A Mulher Do Boss - Saga Destinos Livro 1 -

Capitulo 13.

Entramos na enorme mansão, haviam seguranças espalhados em pontos estratégicos, uma recepcionista, ruiva, com o uniforme todo branco nos recebeu com um sorriso no rosto.
— Que bom que vieram, nossos líderes irão adorar saber que vocês chegaram! – A mulher fala.
— Pode deixar que eu levo eles querida! – Lorena, mulher do Zé, fala dispensando a mulher.
— Ela me deu medo! – Rafaela fala fazendo todos segurarem o riso.
— Medrosa! – Thomas fala provocando ela.
— Se comportem, crianças! – Lorena fala.
— Essa bateu no coração. – Bryan fala e chegamos até a mesa onde ficaríamos durante a cerimônia de abertura.
Nos sentamos por ordem de idade, Tio Léo e Tia Annie, Thomas, Kauan, Rafaela, Bryan e eu, que nasci dois minutos mais tarde que Bryan.
Ficamos sentados com eles por um bom tempo, minutos depois, o salão ficou em silêncio, um homem de cabelos ruivos, de não muito mais que sessenta anos, com olhos em um tom de verde claro, sua barba estava comprida, também ruiva, seu terno cinza escuro, quase preto, com toda a certeza foi feito sob medida, sua pequena barriga ainda assim, foi levemente realçada por seu terno, sua expressão era a mais impecável e seu rosto permaneceu rígido, um pouco atrás dele, havia uma mulher de cabelos castanhos e pele bem branca, ela usava um vestido vermelho e permaneceu o tempo todo com os olhos direcionados ao chão e a mão dada para o homem ruivo, que acredito eu, que seja o atual líder da máfia. Atrás dele, dois seguranças visivelmente armados acompanhavam seus passos.
Por alguns segundos, desejei que ele parasse de andar pelo salão e que meus olhos não encontrassem as duas figuras masculinas que estavam prestes a surgir logo atrás dele, mas, assim que levantei meu olhar novamente, encontrei os olhos fixos de Tyson, que parecia feliz em me ver. Tyson estava vestindo um terno cinza claro, provavelmente, também feito sob medida para ele, seu corpo ficou ainda mais bonito com o terno.
Ao lado de Tyson, vestindo um terno preto feito da mais pura elegância, estava Thiago, seu cabelo estava raspado e seus braços tinham mais músculos do que eu lembrava, seu rosto mostrava uma expressão séria, dura e inquebrável. Ele passa seus olhos por todos do salão, assim que chegaram aos meus, quis desviar o olhar, mas não fiz, Thiago pareceu buscar se o que ele via era real ou apenas uma projeção da sua mente, meu coração acelerou e o senti pulsar na minha garganta, um leve arrepiou percorreu por toda extensão das minhas costas e não consegui definir se essa reação havia sido positiva ou não. Seus olhos castanhos escuros, quase pretos, não se desviaram dos meus, sua expressão mudou, expressando dúvida, sua postura se manteve, mas pude ver seu peito subir e descer mais depressa.
Sua respiração está acelerada assim como a minha. Ele está nervoso!
Desviei o olhar, voltando a olhar para a mulher que entrou logo atrás deles, seu cabelo curto preto se destacava no vestido da cor azul escuro. O homem ruivo que estava subindo no palco que havia ali. Tyson e Thiago também subiram enquanto a mulher que o acompanhava ficou sentada em uma das cadeiras que havia na mesa que eles ficariam durante o jantar.
— Boa noite a todos! Agradeço a presença de vocês! Meu nome é Mikhail Bakhtin e, é uma honra recebê– los na minha casa! Como devem saber, esse é Thiago Miranda, que irá me substituir em breve, ao lado dele, Tyson Miranda, irmão de Thiago e ao lado deles, minha neta, Kenya. Aos meus convidados, depois da dança que acontecerá logo após o jantar, alguém irá vir buscar vocês para levar a sala de reuniões onde iremos, tratar dos nossos assuntos, aos demais, bom jantar! – Mikhail fala e seu sotaque Russo o deixa ainda mais sério e misteriosos, tento não olhar para Thiago e falho miseravelmente, pois assim que nossos olhares se encontraram, Bryan me cutucou levemente e eu voltei a olhar para a mesa.
— Tem alguém comendo a Sophia com os olhos! – Rafaela fala debochada.
— Cala a boca, que sua torta de climão já vai chegar! – Falo e ela ri.
Mikhail se retirou do palco e uma das funcionárias anunciou que deveríamos ocupar a pista de dança.
Kauan e eu, fomos dançar, assim como os outros. Thomas dançava com Rafaela e Bryan tirou Kenya para dançar, o que foi corajoso e louco, já que ela é neta do chefe da máfia. Mikhail dançava calmamente com a sua acompanhante, enquanto analisava todos nós dos pés à cabeça, seu olhar parecia tão severo que só me senti segura depois que lembrei que estava armada e que poderia sair da reunião a qualquer momento.
Quando a música parou, sorri para Kauan que sorriu também, mas logo fechou o sorriso, logo, outra música começou a tocar, então, continuamos dançando.
— Sophia, como está o seu coração? – Kauan pergunta.
— Bem, porque? – Pergunto.
— Thiago vai chegar aqui em três segundos! – Kauan fala e eu tranco a respiração.
Meu coração acelerou ainda mais, tentei me convencer de que não era porque Thiago estava esperando que eu virasse para olha– lo depois de cinco anos sem o ver. Kauan fechou sua expressão e arrumou a postura, segurou minha cintura levemente e então, tomei coragem para virar e olhar para a pessoa que trazia todos os sentimentos do passado novamente átona.
Dizem que amar alguém, é como gostar de dias chuvosos e ter medo de trovoada. Amar nos traz medo, deixar de amar nos traz, em alguns casos, dor. Assim que me virei, ficando de frente para ele, comecei a enfrentar a minha própria tempestade de medo, que eu nem sabia que tinha, mas com toda certeza, meu coração sentia.
Os olhos de Thiago foram de cima a baixo por todo o meu corpo, ele parou por alguns instantes e pareceu formular a frase que estava prestes a dizer, seus olhos se fixaram nos meus o que me causou outro, frustrante arrepio.
— Kauan, é bom te ver novamente! – Thiago fala e meu irmão mantém a expressão em seu rosto.
— Bom te ver também TH! – Kauan responde e eu permaneço imóvel.
— Sophia, podemos dançar a última música? – Thiago pergunta e eu seguro minha respiração.
A quatro anos, tudo ficou para trás e eu segui em frente, mesmo precisando de meses para superar o que havia perdido naquela noite, durante aquela festa. Agora, em outra festa, depois de vários anos, meu passado estava diante de mim me oferecendo uma dança que com toda certeza, traria de volta lembranças que neguei por todos esses anos, trazendo de volta o perigo de deixar meu coração sentir emoções que ninguém além do homem diante de mim, havia despertado, parecia aterrorizante me deixar embarcar em algo que traria isso novamente, mas ainda assim, não deixou de ser atrativo.
Meu coração permaneceu acelerado durante os instantes que levei para formular a resposta.
— Claro. – Falo em um tom mais baixo do que o comum.
— Com licença! – Kauan fala se afastando e indo até a tia Annie.
Thiago me deu uma das suas mãos e posicionou a outra na minha cintura, agradeci por estar de salto pois Thiago tem 1.87 enquanto eu tenho 1.55 de altura.
Começamos a dançar em silêncio, travando uma luta interna com nós mesmos.
— Você está tão linda! – Thiago fala e eu respiro fundo, evitando xingar ele mentalmente por estar usando o mesmo perfume a anos ou por ter falado comigo.
— Não precisamos ter essa conversa Thiago! – Falo e ele ri de lado, vendo meu nervosismo estampado no meu rosto.
— Você ainda é a única pessoa que me chama de Thiago. – Thiago fala e eu respiro fundo, me amaldiçoando por não conseguir chama– lo de TH.
— Desculpa! – Falo e ele encara meus olhos.
— Eu gosto. – Thiago fala e eu sinto meu coração disparar.
Quando minutos tem essa música?

— Fico feliz que tenha aceitado o convite de Mikhail. – Thiago fala e eu reviro os olhos.
— Como se Tyson não tivesse contado. – Falo e ele ri.
— Senti falta do cabelo ruivo! – Thiago fala tirando uma mecha de cabelo do meu rosto.
— Algumas coisas mudaram, desde que você foi embora! – Falo e isso soa com mais magoa do que eu queria.
— Escuta, eu queria ter mantido contato, mas era arriscado. – Thiago fala se justificando.
— Você não precisa se explicar! – Falo.
— Eu quero! – Thiago fala.
— Atenção! O senhor Mikhail solicita a presença dos convidados pessoais dele, no escritório! – Kenya, neta de Mikhail fala no microfone e me solto dos braços de Thiago.
— Eu te acompanho. – Thiago fala e eu nego com a cabeça.
— Eu vou com os meus irmãos! – Falo.
— Tudo bem, te vejo na sala de reuniões! – Thiago fala e eu respiro fundo, andando até os meus irmãos.
— Sophia sobreviveu ao terrível TH. – Bryan fala rindo da minha cara.
— Gêmeo do mal, calado! – Thomas fala e eu abraço ele.
— Por isso você é o meu anjo dos olhos azuis! – Falo e Thomas sorri.
— Gente, o chefão quer todos na sala de reuniões. Tudo bem pirralha? – Kauan fala e eu concordo com a cabeça.
— Vamos a toca do leão – Falo e começamos a andar até a sala de reuniões.
Um dos seguranças da mansão nos acompanhou até a porta da sala de reuniões e pediu que aguardássemos até nos chamarem pelo nome para entrarmos.
— Atenção! Os nomes que eu chamar podem entrar e ocupar suas cadeiras! Diego Bonamorte, Raiane Bonamorte, Pedro Henrique Fragança, Analu Fragança, Caleb Fragança, Leonardo Morais, Annie Marie Morais! – O segurança chama e eles vão até a porta e entram.
Reconheço os nomes que foram chamados, meu pai é aliado do morro da rocinha, sendo assim, conheço todos desde pequena, principalmente Laura, filha dos comandantes.
Caleb é a única criança a entrar na sala junto com Analu, acho que por ser pequeno e não entender sobre os assuntos a serem tratados.
— Os próximos nomes podem entrar! Laura Bonamorte, Gustavo Fragança, Kauan Harvelle Novack, Thomas Harvelle Novack, Bryan Harvelle Novack, Sophia Harvelle Novack, Rafaela Morais! – O segurança fala e entramos na sala.
Mikhail está sentado na ponta da mesa, Thiago e Tyson nas duas primeiras cadeiras da mesa, assim como os outros nas cadeiras seguintes, sentem ao lado do Bryan, Thomas e Kauan estavam bem a nossa frente. Rafaela ficou ao meu lado assim como Laura que ficou ao lado de Gustavo, algumas outras pessoas também entraram na sala que estávamos e ocuparam as cadeiras vazias.
— Bom, agora que todos estão sentados, presumo que Eduardo já tenha adiantado o assunto. Queria conhecer todos pessoalmente e cumprimentar vocês e dizer que a partir de agora vocês terão duas opções. Ficar aqui e fazer o treinamento físico, mental e o preparatório para a iniciação ou, ir para Sótchi na Rússia e passarem por todo o treinamento lá, fica a escolha de vocês. O treinamento deve começar daqui a cinco semanas! – Mikhail fala e eu respiro fundo.
— Agradecemos a vocês por virem, estão liberados – Thiago fala e então, começamos a sair da sala.
Mikhail segurou Thiago e Tyson na sala de reuniões até nós saímos da mansão, nossos carros já estavam prontos para irmos embora mas antes de ir, me despedi da Laura e então, fomos para a casa.
Quando chegamos em casa, tomei uma ducha rápida, coloquei um pijama curto com estampa de ursinhos e deitei na cama do Thomas assim que ele abriu a porta do quarto depois de sair do banho, já de pijama ele se deitou comigo, puxando as cobertas para ele.
— Você está bem? Com toda essa situação? – Thomas pergunta e eu faço uma careta
— Bom, três dias atrás eu briguei com Diogo e mandei ele embora da minha vida e agora, eu acabei de sair de uma reunião mafiosa com meu primeiro e ex namorado cujo dancei uma música extremamente longa e senti meu coração quase parar, então, acho que se cair um meteoro em cima da casa, eu posso sobreviver! – Falo e Thomas gargalha.
— Cara, eu queria ter seu alto controle pirralha. – Thomas fala e eu começo a rir.
— Gostava de quando éramos só nós com nossos problemas, sem mais pessoas ou corações. – Falo e ele faz carinho no meu cabelo.
— Só fomos esse tipo de pessoa quando estávamos nos úteros das nossas mães! – Thomas fala e eu gargalho.
— Eu amo você Thomas! – Falo abraçando ele.
— Eu amo você maninha! – Thomas fala e então, dormimos.

Thomas sabia que algo estava me perturbando, mas preferiu não tocar exatamente no assunto durante essa noite, meu irmão e eu sempre tivemos um código para avisar que algo estava fora do controle.
Nosso acordo é que quando as coisas saiam do lugar, iremos para o quarto do outro, deitaremos na cama e veremos filmes ou séries e só falaríamos sobre o assunto se quiséssemos, caso contrário, esse seria nosso ponto de fuga, hoje, eu precisei dele e ele me fez sentir segura novamente, mesmo ainda estando assombrada pelo meu passado.