Dizem que a morte é previsível, que normalmente sentimos ela, que sabemos quando está na hora, de finalmente, dizer adeus.
O escuro. O vazio. Às vezes, tudo que nos resta de vida, está preso a vontade de rever as melhores lembranças das nossas vidas ou as piores, mas as vezes, a morte é apenas o silencio imenso que nos rodeia, a escuridão que nos cerca, sem deixar um traço de vida a qual possamos nos apegar.
Um barulho ensurdecedor domina meus ouvidos, tento abrir os olhos mas noto que estou fraca demais para isso.
Sinto algumas mãos mexerem o meu corpo para o lado, em seguida, algo que parece ser uma placa de metal é colocada embaixo da mesma, e então, eu relaxo, a gravidade, ou o que quer que seja, me puxa pra baixo, e subitamente eu necessito relaxar em meio à força me puxando.
Dois aparelhos são colocados sob meu peito, sinto o choque me puxando de volta, quase me acordando e novamente, sinto algo me puxar, eu quero lutar mas meu corpo quer se entregar, o choque percorre mais uma vez meu corpo, o processos se repete por cinco ou seis vezes, até sentir que, não haveria mais choques, apenas a escuridão diante dos meus olhos.
Meu corpo é puxado, não sinto mais as mãos ágeis que antes ajudavam a me manter resistindo a força que quer me levar, não à mais ao que resistir.
— por favor, ele te ama! – A voz feminina e calma de alguém soa aos meus ouvidos, tento me debater, mas é em vão.
— Vamos Sophia! RESISTA! – Ela grita, e novamente sinto o choque, essa vez, abro os olhos lentamente.
— Isso! Estabilizamos! – A voz comemora e eu sinto meus olhos sofrerem com a claridade.
— Sophia, sou a doutora Emma, estou cuidando de você. Você levou um tiro, ficou duas semanas em coma induzido! Consegue me ouvir? – Emma pergunta e eu aperto a mão da mesma em resposta.
— Sei que está difícil! Só continue respirando! – Emma fala e eu fecho os olhos e me concentro em respirar.Três Meses depois...
Emma entra no meu quarto, prendendo seus cabelos vermelhos, ela sorri quando me vê sentada.
— O que eu falei sobre esforços? – Emma pergunta e eu sorrio.
— Sentar não é um esforço! – Falo e ela ri.
— Vou te transferir para um quarto hoje! – Emma fala e eu noto um tom de preocupação em sua expressão.
— Emma, porque ninguém veio me ver desde que acordei? – Pergunto e ela muda a expressão.
— Thiago e Mikhail, descobriram de onde veio a bala que atingiu a sua cabeça! Estamos em guerra desde que você chegou! Thiago está furioso com tudo, principalmente com a assinatura da bala! – Emma fala e eu a encaro.
— assinatura? – Pergunto e ela assente.
— Todo membro da máfia italiana tem uma assinatura e balas personalizadas com a mesma, o problema é que, o homem que fez você sofrer o acidente à quatro anos é o mesmo que tentou te matar agora! – Emma fala e eu me assusto.
— Meus pais e os outros.? – Pergunto e Emma respira fundo.
— estão aqui na casa, mas estão trabalhando na investigação para descobrir o dono da assinatura! – Emma fala e então encerramos a conversa.
Emma saiu do quarto pouco tempo depois de me examinar e prescrever mais medicamentos. O barulho das maquinas que controlam meus batimentos são, literalmente, minha companhia constante.
Horas mais tarde, ainda com os olhos fechados, escutei os passos de alguém entrando no meu quarto, mas não abri os olhos, acreditando que fosse outra das quatro enfermeiras que vem de hora em hora, me dar remédios.
— Queria entender o porquê de cada vez que eu me aproximo, você parar em um hospital! – A voz suave e de Thiago ecoa por meus ouvidos.
— Você precisa entender que, não é culpa sua! – Falo baixo, mas ele escuta.
— Não sabia que você estava acordada, desculpa! – Thiago fala e eu seguro sua mão, assim que ele tenta se afastar.
— Não se culpe por isso, por favor! – Falo e ele me encara.
— A quatro anos você parou em um hospital Sophia! A história está se repetindo cada vez pior! – Thiago fala alterando o tom de voz.
— Mas não por escolhas nossas! – Falo quase gritando.
— E eu vou fazer o que? Deixar você morrer por minha causa? Eu te coloquei na máfia, naquele palco! – Thiago fala e cerra os punhos.
— Foi uma decisão minha! Eu concordei com o meu pai! Eu fiz a escolha sabendo dos riscos Thiago! – Falo e ele se afasta, visivelmente irritado.
— Eu não posso ser cruel ao ponto de ser egoísta com você Sophia! – Thiago fala respirando fundo.
— Porque você estaria sendo egoísta? – Pergunto e ele me olha, fixamente, prendendo minha atenção aos seus olhos.
— Porque, eu te amo! Mas te amar, é como te colocar na mira de todos os meus inimigos, e eu não ligaria se fosse a minha vida à ser perdida, mas é a sua, e ver você em um caixão, doeria mais que morrer da pior forma possível. – Thiago fala deixando escapar uma lágrima
— Eu não ia te contar isso, mas, na iniciação, era o seu nome que eu ia chamar pra ser o guardião da minha vida e da minha morte! – Falo e tranco a respiração, sentindo minha cabeça girar.
— O que isso quer dizer? – Thiago pergunta, segurando a minha mão.
— Thiago, meu coração ainda está uma bagunça e uma mistura de tudo que aconteceu nos últimos meses, mas algo em mim, ainda está ligado a você. Não pense que não tentei desfazer isso, cheguei a acreditar que sim, eu nunca mais reagiria a você como há quatro anos, mas quando você voltou, tudo voltou! – Falo e vejo um sorriso brotar em seu rosto.
— Como vou dizer Adeus para você depois disso? – Thiago pergunta e eu olho pra ele.
— Você não precisa ir a lugar nenhum, se não quiser! – Falo e ele me abraça.
— Eu preciso caçar uma pessoa, devo levar alguns dias até achar ele, mas eu volto assim que puder! – Thiago fala e eu mudo minha expressão.
— Você já sabe quem foi? – Pergunto sentindo meu peito se apertar.
— Sim! Lamento que seja desse jeito, sem um julgamento! – Thiago fala e eu o encaro.
— O que você está escondendo? Porque não vai ter julgamento? – Pergunto e ele hesita antes de falar.
— Porque não quero que ele te veja! – Thiago fala com raiva novamente.
— Posso saber o porquê? A máfia julga todos os acusados Thiago, porque esse não? – Pergunto.
— Porque esse, é Diogo Santini! – Thiago fala e sai do quarto.
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A Mulher Do Boss - Saga Destinos Livro 1 -
RomanceSinopse: história de Sophia Harvelle Novack. A filha mais nova de Bernardo e Lia, infelizmente não herdou a sorte dos pais para o amor, Sophia foi ameaçada diversas vezes durante sua vida, por inimigos que nem ela mesma sabia o nome, até que um d...