PRÓLOGO

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Ness respirou fundo o ar da noite parisiense assim que bateu os pés na rua. O ar pesado daquele lugar estava quase lhe matando sufocada e estar fora daquela sala a fazia voltar a respirar e, principalmente, sentir que poderia movimentar seus ombros sem o peso da tensão daquela reunião.

— Ross! — Ela pode ouvir o sotaque britânico a chamando e se virou, sentindo a brisa noturna bater no seu rosto e jogar seus cabelos para trás. As luzes brilhavam as suas costas, mas ela não se sentia menos raivosa pela paisagem linda atrás de si. Kristoff se aproximou com as mãos afundadas no bolso do terno, parando a sua frente.

— O que você quer? — Questionou, trocando o peso do corpo sobre suas pernas. Os olhos dele brilhavam de forma incisiva, cheios daquele charme irritante.

— Sua opinião profissional. — Ela se manteve em silêncio e cruzou os braços. Kristoff deu mais um passo, ficando ainda mais perto, seu rosto quase angustiado. — O que você acha?

Ness engoliu a seco e desviou os olhos do seu rosto por um momento. O que ela achava? Bem... Não era nada bom. Definitivamente.

— Que vai dar errado. — Respondeu, voltando-se para ele. Kristoff abaixou os olhos por um momento. — Tudo, absolutamente tudo, está caindo aos pedaços. Cada minúscula parte dessa empresa parece prestes a se dissolver e se afundar no mais profundo abismo. — Ele voltou a lhe encarar, suspirando.

— Temos um "mas" em algum momento desse teu monólogo destrutivo? — Yverness jogou os cabelos para trás e assentiu uma única vez.

— "Mas" eu estou no meio disso e não costumo perder. — Respondeu, firme. Yverness Ross tinha plena consciência que não tinha alguém melhor do que ela para aquilo. Salvar a bunda de milionários a beira do abismo era teu melhor hobbie. — Isso quer dizer que apesar de tudo, eu vou salvar a sua empresa, Dolohov. — Kristoff abriu um pequeno sorriso.

— Estou contado com isso, Yverness. — O homem estendeu a mão para ela, grande, máscula e assim que ela a apertou, viu o quão macia também era. — Será uma honra te ter como parceira. — Ness sorriu debochada e se desprendeu do seu aperto.

— Você não opção, Kristoff. — Ele concordou.

— Mas se eu tivesse, depois de tudo, você seria a primeira. — Respondeu.

A buzina do carro quase a assustou. Ness se virou e reconheceu o táxi a aguardando. Virou-se para Kristoff, encarando seus olhos azuis brilhantes e engoliu um pouco do próprio veneno antes de concordar uma vez.

— Eu tenho minhas dúvidas. — Deu um meio sorriso educado. — Boa noite, Dolohov.

— Boa noite, Ross.

Ela desceu as escadas, batendo o salto no mármore e se enfiou no carro sem olhar para trás. Enquanto o veículo se distanciava do prédio, ela conseguia ver pelo retrovisor do carro um problema a ser resolvido e, infelizmente, ela não estava falando da empresa, mas do homem de terno que encarava o carro como quem velava um defunto.

Nessa metáfora, ela sabia que o defunto era ela, que se algo desse errado, seria morta de forma esmagadora por Dolohov e a sua empresa prestes a explodir.

Nessa metáfora, ela sabia que o defunto era ela, que se algo desse errado, seria morta de forma esmagadora por Dolohov e a sua empresa prestes a explodir

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Fogo e Aço (Desgutação | Em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora