Houve um certo ego ferido quando Ness estendeu o cartão para pagar o almoço, mas ela tentou ignorar o desconforto dele. Kristoff parecia ser do tipo controlador e sistemático, mas ela também era e não estava a fim de concorrência.
Durante aquela hora descontraída ela notou que enquanto eles mantivessem o profissionalismo não iriam se estranhar, ainda que alguns dos comentários efetuados por ambas as partes estivessem enraizados em comportamentos que nenhum dos dois aprovava. Tanto Ness quanto Kristoff notaram o quão parecidos eram e quão problemático aquilo poderia ser com o passar do tempo, então, silenciosamente, optaram por manter a paz de espírito e serem o mais cordiais possíveis.
Eles voltaram para o escritório e para o trabalho, vendo que a missão realmente não seria fácil. O maior problema, apesar dos processos, era a pressão que estavam impondo nas costas de Dolohov para que ele cedesse e deixasse que pessoas "experientes" tomassem conta do problema.
Entretanto, a percepção de experiência de Ness era muito maior do que a concepção de idade.
As próximas horas passaram correndo, o trabalho de analisar cada um dos casos e separar pelo o que começaria primeiro era exaustiva. O caso da intoxicação era o mais dramático, três pessoas do mesmo local estavam internadas e ninguém havia descoberto o motivo — de acordo com o que estava nos autos processuais –, mas foi desencadeada uma reação alérgica depois de trabalharem na descarga da matéria prima da Acier.
Ela o separou como prioridade assim que deu 17h e começou a recolher suas coisas para ir embora. Sentia-se mentalmente cansada quando colocou a bolsa sobre o ombro, pronta para se afastar.
Kristoff estava tão concentrado no computador a sua frente, que mal notou seus movimentos.
— Bom, estou indo. — Ness disse ao chegar perto da porta. Ele ergueu os olhos para ela, notando que ia embora. — Qualquer coisa entraremos em contato.
— Ah, claro. Até amanhã. Irei pedir para providenciarem a sala. — Disse e Yverness o encarou. Até amanhã? Como assim "até amanhã"? De que sala ele estava falando?
— Até amanhã? — Se ouviu dizendo e Kristoff subiu os olhos em sua direção mais uma vez.
— Stark pediu para que Suzan providencie a sala ao lado da minha para que você trabalhe por aqui. — Explicou como se fosse óbvio. Gabrielle não havia mencionado isso. — Alguma exigência? — Perguntou e ela sorriu, engolindo a seco.
— Por hora, nenhuma. — Ele pareceu satisfeito com a resposta. Yverness começou a andar em direção à saída e ele pigarreou, a fazendo se voltar pra ele.
— Ei, Ross! — Disse e ela o encarou. — Obrigado. — Sorriu. — Espero que a gente faça realmente uma boa dupla e consiga sair deste buraco.
— Enquanto você for sincero com a real situação da Acier, sem esconder nada, teremos com toda certeza. Sou sua advogada agora, Kristoff, mais de você do que da empresa, pelo o que entendi. — Maneou a cabeça e ele concordou. Ele sabia que estava com a corda no pescoço. — Não esconda nada de mim e iremos resolver tudo.
— Obrigado de novo. — Sorriu e ela fez o mesmo.
— Já que tocamos nesse assunto, tem algo que eu deva saber antes de continuar? Alguma fraude, alguma omissão, algo que realmente pode dar errado? Eu estou aqui para resolver, você pode ser sincero comigo. — Questionou e ele a encarou por alguns segundos, observando seu rosto de forma impossível.
— Não.
— Tem certeza? — Subiu a sobrancelha dando mais uma chance. — Eu odeio surpresas tanto quanto odeio mentiras, Dolohov.

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Fogo e Aço (Desgutação | Em breve)
Lãng mạnYverness Ross não é uma pessoa fácil. Escocesa, advogada e cheia de ódio percorrendo suas veias europeias, ela se muda para França em busca de sossego e arte, sendo totalmente o oposto de Kristoff Dolohov, inglês, charmoso, cafajeste e com uma pitad...