Na manhã seguinte, completamente por fora do horário, apenas sabendo que estava amanhecendo, Lance acordou. Muito sonolento, constatou que o jovem esquimó, que se dizia ser um urso polar, ainda estava deitado parcialmente sobre seu corpo, e sobre os cobertores que os envolviam, havia uma camada fina de neve.
— Lucca... — O sacudiu um pouco. — Acorde, já é dia. — Parecia mais como se não quisesse acordá-lo realmente. Fitou aquele rostinho perfeito enquanto estava preso em algum sonho bom. Meu Deus, como alguém pode ser tão lindo, inclusive quando está dormindo?
As sobrancelhas de Lucca franziram e ele fez uma careta quando despertou.
— Dia...
— Bom dia. — Lance sorriu quando o garoto olhou-o apenas com um olho e deu-lhe um meio sorriso. — Dormiu bem? Ainda está fazendo muito frio.
Lucca ainda franziu mais o rosto, antes de acordar completamente e se sentar ao lado de Lance, que também sentou-se.
— Estava tão bom. — Ele se espreguiçou, então voltou a se enrolar em um dos mantos, tremendo consideravelmente quando a brisa passou por eles. — Melhor nós continuarmos. Não falta muito para chegarmos ao meu vilarejo. Você vai gostar de lá, é tão bom quanto as cidades dos humanos. — Comentou com um sorriso que fez o peito de Lance aquecer, mesmo com todo aquele frio. — Temos um espaço bem quentinho dentro das casas, com lareiras, e um lago termal que ninguém faz ideia de que exista naquela parte do Alasca.
Depois de se arrumarem, se agasalhando muito bem, além de se envolverem com cobertores extra quentes que Lance tinha encontrado em uma das mochilas que resgatou do avião, eles continuaram a jornada. Os cães estavam alimentados e cheios de energia, então eles os acompanharam a passos rápidos, porém cuidadosos, porque naquela região, a profundidade da neve era maior, e suas pernas praticamente foram engolidas pelo gelo macio.
Depois do campo branco, em meio àquela imensidão, a paisagem tinha ficado mais fácil de enxergar. Lance notou a cadeia de montanhas ao redor, considerando que não fazia parte do mapa que ele conhecia.
— Aquele não é o monte Mc Kinley? — Apontou para um lado. Que ele soubesse, o monte também chamado de Denali, que significava 'O Grande', era o maior de todo o Alasca. Mas estava diferente visto daquele ângulo. Talvez ainda maior.
— Sim. — Lucca balançou a cabeça. — Mas a magia não permite que ele seja explorado até lá. Por isso muitos não conseguem ultrapassar os limites e entrar nessa região. Estamos em uma área muito mais baixa, deve ser por isso que parece maior.
Lance ergueu uma sobrancelha, confundido. Magia? Lucca dizia umas coisas meio maluquinhas de vez em quando e ele parecia um rapaz tão normal... e tão bonito. Talvez ele tinha alguma espécie de atraso mental ou algum parafuso solto.
Foram cerca de algumas horas até que no caminho, a paisagem das montanhas ao longe, fossem substituídas por milhares de pinheiros e outras árvores que se misturavam, todas cobertas por neve. Lucca mostrou o melhor caminho e Lance estava admirado que em nenhum momento tropeçou ou teve algum deslize.
— Eu conheço essas terras desde que era criança. E tenho minha cota de viagens por este mesmo caminho. Eu sei o que estou fazendo, não se preocupe.
— Como você consegue?
Lucca olhou-o curioso. — Consigo o quê?
Ser tão bonito?
— Não é nada.
E eles continuaram andando. Lance estava por trás e não conseguia parar de olhá-lo. Mesmo que desviasse, seus olhos sempre se voltavam para Lucca. Sua atração era estranha, era como algo enraizado dentro dele desde sempre. Nunca imaginou um sentimento que apareceu tão fácil e tão de repente apenas por ver aqueles olhos escuros e bonitos pela primeira vez fitando-o. Depois disso, ele ficou abalado, e ainda pior com o beijo suave que recebeu à noite.
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Denali [Romance Gay]
RomanceLance Walker é um biólogo americano que recebe a proposta de viajar para o Alasca para uma expedição de seis meses com um conjunto de pesquisadores. Vítima de um acidente catastrófico, Lance se vê perdido na imensidão de neve e montanhas sob um inve...