Capítulo Final

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Lance apenas se sentiu um pouco mais calmo depois de um copo d'água. A última notícia levou seu fôlego e razões para longe, deixando-o à beira de um ataque de pânico, ou sabe-se lá que sensação era aquela, mas foi desesperadora.

Lucca estava paciente, sentado ao lado dele e esperando pelo que estava por vir. Ele tinha tentado explicar, porém pelo nervosismo, nada muito coerente foi compreendido por Lance.

— Bem, vamos lá. — Se endireitando no sofá antigo, olhando diretamente para o esquimó tímido, Lance soltou outro suspiro antes de continuar. — Diga-me com detalhes, mas de uma forma que eu entenda.

— Hum... bem... — Lucca lambeu os próprios lábios ressecados com o nervosismo. — Eu sou um urso ômega. E de acordo com as nossas tradições, existe apenas um homem como eu a cada século, capaz de ser um ômega.

Lance assentiu, a ideia entrando em sua mente pouco a pouco para ele decifrar. Havia sido fácil crer em ursos metamorfos depois de receber uma prova visual da verdade, entretanto, crer que Lucca – um homem – estivesse esperando um filho dele, isso sim tinha sido a coisa mais... nem mesmo sabia como descrever a surpresa.

— E o que os ômegas fazem? O que os torna diferentes dos demais? — Tinha ideias sobre isso, mas preferiu ouviu os detalhes direto do esquimó.

— Então... o ômega é aquele que traz prosperidade para a tribo de ursos. Ele é quem controla a magia que nos protege do mundo. Sou eu quem evita que olhos alheios nos encontrem, além de permitir a paz e a fartura em alimentos, mesmo que as condições não sejam favoráveis.

— Oh... — Lance agora entendia como os esquimós possuíam tanta fartura de alimentos e especiarias estranhas na tribo. Tentava imaginar de onde vinha tanta coisa durante um inverno tão rigoroso. — Bem, isso eu já tinha ouvido antes.

— Sim. — Lucca torcia as mãos em seu colo. —– O ômega é um escolhido do destino. Ele já nasce com seus propósitos... e ele é o único que possui um companheiro de alma.

— Companheiro de alma? — Lance ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Sim. — O garoto sorriu docemente para ele. — O destino escolhe apenas uma pessoa para ser o seu companheiro no amor. Mas infelizmente muitos ômegas morrem solitários, por que o destino brinca e às vezes seus companheiros não estão disponíveis na tribo, mas talvez, muito longe dela. E se ele se afasta, a tribo fica desprotegida.

— Mas... e quando você vai a Talkeetna? — Lance estava gostando da compreensão que estava tendo. Parecia uma história milenar entre os ursos. — A tribo não fica desprotegida?

— Oh, então... — Lucca se empolgou. — Não fica! Por que eu ainda estou próximo!

— Hum. — Seus olhos cresceram. — Isso é bem legal.

— Sim! — O sorriso de Lucca era brilhante. — Mas não é apenas isso. O ômega é sempre um homem e seu companheiro também é sempre um homem.

O queixo de Lance caiu.

— Mas... funciona?

— É claro! — O riso de Lucca era gostoso. — Por isso os ômegas são os únicos capazes de engravidar. Embora isso apenas seja possível se for do companheiro que eles possuem dado pelo destino. O coração de alguém como eu, jamais se apaixonaria por outra pessoa e você também jamais conseguiria amar outro alguém. É natural, não é verdade?

Lance estava completamente atônito. Isso explicava como ele nunca antes havia se apaixonado verdadeiramente por alguém. Seus relacionamentos foram baseados em sentimentos momentâneos. E agora aqui estava ele, sacrificando tanta coisa, apenas para ter de volta um rapaz que ele conviveu durante duas semanas ou mais. Sendo capaz de qualquer loucura por ele.

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