo de olho em mim.

Depois de comermos, estamos sentados de frente ao mar, conversando e curtindo a brisa marinha. As mãos de Nicolas estão em minha cintura e eu sentada entre suas pernas.
-Bora dar um mergulho? -ele pergunta depois de um tempo.
-Boraaa -eu digo levantando e tirando meu vestido, ficando de biquíni. Sinto os olhos de Nicolas grudados em mim.
Ele também tirou a camiseta e a bermuda, ficando de sunga e não posso deixar de admirá-lo.
-Que foi, Juliana? -ele pergunta e eu percebo que estava a alguns segundos olhando pra ele.
-Humm, nada. Desculpa.
-Você tá linda.
-Eu digo o mesmo.

-Para de babar por mim e vem logo! -ele fala enquanto ia em direção ao mar.
-Sim, senhor! -vou atrás dele.

Nicolas faz o favor de me molhar sem nem antes sentir a temperatura da água, o que me faz ficar arrepiada. A água estava muito gelada.
Em busca de vingança, tento correr atrás dele, mas é em vão. Ele é mais rápido que eu. Desisto. Me viro e vou caminhando mar a dentro.
-Já desistiu, Ju?
-Já. Impossível competir. -digo e dou um mergulho.
Quando volto a superfície, vejo que ele também mergulhou.
Vindo em minha direção, Nicolas fica cada vez mais perto de mim. Seu olhar era diferente. Desejo? Ternura? Não sei.
-Já falei que você é linda? -ele diz agora com o rosto em meu pescoço.
Seus braços em volta da minha cintura, me prendendo. Ele solta uma das mãos e percorre por meu rosto. O polar roçando meus lábios. Minhas mãos estão em suas costas nuas. Ele me olha nos olhos, um olhar lindo e profundo.
E então me beija.




Quando a chuva tem que cair... Ela cai!Onde histórias criam vida. Descubra agora