Meus dedos já estavam dormentes àquela hora de começo de noite. Procurava incansavelmente algum programa interessante na TV, mas nada pareceu me agradar. Eu continuava vestida com as roupas de James, que hoje em dia ficavam mais largas em mim do que há um ano.
- Melhor você se arrumar – James disse com sua voz calma enquanto entrava na sala vestindo apenas uma toalha.
- O quê? – Falei confusa.
- O show de Campbell – Me olhou nos olhos como meu pai costumava fazer.
Pigarreei.
- Eu não estou no clima de festa, James.
- Eu sei que você quer ir, Penelope – Suspirou. – Minha irmã deixou umas roupas aqui antes de ir para a Espanha, pode pegar o que quiser.
Eu ri, tentando disfarçar, mas não consegui.
- Eu achei que ficaríamos aqui hoje. Assistindo algum filme bobo na TV – murmurei, tentando não demonstrar o quão ansiosa eu estava. Algo dentro de mim borbulhava; acendia e pegava fogo.
- Penelope – Ele falou em tom de repreensão, chegando cada vez mais perto e sentando-se ao meu lado no sofá. – Não tem problema. Vamos, quero ver como esse tal Campbell Carsley toca.
Suspirei e assenti com a cabeça, como se aquilo fosse realmente um grande sacrifício pra mim. Subi as escadas em direção ao quarto da irmã de James. Eu não me lembrava muito bem dela, só que se parecia muito com Alice. Aliás, era sua melhor amiga antes de mim. Conheço-a apenas pelo o que James me contou sobre ela: extremamente manipuladora e insuportável. "Metida como uma vadia desses filmes americanos", uma vez ele me disse. Envolveu-se em muitos problemas aqui e se mudou para Londres por alguns meses, mas agora morava na Espanha. Parece que arranjou um cara por lá. Também a conhecia por sua fama no colégio. Era um tipo de Regina George inglesa, e Alice uma de suas seguidoras cegas e fieis. Eu não estudava em Westland na época de seu "reinado", mas de uma coisa eu sabia: Alice tentava ser ela. Talvez por ter cansado de ser manipulada por muito tempo, ela decidiu fazer os outros de escravos, assim como era feita antes. Era certo também que Alice não havia sucedido muito bem em seu plano, já que não passava de uma cópia mal feita de Jessie Jackman.
Os pais de James, pelo o que me pareceu, não haviam sequer tocado no quarto da filha depois de sua partida. Fotos ainda estampavam a parede rosa do grande quarto. Eu gostava de fotos, e isso não era nenhuma novidade. Rolei meus olhos uma por uma, observando cada detalhe. Jessie tinha longos cabelos escorridos louros e olhos claros como a água. Sua boca estava sempre pintada de vermelho, e seus olhos pintados de preto, mas sua maquiagem sempre borrada, como se ela tivesse saído de uma festa a todo momento. Ela nunca sorria, porém. Sempre estava com a mesma cara forçada de tédio, talvez para parecer diferente ou mais legal do que as outras, que sorriam ao ver o flash. Uma das garotas sorridentes – que hoje imitava a cara de tédio – era Alice Duncan. E eu que sempre a achei a mais bonita de todas, agora me surpreendia. Alice não era nada comparada à Jessie. Na foto em que as duas estavam juntas a outras garotas na praia, Alice aparentava 14 anos, idade em que começamos a virar amigas. Seu cabelo ruivo, hoje longo e brilhante, era na verdade curto e sem graça, e seu sorriso não era bonito como é nos dias atuais. Seu corpo era tampouco atraente.
Em várias das fotos, também estavam estampados os rostos de vários garotos. Talvez todos eles tivessem passado pela cama em que eu estava sentada agora, mas que estava perfeitamente arrumada, como se, há muito tempo atrás, alguém tivesse a organizado e ninguém nunca mais houvesse dormido ali.
Entrei no antigo closet da garota. Não imaginava que ela havia deixado tanta coisa pra trás. Encontrei ali desde camisetas brancas e simples até casacos de pele. Jessie era pura ostentação no auge de suas maldades. Era triste pensar que uma personagem tão excêntrica como ela estava aos poucos sendo esquecida pelos corredores de Westland High School. Talvez de tão fútil chegava a ser interessante.
Aquele closet era como um País das Maravilhas. Mexi e remexi nos cabides, tentando achar algo que me apetecesse, algo não muito extravagante, mas também não muito simples. Vasculhei, mas parecia impossível. Vesti no mínimo cinco roupas diferentes. Um vestido rosa bebê em babados, que... Bem, ficou extremamente ridículo. Eu parecia com uma Barbie num baile de formatura em meados dos anos 60. Outro, que era púrpura e justo, porém brilhante demais. Vesti também uma saia preta da qual gostei bastante, mas estava com um furo bem na parte do quadril.
- Versace – Ri sozinha ao fazer um sotaque italiano quando disse o nome da grife que estampava a etiqueta do vestido que eu acabara de pegar.
Vesti-o, e – finalmente! – gostei do que vi. Era preto e justo até a área debaixo de meu colo, e depois ficava mais largo e num tecido mais leve até a metade da minha coxa. Não era chamativo, e ficava bom no meu corpo tão gordo e desajeitado. Também não era "chique" demais ao ponto de eu ter que despejar meu bom e velho amigo all star. Arranquei de um dos cabides uma jaqueta de couro que cheirava a armário, me fazendo espirrar algumas vezes. Chacoalhei meu cabelo para ele parecer volumoso, mas aquilo foi uma péssima ideia. Fios e fios caíram ao chão, o deixando cada vez mais ralo. Suspirei, sem me olhar no espelho e desistir da ideia de ir ao tal show. Logo que saí do closet, encontrei James andando lentamente pelo quarto, observando as fotos com atenção, assim como eu antes.
- Você sente falta dela? – Perguntei.
- Nem um pouco – Ele riu, mas eu sabia que não estava falando a verdade. – Estamos atrasados.
- Muito? – Fiz uma careta e James riu.
- Uns 40 minutos.
- Merda, James. Vamos!
Ele riu mais uma vez e puxou minha mão com pressa e cuidado. Saímos correndo da casa e entramos no grande carro de James e fomos em direção ao pub, que não ficava muito longe, mas que hoje pareceu muito mais distante apesar do tamanho da cidade em que vivíamos. O trânsito parecia piorar a cada minuto, como se todos em Torquay houvessem decidido de última hora ir ao show de Cambo. Para piorar a ansiedade que latejava em meu peito, James ficou silencioso e inquieto durante todo o caminho. Não trocou nenhuma palavra comigo, e presumi que estava pensando na irmã mais velha. Havia um pouco de amor guardado por ela dentro dele, era óbvio, mesmo que não retribuído da parte de Jessie.
- É aqui – Finalmente ouvi sua voz novamente.
O nome do lugar era Charlotte. Era um dos mais antigos pubs da cidade, e diziam os donos que os Arctic Monkeys tocaram lá, mas ninguém afirma ou se lembra de tal show. Quando mais nova, meu sonho era entrar lá, talvez pela fama de "apenas drogados e bêbados frequentam o Charlotte". Começou nos anos 80 como um lugar de encontro para punks, mas não foi para frente, já que Torquay sendo uma cidade praiana não atraía muitos rebeldes na época. Depois embarcaram em todas as modas dos últimos anos. De fãs de Nirvana até fãs de Simple Plan.
A fila não era das maiores, apesar de perceber que lá dentro estava cheio e que Cambo, Cody e o restante de sua banda (que eu não conhecia por ter passado meses longe da escola) já começava a tocar.
- Seu RG? – Um grande e gordo homem negro num terno me pediu. Eu estava tão confusa que nem ao menos percebi que estava prestes a entrar no pub, e que ele era o segurança.
- Eu... Eu esqueci em casa. – Dei a primeira desculpa que apareceu em minha mente.
- Ah, claro. Próximo! – O homenzarrão gritou e me empurrou de leve para o lado.
- Ei! Você sabe quem eu sou? – James grunhiu. – Sou James Jackman. E ela está comigo.
Ao dar ênfase no seu sobrenome poderoso, o segurança nos olhou confuso, e depois de muito pensar, disse:
- Tá legal. Podem entrar – Resmungou, mas nos deu passagem.
- Eu sabia que te namorar teria alguma vantagem – Murmurei.
Entrei no Charlotte e minha cabeça começou a girar. Talvez pelo calor que emanava no calor, o bafo quente que batia contra meu corpo fraco e frio. Ou então por saber que a voz que eu escutava era de Campbell – sua inconfundível voz rouca. Eu não conseguia o ver, mas conseguia sentir sua presença de alguma maneira dentro de mim. O lugar estava lotado de pessoas de todos os tipos, e fotos de Hendrix, Cobain e Sid Vicious estampavam as paredes.
- Eles não tocam tão mal assim – James gritou em meu ouvido. Eu apenas sorri e corri meus olhos para o palco, puxando a mão do garoto comigo.
Minha cabeça girava e latejava, assim como todos em minha volta ficavam em segundo plano. Empurrei qualquer pessoa que estivesse em meu caminho. Meu corpo pulsava para vê-lo. Eu precisava ver seus olhos verdes mais uma vez. Precisava sentir que ele estava ali. Seu sorriso e sua maneira irritante de me deixar parecendo uma garota de 12 anos.
Então finalmente o encontrei.
Não prestei atenção na letra da música, muito menos me importei de ser empurrada o tempo todo. Eu apenas observava Cambo tocando, tão feliz como eu jamais poderia fazê-lo. Ele estava realizando seu maior sonho – e eu não podia deixar de gostar disso. Não podia deixar de gostar de ouvir sua voz saindo pelas caixas de som, nem das centenas de pessoas pulando de acordo com o ritmo. Ele, com sua guitarra e sua voz maravilhosa fazia meu estomago revirar. E eu sabia que ele nem ao menos conseguia me enxergar no meio de tanta gente, mas só de estar ali eu me sentia bem. Em pouco tempo eu tirava meus pés do chão com a multidão e decorava uma parte ou outra pra cantar junto. Até James estava gostando – o que era bem improvável.
E as músicas foram se seguindo assim. Os que antes estavam sentados agora se levantavam na certeza de que não ficariam mais parados. Naquele momento me arrependi de todas as vezes em que Cambo me chamou para ouvir suas demos e eu recusei por conta das drogas de lanches que sua mãe insistia em fazer.
Campbell era bom. Muito bom. Extremamente bom. Sua banda era um daqueles perfeitos grupos de adolescentes bonitinhos – mas que tinham muito talento. Não me surpreenderia se daqui a alguns anos sua banda – da qual eu ainda não sabia o nome – estivesse lotando estádios.
Depois de uma música chamada Saturday Night, eles pararam para respirar um pouco. Cambo riu e tomou um gole em sua garrafa de água e disse com seus olhos brilhando:
- Essa próxima música é um cover que com certeza todos conhecem – Riu mais uma vez, deslumbrado com todas aquelas pessoas. – É a música favorita da minha namorada, então... Essa é pra você, Alice.
(N/A: Clique para escutar)
O sorriso em meu rosto aos poucos foi se apagando. Meus olhos aos poucos começaram a lacrimejar e minhas pernas aos poucos a falhar. QuandoCambo cantou foi como cair de um penhasco. Sua voz estava mais linda especialmente nessa música. Tinha mais sentimento do que nas outras. Ele cantava com os olhos fechados, colocando sua alma na voz rouca que saía de seus lábios. Ele cantou com paixão.
Quando seus olhos se abriram encontraram os meus pela primeira vez em muito tempo. Aquela palpitação, aquela sensação foi passando aos poucos e foi como se só houvesse eu e ele ali. Apenas eu e Campbell. Fiquei paralisada, assim como tempo e as pessoas. Tudo ficou como em câmera lenta e eu apenas podia ouvir o tom de sua voz entrando em meus ouvidos, dançando por minha pele. A cada agudo, a cada grave, eu podia senti-lo. Podia senti-lo dentro de mim, cantando para mim. Seus olhos verdes cravados nos meus só provavam que por mais ele quisesse, aquela música não era para Alice.
Mas não. Eu não podia aturar aquilo. Podia aguentar muita coisa, mas não aquilo. A realidade percorreu meu corpo como um choque repentino, e então senti toda a fraqueza e frustração me atingindo em cheio. Senti seus olhos mais distantes, senti Campbell cada vez mais longe de mim. Enxuguei meus olhos e me virei em direção à porta. Empurrei as pessoas em meu caminho sem um mínimo de educação e finalmente coloquei meus pés para fora do Charlotte enquanto aquela maldita música continuava tocando. Anossa música.
Me recostei na parede e abaixei minha cabeça, respirando e tentando entender o que parecia ser incompreensível. Meu coração arfava enquanto eu ouvia o som abafado do fim da música e das pessoas gritando. Eu não podia! Não podia – e nem queria – me apaixonar, muito menos amar alguém. Muito menos amar Campbell! Eu não era boa – nem forte – o suficiente para amá-lo. Nem ele para fazer o mesmo por mim.
James correu atrás de mim, e se aproximou lentamente, talvez com medo de mim.
- Você sabia que eles estavam juntos? – Perguntei sem sequer olhá-lo nos olhos. James pigarreou. – Por que você não me contou, James? Por quê?
Ele ficou em silêncio, me olhando sem saber o que fazer. Meu estômago se remexia dentro de mim como jamais fizera antes. Meus ouvidos pareciam explodir e minhas mãos tremiam sem parar. Eu estava fora de mim – agora, e no momento em que decidi sair de casa. O que eu esperava, afinal? Que Campbell me visse e então se apaixonasse por mim novamente? Que ele então descesse do palco e me beijasse?
Respirei fundo mais uma vez e então olhei para James. Seus olhos claros cravados em meu rosto exalavam o desespero de não saber o que fazer pra me ver. Era até reconfortante saber que havia alguém ali, que apenas me observasse desmoronar. Ele estava lá por mim. Ele estava me ajudando, mesmo sem saber. Ou mesmo sabendo, talvez.
- Alice é boa de cama? – Perguntei rindo com a voz trêmula e olhos marejados.
- O quê? – Ele me olhou, assustado. – Ela... Bom, a Alice? Ah, você sabe...
- Fala logo, James.
- Ela é sim. É que, você sabe, ela já é meio que experiente – Ele disse olhando para o chão –Você é melhor.
Não falei nada, apenas ri comigo mesma, e então nós dois suspiramos.
- Obrigada – Eu falei. – Não por isso.
- Eu entendi – James sorriu um sorriso tímido. – Vamos.
James passou suas mãos por meus ombros, mas antes deu um leve beijo em minha testa, como sempre fazia todas as manhãs. Olhei no fundo de seus olhos por alguns segundos, e senti um respingo de felicidade surgir nos meus. Meus lábios formigavam e pediam pelos seus, mas me contive em apenas recostar minha cabeça em seu ombro e aspirar seu doce cheiro que lembrava-me meu lar – se é que eu tinha um. Ele então me levou até seu carro lentamente. James ligou o rádio, e me olhou com um certo ar de pena. Era até irônico que a música que tocava no rádio era uma versão de Something. É engraçado como quando você está se sentindo mal o rádio toca as piores músicas possíveis. Como se alguém estivesse ali esperando o momento certo para tocar aquela música, ou por pura conspiração e ironia do destino.
- James, esse não é o caminho da sua casa – Falei, olhando pela janela.
- Eu sei – Sorriu, confiante.
Fiquei quieta, porém não estava curiosa. Apenas grudei meu rosto na janela de vidro enquanto nós andávamos pelos lados desertos da cidade. Antes que eu percebesse, já passava das três da manhã e não havia mais casas, nem prédios. Apenas uma longa estrada vazia e mar nervoso atrás de nós.
- Chegamos – James disse e olhei-o confusa.
Nós saímos do carro e eu permaneci sem dizer uma palavra. James colocou sua blusa por cima de mim já que o vento era mais forte e mais gelado aqui do que na cidade. Olhei em volta e não havia nada mais do que nós, o mar e a escuridão.
- Você ainda tem medo do escuro? – Ele me perguntou.
- Um pouco – Disse, tremendo de frio. – Onde estamos?
- Em lugar nenhum – Ele falou calmamente, respirando o ar puro profundamente.
Eu podia ouvir o som das ondas batendo, nervosas e arrematadoras na praia. Olhei para trás e a única coisa que vi foi o carro, um pequeno trecho da estrada e muito mato. Era uma praia completamente deserta. Quando olhei para frente, com muita dificuldade pude enxergar um pequeno barco deixado na praia. James me guiou até lá e eu apenas o olhei confusa, como sempre.
- Vem – Murmurou.
- James... Tem certeza de que é seguro?
- Claro que é. Esse barco está aqui há uns dez anos.
"Jenny" era o nome do barco, pintado em azul e agora desbotado. E embarcação era pequena, cabiam no máximo duas pessoas. A madeira do chão rangia a cada passo que eu dava, mas isso não me assustou quando vi James assumindo o timão e fingindo ser um capitão.
- Sai daí, seu maluco! – Eu ri. – Isso é sequestro, você sabia?
James sorriu e me abraçou novamente. Seus pelos estavam eriçados de frio, e por alguns segundos me senti culpada por estar com sua blusa.
- Olhe as estrelas, Penny – Ele sussurrou em meu ouvido.
Então o fiz. Olhei para o céu escuro, e... Uau! Jamais vira céu tão brilhante. O céu deixava de ser escuro quando se olhava para o alto. As estrelas brilhavam como pontinhos prateados. Como joias das mais valiosas. Elas dançavam e formavam formas. Pelo menos, eu gostava de imaginar assim. Gostava de imaginar que eu podia ver qualquer coisa nas estrelas, como se elas fossem uma forma de escapar da realidade.
- Eu lembro quando você me disse que gostava de estrelas – James riu. – Por isso te trouxe aqui.
- Obrigada – Falei ainda deslumbrada com um céu tão maravilhoso.
Nossas mãos se entrelaçaram finalmente. Minha cabeça se encaixou em seu pescoço e ficamos daquele jeito por um bom tempo, em silêncio, apenas aproveitando nosso momento. James depois me ajudou a descer do barco e nós então deitamos na areia gelada e úmida. Nossas mãos se entrelaçaram e minha cabeça se recostou em seu peito. Eu pude então sentir seu coração batendo calmamente, diferente do meu, que estava tão acelerado quanto confuso. James me olhou com seus grandes olhos claros - agora mais claros do que nunca - e então me beijou lentamente e silenciosamente.
- Você gosta dele – Murmurou, mas não decepcionado como achei que estaria.
Apenas dei um meio sorriso sem graça. Minhas pernas foram naturalmente para cima das suas, e me virei de uma maneira que nossos rostos ficassem a centímetros um do outro. Fechamos nossos olhos juntos, conformados com o rumo que nossas vidas seguiram separadas. Conformados com o fato de que não podíamos mais ficar juntos como um dia eu quis, e como ele agora queria. Descansamos com o vento gélido balançando nossos cabelos e nos fazendo tremer repentinamente algumas vezes.
Nossas mãos permaneceram entrelaçadas por toda a madrugada.