Yverness (pronuncia Aivernes) Amanda Ross – não Inverness¹ –, advogada, escocesa, 26 anos e categoricamente sistemática. Tudo deveria estar do lado certo, no lugar certo, no cômodo certo e dessa forma, nada sairia errado.
Perfeito, organizado, limpo. Sem margem para erros.
Residia na Rue de Mazarine, em um edifício estéril, próximo o suficiente da Torre de Saint-Jacques e há dez minutos de carro da Torre Eifell, perto da arte, de lojas e principalmente, do escritório onde trabalhava.
Quando ela decidiu há cinco anos mudar-se para França, ela não esperava que as coisas pudesse se encaixar com tanta perfeição. Edimburgo, sua cidade natal, era aconchegante, mas a Escócia deveria ficar no seu passado assim como toda a bagagem de quem um dia ela foi.
Yverness era uma ótima nova versão de si mesma. Ninguém sabia mais do que deveria sobre ela, ninguém estava dentro da sua vida a ponto de ela não conseguir chutar para fora e tudo estava perfeito e enquanto olhava no espelho, ela poderia constatar isso.
Os intensos olhos verdes brilhavam nas órbitas fundas dos seus olhos, os cílios claros pintados de preto pela máscara que havia passado, o nariz fico e os lábios rosados sendo emoldurados por longos fios loiros acobreados que a deixava confusa em relação a verdadeira cor. O corpo esguio era sustentado pela ossada de 1,78m, bem vestido com a saia justa e a camisa de seda que ela optou usar aquela manhã, enquanto ficava alguns centímetros mais alta devido ao scapin que compunha a obra.
Ela alisou a camisa quando jogou o cabelo para o lado e constatou que, definitivamente, preto era sua cor. Pegou a bolsa sobre a cama e desceu até o hall de entrada, onde Francis já lhe aguardava com um sorriso no rosto chamando seu táxi de forma apressada.
— Bom dia, doutora Ross. — Ele a cumprimentou sorridente enquanto ela passada por ele em direção ao taxi que havia acabado de estacionar. — Semana agitada?
— Agitada e interminável. — Respondeu sorrindo. — Finalmente é sexta! — Ele concordou e Ness jogou-se no banco de trás do carro e mandou tocar para o edifício empresarial onde ficava o escritório que trabalhava.
Direito Empresarial era o carro forte da Deveroux & Russell Avocat Associé e quando ela se formou e se mudou, estabeleceu carreira ali graças sua amiga e acionista nominal, Gabrielle Russell.
O táxi parou em frente ao edifício e Ross entregou o dinheiro antes de saltar o carro. Gabrielle estava na frente do prédio, o celular no ouvido, andando de um lado para o outro enquanto praguejava com alguém. Seu rosto pareceu se iluminar ao ver a amiga e desligou o celular rapidamente, indo até ela.
Gabrielle era miúda. Os cabelos loiros e os olhos azuis tipicamente franceses deixavam seu rosto ainda mais bonito, não chegava a ter 1,60 de altura, mas era raivosa feito um pinscher no cio.
— Ness! Finalmente! — Ela disse, segurando os braços da amiga. Ness olhou o relógio e notou que não estava nem perto de estar atrasada para receber aquela recepção tão acalorada, mas ignorou totalmente ao notar seu desespero. — O que você me diz de ganhar cinco vezes mais do que ganha atualmente e se dedicar a somente um caso?
— Do que você está falando? — Franziu o cenho maneando a cabeça.
— Surgiu um caso da Acier & Oxi. — Disse de uma vez e Ness ergueu as sobrancelhas. Acier & Oxi era uma distribuidora de matéria prima de aço que entregava para países por todo o mundo. Era uma multimilionária famosíssima na França, onde ficava sua sede. Os advogados deles eram os concorrentes diretos da Deveroux & Russell.
— Como assim surgiu um caso da Acier? Eles não são representados pela... — Ness começou a falar, mas foi interrompida.
— Não mais, agora eles são representados pela Deveroux & Russell com a lindíssima advogada Yverness Ross em frente ao caso. — Piscou os cílios cumpridos, puxando a mulher em direção ao prédio. — Eu te explico isso depois, vamos, o pessoal do financeiro do plano de saúde quer uma reunião e estou sem saco para escândalo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fogo e Aço (Desgutação | Em breve)
RomanceYverness Ross não é uma pessoa fácil. Escocesa, advogada e cheia de ódio percorrendo suas veias europeias, ela se muda para França em busca de sossego e arte, sendo totalmente o oposto de Kristoff Dolohov, inglês, charmoso, cafajeste e com uma pitad...