Capítulo 4 - Se apaixonando

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Lance estava muito curioso sobre a forma de sobrevivência daqueles "não humanos". Depois de que Lucca mostrou a ele seu lado urso, foi impossível não acreditar. Eles realmente tinham esse poder, e embora parecesse um bocado peculiar, era bastante fofo e, ainda assim, assustador.

— Você vai ficar bem, rapaz. Foi apenas uma fratura que irá melhorar com um pouco de tratamento. — Disse o ancião, um tipo de curandeiro da tribo deles. Era um senhor de idade e de longos cabelos grisalhos.

— Obrigado, senhor.

Lance deixou a casa do curandeiro com o braço bem enfaixado, além de ter uma tala e permanecer imobilizado contra o peito. Percebia que algumas pessoas o observavam com curiosidade, outras evitavam olhar para ele como se fosse uma ameaça. Entretanto, Lance caminhou normalmente e decidiu encontrar Lucca, para que ele pudesse mostrar como funcionavam as coisas no vilarejo.

Olhava com admiração para a cadeia de cavernas, uma ao lado da outra naquele lugar que de longe lhe pareceu uma cratera em meio a um mar de neve. O lago era muito bonito também, algumas pessoas corajosamente se banhavam nele. O comércio era simples, apenas contendo coisas manufaturadas e artesanais a serem vendidas, além da comida, da caça e dos arranjos de pele costurados como vestimenta. Encontrou Lucca em uma barraca com sua mãe.

— Vocês também vendem? — Perguntou curioso quando se aproximou, olhando para os objetos que Lance soube ser de Talkeetna, ou talvez de outras cidadezinhas mais ao longe.

— Lance! — Lucca sorriu amplamente para ele e chegou ao seu lado. — Eu busco muitas coisas para vender. Então nós contribuímos para o crescimento do vilarejo, além de poder nos sustentar.

— Uau, isso é ótimo! — Não deixou de notar também que haviam caças para serem vendidas além de outros objetos, e ele se perguntou se por acaso Lucca sabia caçar.

— Mãe, vou mostrar o vilarejo para ele. Nos falamos depois! — Ele acenou para sua mãe, que tinha nos braços um bebê, e para o par de irmãs mais novas. Lance ficou surpreendido que Lucca tivesse irmãs gêmeas de cinco anos e um irmão bebê. Ele era o primogênito, mas pelo que notou, não era o sucessor de seu pai como líder do vilarejo. Era apenas uma impressão... mas que o deixou muito curioso.

— Como está seu braço? — Lucca perguntou depois que eles saíram, andando lado a lado em torno da piscina natural. — Desculpe não ter te acompanhado para falar com o ancião... Meu pai me deixou a manhã inteira de castigo.

Lance fez uma careta. — Sinto muito por isso. Eu estou bem, o curandeiro de vocês me disse que isso vai sarar logo com tratamento. Então não acho que terei condições de ir embora enquanto estiver me tratando, não é? — Sorriu, mas a face de Lucca entristeceu. — O que foi?

— Eu não gosto quando diz que terá que ir embora... — Ele mordeu o lábio inferior entre os dentes, sacudiu a cabeça e esboçou um novo sorriso. — Vou te mostrar tudo!

— Ah... hum. — Sorriu um pouco sem jeito.

Lucca gostaria que ele ficasse?

Isso parecia um pouco emocionante, embora Lance não queria se envolver tanto porque mais cedo ou mais tarde teria que ir embora dali.

-*-*-

— Este é o meu quarto. — Lucca abriu com certa dificuldade a porta de madeira e ambos entraram no recinto. Estava com vergonha de Lance estar vendo o local onde dormia, porque não era grande coisa, mas ainda assim sentia essa necessidade de mostrar tudo o que conhecia ao seu companheiro. — Eu durmo ali. — Apontou para um amontoado de peles que era muito confortável na sua opinião. — Aquelas são as coisas humanas que eu coleciono... e ali onde guardo minhas roupas. — Apontou para uma estante e então para um guarda roupa feito artesanalmente, tudo em madeira.

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