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Samantha

Los Angeles

Estados Unidos

16 anos

A relação que tenho com meu primo Jackson é de outro mundo. Nos falamos todos os dias, mesmo com as diferenças de fuso horário, sempre estamos lá um para o outro. Sendo um ano mais velho, posso receber conselhos do que fazer ou não. Uma vez, quando passávamos alguns meses na cidade dele, viramos a noite maratonando uma lista de filmes que combinamos de assistir. Foi com ele que vi o primeiro filme de terror, nem preciso mencionar os pesadelos terríveis.

- Jack, não, já disse que me recuso a ver terror! Você sabe que eu morro de medo.

- Vamos, Sam! Como pode saber se nunca tentou? Sei que nunca viu um sequer.

- Claro, é tudo forçado, além do mais, sou cardíaca!

- Mentir é feio, hein. Deus tá vendo, priminha.

- Deus também tá te vendo me obrigando a fazer algo contra a minha vontade.

- Não começa, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Nós veremos, sim – dá play. -Te recompenso depois.

- Hoje você tirou o dia para me irritar, credo. Gostei, como? – Sorrio.

- Enquanto vemos, faço cafuné. Vem logo – me encarou. – Por favor.

- Fazer cafuné é jogo sujo – suspirei. – Mas posso tentar – deitei apoiando minha cabeça em seu peito.

Acabei me rendendo e assisti. Dei uns pulos, uns gritos e fechei os olhos em algumas cenas. Terror? Nunca mais.

Jackson deitou e eu também. Seu olhar focou no meu.

- O que foi? – O encarei.

- Nada. Só aproveito para gravar como você é quando está aqui pessoalmente.

- Ah, entendi. Desculpa  - eu não sabia o que falar, então acabei ficando quieta.

- Relaxa. Na verdade, é porque sinto sua falta, mais do que gostaria de admitir, principalmente porque... – ele para e parece escolher as palavras. - ... Porque sem você aqui, tudo é diferente – beija minha têmpora, me abraçando forte. – Tudo é tão... Simples contigo aqui.

- Ei, - coloco meus dedos em seu queixo – eu sei que não é a mesma coisa e também sinto demais a sua falta, tanto que nem sei falar, mas sempre damos um jeito.

- Vou cuidar de você até que eu pare de respirar, até mesmo depois. Eu te amo, ouviu? – me abraçou de novo. – Ainda temos que comprar seu presente de aniversário.

- Não precisamos, não. Já tenho tudo, sério.

- Quase tudo – ressaltou. – Se arruma, vamos sair para comprar agora.

***

- Estamos no paraíso de toda mulher e no inferno de todo homem, devia não ter mencionado seu aniversário – revira os olhos.

- Sem exageros. Aqui não é tão ruim assim – entrelaço nossos braços.

Fomos em algumas lojas, mas nada chamava minha atenção.

- Podemos voltar amanhã se quiser, temos tempo.

- Não. Não saio daqui sem meu presente.

- O.k. quer ir onde?

- Livraria, com certeza.

- Já disse que você é a única garota que eu conheço que prefere ir a uma livraria ao invés de uma loja de maquiagem? Realmente ainda me surpreendo. Nem sei como.

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora