A Garota de Tom Riddle ~Tom Riddle~

Capítulo vinte e três

3 de janeiro de 1937:

Senti um frio súbito que indicava a ausência do little lord ao meu lado na cama.

Talvez já fosse tarde, ou algo tivesse ocorrido para ele me deixar sozinha.

A inquietação se insinuava em meus pensamentos, mas, ao mesmo tempo, uma tranquilidade me envolvia.

Desde que o little lord começou a embutir sua magia em meu corpo, dormir se tornou uma tarefa mais fácil.

Então talvez pudesse simplesmente tentar voltar a dormir, aproveitando a sensação de calma que sua magia me proporcionava, mesmo na sua ausência.

Porém, sabia que as tentativas seriam falhas, já que sentia o frio incomodo e nem mesmo se continuasse me agarrando no cobertor iria funcionar.

Era um frio que me fazia bater os dentes uns nos outros e ter arrepios involuntários.

Ou isso era apenas uma reação do meu corpo sentindo falta do little lord, talvez tenha me acostumado com ele mais do que o limite previsto pela minha cabeça e só quero ver o que farei quando voltar para Hogwarts.

Merda! Por que tive que me acostumar tanto com sua presença?

Por que sinto que sentirei saudades de acordar com o cheiro de pera que ele deixava no ar, ou com seus beijos suaves no meu rosto?

Ou de sentir o calor de seu corpo ao meu lado, ouvir seu "bom dia" e ver seu sorriso quando me pegava observando-o.

Essas lembranças só intensificavam a sensação de vazio e a frustração por ter permitido que ele se tornasse tão essencial em minha vida...

Estou completamente fodida!

E mesmo reclamando, não acho isso de todo mal. Estávamos aproveitando os nossos dias como boas pessoas que só sabem comer e dormir, e somos ótimos nisso.

Mas quando isso cansava, sempre inventávamos algo, seja um jogo estranho que ele descobriu em algum livro, ou contávamos coisas que ninguém deveria saber.

Havia vezes em que ele começava a mexer no meu cabelo, e eu simplesmente esperava pacientemente até que terminasse o que pretendia.

Gostava quando fazia isso; era uma sensação reconfortante e quente.

Mas falando nisso, percebi que não o cortei ainda. Talvez quisesse voltar a ter cabelo longo, principalmente porque o little lord adorava fazer penteados em mim.

Entretanto, nossa conexão não se limitava apenas a esses momentos ternos.

Também passávamos horas juntos calculando feitiços, embora eu não colocasse tanto empenho nisso quanto deveria.

Mesmo assim, o simples fato de estarmos juntos, compartilhando essas atividades, tornava tudo mais significativo.

Ainda mais quando percebo que o papai está lançando olhares raivosos em direção do little lord.

Mas desde daquela conversa no banheiro, o nosso relacionamento até que andou um pouco, mesmo que em passos de tartaruga.

Porém, não deveria estar pensando nisso, deveria estar tentando dormir, mesmo que o meu sono não esteja vindo.

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos, mas era praticamente impossível.

A mente estava um caos, e o frio que doía até os ossos tornava tudo ainda mais difícil.

Dormir, com certeza, seria a última coisa que conseguiria fazer.

Abri um dos olhos e vi que o quarto estava envolto em escuridão, exceto pelo suave brilho do abajur. A visão me deixou alerta, se era noite, onde estava o little lord?