Capítulo 3

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– Que casa longe, em – brinquei quando a abracei. Nossos corpos se encaixaram. Aquele era um dos melhores abraços que eu já ganhara. Forte e cheiroso. Ela estava cheirosa e isso me matava, pois eu amava perfumes.
Ela me puxou para subir as escadas, já que a sua casa ficava em cima de uma loja de calçados. Ao chegar lá em cima, havia um banco de madeira. Era lindo e confortável. Ela me guiou até ele, sentou-se à minha esquerda e logo começamos a conversar sobre coisas aleatórias como todas as outras vezes.
O céu estava cheio de estrelas, tornando uma noite linda. Eu estava tão à vontade que coloquei meus pés em cima do banco e ela posicionou seu rosto no meu joelho, o que me deixou um pouco surpresa. E então ficou me observando com os seus olhos castanhos, assim como eu também a observei. Peguei a sua mão, apertei, e ela retribuiu. Era macia e confortável assim como a mão de um bebê. Eu sentia algo dentro de mim dizendo que a queria, mas da mesma forma sabendo que não podia. De alguma forma ela percebia. Eu sabia que ela também me queria como já tinha deixado claro muitas vezes, e eu nunca havia correspondido. Não poderia fazer aquilo com Ruan. Jamais.
Ainda com a sua mão na minha, levantei-a até o dedo dela tocar a minha boca. Ela acompanhou os movimentos com o olhar e mordeu o lábio inferior. Levantou o seu rosto devagar e me olhou nos olhos. Comecei a ficar trêmula, achando que iria me beijar, mas tudo o que ela fez foi colocar a minha cabeça em seu ombro e me fazer cafuné. Seus dedos passeavam pelo meu coro cabeludo enquanto segurava a minha mão. Sentia-me segura e confortável. Conseguia sentir a sua respiração um pouco acelerada.
– Vem cá, deixa eu te fazer carinho também – falei, passando o meu braço em torno dela, recebendo a sua cabeça no meu ombro. Enquanto uma mão passava em seu cabelo, a outra lhe fazia carinho no rosto em movimentos calmos.
– Tá sentindo a minha barba? – ela falou e eu ri. Então ela levantou a cabeça o suficiente para me beijar na bochecha. Sorri, sem jeito e ela me olhou frente a frente. Tão perto que eu sentia a sua respiração no meu rosto. Sentia o desejo de avançar à sua boca.
– Fique tranquila, não vou beijar a sua boca, por mais que eu queira – me falou com seriedade demais. Começou a depositar beijos no meu rosto e logo desceu até o pescoço. Arrepiei-me inteira.
– Puta que pariu. Não faz isso comigo – agora eu estava apertando a sua mão como forma de liberar a tensão que eu sentia. Mas a real vontade era de apertá-la por inteiro e traze-la para mais perto.
– Ei, volta aqui. Deixa eu te tirar do sério só um pouco – e realmente estava conseguindo, mas não era só um pouco. Ela beijava e mordia o meu pescoço de uma forma tão deliciosa que eu latejava, mas não reagia. A sua boca quente passeava no meu pescoço e logo achou um lugar para ficar: orelha. Ela mordia-a deliciosamente enquanto apertava a minha cintura, fazendo com que nos tocássemos mais. Apenas fechava os meus olhos e sentia cada movimento dela me agitando, me excitando, e...
– Preciso ir ao banheiro – falei, pois não podia reagir àquilo e precisava respirar mais devagar. Eu estava ofegando muito, deixando claro que estava excitada.
Ela riu da situação e me levou até o banheiro. Entrei e fiquei até me acalmar um pouco. Precisava lembrar que mesmo diante de brigas, eu ainda tinha namorado e não podia traí-lo. Eu o amava.
Ainda estava um pouco com as pernas bambas quando saí do banheiro e ela apareceu, esperando a minha aproximação. Quando ia passar por ela, a mesma entrou na minha frente e me abraçou. Retribuí e senti algo rígido nas minhas costas. Ela tinha me arrastado facilmente e agora me apertava contra a parede. Apertava seu corpo contra o meu, fazendo com que eu sentisse os seus seios em mim. Seios fartos. Quando ia beijar novamente o meu pescoço, passei as minhas mãos em torno da sua cintura e a apertei mais do que poderia. Mas não durou muito até nos afastarmos e eu decidir ir embora. Ela me acompanhou até uma parte do caminho em silêncio, e depois segui sozinha, pensando em cada detalhe do que tinha acontecido.

Flor De GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora