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Sabe quando acontece algo que te tira totalmente de órbita? Algo que parece ter, de um minuto ao outro, se fincado no seu coração e na sua mente e de jeito nenhum você consegue parar de pensar nisso, ou de sentir um aperto no peito? Às vezes são coisas boas, às vezes nem tanto. E têm aquelas vezes que você simplesmente não sabe se o que aconteceu é algo bom ou algo ruim.

Era assim que eu estava me sentindo após receber a carta do Younghyun. Foi no momento em que eu terminei de lê-la, foi nesse momento em que um espinho grande e afiado se fincou bem fundo em meu peito. Eu não sabia se chorava, se sorria, se morria ou se ia agora mesmo atrás dele (mesmo que pelo celular).

Então eu só estava aqui, andando de um lado pro outro no quarto, quase fazendo um furo no chão. Não sabia muito bem o que sentir, mas com toda a certeza eu estava — um pouco, vai — aliviado por finalmente ter tido notícias dele. Porque apesar de ter saído super magoado dessa história de "não dar adeus" dele, no fundo o que me matava de verdade era não saber se ele estava bem.

Ouvi leve batidas na porta e soube que seria Taeil me chamando para comer. Apesar de não estar com fome, me forcei a sair e encará-lo, pois sabia que ele estava preocupado comigo, e eu odeio preocupar as pessoas.

Ele me chamou pra dar uma volta e, mesmo com os olhos inchados de tanto chorar, aceitei. Quando chegamos num café perto de nosso prédio, ele começou a falar. É claro que eu sabia sobre o que seria...

— Hum... Então, Jae... Vai, cara. Você sabe sobre o que eu tô querendo saber. — ele disse, sorrindo meigo, provavelmente tentando me mostrando que eu podia desabafar com ele.

— É, eu sei... Ele... Taeil, eu não sei, tá bom? Realmente não sei. Eu não sei nem explicar o que tinha naquela carta, apesar de ter lido milhões de vezes. Também nem sei explicar o que eu tô sentindo, porque eu realmente não sei o que fazer nesse momento. Tá tudo confuso! Uma parte de mim quer ir agora mesmo pro Canadá abraçar ele e dizer que eu ainda o amo demais, mas outra parte de mim diz que eu deveria deixá-lo no passado. Que o que ele fez foi imperdoável e que em algum estágio da minha vida, eu vou deixar de amá-lo.

— Jae, você sabe que a segunda parte tá errada, certo? Você definitivamente ama ele, e eu não acho que você vá superar tão cedo. Mas também não acho que a primeira esteja certa. Não tem uma terceira parte mais sensata em você não? — Taeil disse sorrindo, me fazendo rir junto.

— Eu nunca fui muito sensato... — eu disse, ainda rindo.

— Tá, agora me conta, ele pelo ou menos se explicou?

— Pra falar a verdade sim... e eu sei como é o caráter dele e sei que ele não mentira pra mim, mas como ele mesmo disse, parece muito fanfic, não sei se acredito... — falei, e Taeil me olhou sem entender. — Tá, então... ele disse que a mãe dele o ameaçou. Disse que ela não concordava com nosso relacionamento, porque desde que começamos a namorar, ele passava menos tempo estudando, e tudo que ela queria era que o cérebro de explodisse de tanta fórmula. E daí ela meio que ameaçou minha vaga na faculdade, e ele disse que não poderia ver ela destruindo meu sonho. Foi isso.

— Wow... Mas você acha que a mãe dele seria mesmo capaz, digo, ela lá por acaso tem moral pra te tirar da faculdade?

— Puts, eu não sei... mas vai ver que tem, né? Os Kang são muito ricos e isso eu não dá pra negar. Acho que isso os torna influentes também, certo? Mas eu só à vi uma vez, e nem cheguei a conversar. Não sei se ela seria capaz disso, como pessoa. Ela não deve ser uma Rainha Má da vida real, né?

— Eu não faço ideia, cara. — Taeil respondeu sorrindo. — Mas isso não explica por que ele não te deu tchau.

— Ah... sobre isso, ele disse que foi porque não conseguiria me dar adeus, algo assim... Essa parte foi até fofa, sabe?

— Caralho, você é muito besta apaixonado! Te falta ódio, Jae. — e mais uma vez Taeil me fez rir em meio ao desespero.

— E aí, Taeil, o que a sua mente sensata acha que eu deveria fazer?

— Primeiramente, falar com ele, claro. Aí você decide se é pra brigar ou pra reconciliar. Mas a gente já sabe que vai ser pra reconciliar, porque seu olho chega brilha só de falar dele. Daí depois disso, vocês se encontram e ficam juntos felizes para sempre. E põe a mãe dele numa masmorra, claro.

— Taeil! Garoto, olha as coisas que você fala! — eu falei rindo.

— Menti? Não menti. Ela merece, se for verdade mesmo o que ele falou...

— É, não mentiu... sobre tudo. Obrigada, Tae.

— Você pode sempre contar comigo, Jae.

math class || jaehyungparkian % day6Onde histórias criam vida. Descubra agora