Capítulo 5

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Março de 2018

– Oi.
– Oi.
– Tudo bem?
– Sim, e com você?
– Estou bem também.
– Que bom.
– Pois é.
Assim estavam sendo as minhas conversas diárias com Ruan - monótono e entediante. Era como se nenhum de nós importasse em manter uma comunicação saudável. Tudo estava chato, e o resultado sempre eram as brigas. Brigávamos por coisas tolas e sem nexo algum.
Depois de muito pensar em como tudo estava ao meu redor, tomei uma decisão: pedi um tempo. Um tempo pra mim. Um tempo pra ele. Um tempo para nós. Não era fácil, pois o amava, mas as coisas não iam nada bem e nós dois sabíamos disso. Eu já não tinha esperanças em mais nada. Nem mesmo no trabalho. Os meus dias eram resumidos em sentar na cama e olhar para o nada, decidindo desistir de tudo e de todos.
Lembrei-me de uma citação de Paulo Coelho: “É muito complicado viver”. Ele estava totalmente certo.
Ruan, mesmo intrigado não tentou me convencer do contrário. Foi algo breve e doloroso. Fiquei preocupada com ele, obviamente, mas sabia que ele ficaria bem.
Era mais um dia triste que acabara de ficar pior ou melhor. Não me decidira ainda. Sentia-me arrasada pela vida e feliz por não ter que fingir estar bem no meu relacionamento. Consequentemente não quis falar com mais ninguém, nem mesmo com Fernanda. Apenas apaguei a luz, deitei na cama e chorei. Deixei que as gotas caminhassem pelo meu rosto, traçando o seu destino até o penhasco do meu queixo. Sentia-me representada por elas. E assim passei quase todo o mês: chorando e me distanciando das pessoas. As conversas que eu tinha aleatoriamente, sempre eram marcadas pelas respostas secas. E mais uma vez, lembrei-me do escritor Coelho: “As emoções são cavalos selvagens”.

Flor De GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora