Capítulo dezesseis

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2 de agosto de 1936:

Ainda não tive a coragem de levantar da cama e tomar aquela poção, não conseguia parar de rebobinar a noite passada.

"Obliviate"

"Quem é você?"

Por que dói? Já sabia que isso aconteceria, então não deveria estar feliz que funcionou? Então por que dói? Por que todos os momentos que passei ao lado dele, parecem ser mais vividos e simples?

Mas não era isso que eu queria? Queria que ele me esquecesse e fiz, consegui o que planejei, mas o que isso me trouxe?

Sabia a resposta, mas apenas me virei na cama e observei aquela luminária que já fez muito por mim, tentando tocá-la para voltar para aquela felicidade que tive.

Porém, pensar no passado não era bom para a alma e devido a isso, deveria engolir esses sentimentos e me levantar mais uma vez.

Não posso ficar deitada na cama o dia todo, apenas por fazer a coisa certa, ou por pensar que tive que obliviar uma cobra...

Sou uma pessoa horrível e não quero sair daqui nunca mais, mas se eu não sair, não poderei ir para Hogwarts.

E é Hogwarts, o lugar que passei anos da minha vida querendo ir. Bom, ajudei a construir, mas não estudei nela...

Suspirei e me sentei na cama, dando pequenas batidinhas na minha bochecha e a motivação já estava me deixando ansiosa. Afinal, quem liga se perdi a única pessoa que me entendia? Posso encontrar outras.

Ou posso ser a única pessoa que me entenda, o que é muito melhor.

Saio da cama e retiro os meus anéis, os colocando em cima da mesa de cabeceira.

_ Vocês dois. - Olharam-me. _ Comecem a se despedir. - Tony caiu da cama, batendo seu rostinho no meu tornozelo. _ Não posso levar você para Hogwarts, meu amor. - O peguei do chão. _ Mas papai me prometeu que cuidaria bem de você. Você entende, não é? - Começou a chorar. _ Não chore, ou ficarei chateada. - O abracei.

_"Miau!". - Começou a chorar e não sabia o que fazer, parecia que estava matando-os.

Tudo estava dando errado e quase me joguei no chão para chorar também, mas apenas respirei e pensei positivo.

_ Tudo bem, levarei os dois comigo, mas você... - Cutuquei o Tony. _ Será um gato, não posso levar um Chupacabra para escola. - Continuei cutucando. _ Entendeu bem, mocinho? - Sorriu e o deixei no chão. _ Vocês são tão manipuladores. - Revirei os olhos.

Vou até a minha bolsa e retiro de lá, um vestido de uma criança de pelo menos dez a onze anos. Era um vestido simples e de um azul-claro, mas o colarinho era branco e daria para usar o broche que papai me deu.

Não precisaria usar luvas e isso até que era algo bom, já que sempre esquecia de usar quando saia de casa.

Contudo, esqueço disso e continuo pegando minhas roupas e as coloco em cima da cama, junto de um par de sapatos preto sem salto e meias.

Porém, a última coisa que retiro da minha bolsa foi a poção, a bendita poção.

A poção que me faria uma criança, bom, pelas contas e cálculos que fiz, tinha que tomar a poção toda e se tomasse apenas um pouco, voltaria a ter 26 anos.

Já que ela fazia a pessoa retroceder em dois, em dois anos, e se eu retrocedesse de 28 para 10 tão rápido, meu corpo não aguentaria e acabaria morrendo e não quero isso.

Deixo a poção em cima da cama, indo até o banheiro para tomar banho, pensando nos meus últimos momentos com meu corpo de 1,70.

Entretanto, não sentirei falta de ter seios medianos, de ter coxas grosas ou de ter pés que só cabem em sapatos de numeração 37 a 39.

A Garota de Tom Riddle ~Tom Riddle~Onde histórias criam vida. Descubra agora