Essência

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Eu sou um peregrino,

Ando somente nos rios,

Durmo olhando os céus.

Para mim, aquilo é como um véu,

A noiva o Universo, eu, o noivo.

Mas penso que, minha jornada,

Nessa floresta não está acabada,

Subi montes, desci montes,

Mas nunca vi tanto mistério,

Assim como vi naquela montanha.

Sua base, o começo da subida,

Era repleta e completa de flores,

Você pisava-as, e não esmagavam.

Elas tinham vida eterna,

E eu, vida finita,

Vivendo a alma da caverna.

Fui motivado pelo que vi,

Subi com esforço, com vontade,

Eu tinha simplicidade, humildade,

Eu ficava maravilhado,

Com tanta beldade.

Finalmente, depois de tudo,

Conheci os caminhos, as curvas,

Os estreitos e atalhos.

Cheguei ao topo, suado,

Minhas roupas em retalhos.

Havia escuridão,

Mas não solidão,

Eu não tinha riso,

Eu via um feixe de granizo,

E uma voz estrondosa no fundo,

Era Deus dizendo, "Que haja luz",

E houve seu sorriso.

Melancolia Poética - Vol.1 Onde histórias criam vida. Descubra agora