33🏖

287 19 0
                                    

Sopro vagarosamente o meu café apreciando a bela paisagem da praia de Matosinhos enquanto as minhas mãos aquecem com o calor transmitido pela bebida. A minha bota preta tapa as minhas pernas que as mantém quentes e o casaco preto é suficiente para preservar-me das temperaturas frias que marcam na Cidade Invicta. Os meus pensamentos beiram sobre o sucedido há poucos minutos quando Ana descobriu pela uma conversa entre os seus filhos que Afonso faltou às aulas. É claro que interagi até porque prometi-lhe tal ato e talvez seja por isso que o sermão não foi grande paleio, mas na verdade ele errou ainda mais por minha causa e sinto-me culpada.

André: Tanto soprares que o café vai acabar por ficar gelado.-o rapaz à minha frente riu-se.-Cinco euros para ler os teus pensamentos.-admiro cada vez mais o seu sorriso aberto que faz com que o meu coração bata sucessivas vezes.

Catarina: Nem cinco euros nem mil.-sorri.

André: Vamos passear pela praia?-encara o meu olhar que despista-me em seus olhos castanhos.

Catarina: Vou sujar as minhas botas.-reviro os olhos mas na verdade quero poder sentir a areia em meus pés.

André: Eu levo-te ao colo.-larga uma gargalhada deixando-me mais apaixonada.

Catarina: André, estamos em público e isto é apenas uma saída de irmãos. Anda lá que descalço as botas.-este sorriu e rapidamente retiro o calçado e passeio-as nas minhas mãos juntamente com os passos do meu corpo.

André: Fogo Kat, não lavas os pés ou o quê?! Isso tem cá um cheiro.-ri-se ao mesmo tempo que expressa-se com uma face séria.

Catarina: André, vai ver se estou na esquina.-reviro os olhos engolindo em seco o riso.

André: Ai de ti que estejas numa esquina até porque tu és só...-interrompo-o.

Catarina: André, o que é aquilo?!-aponto para uma rocha onde é visível um corpo.-Aquilo é o que estou a pensar?!-falo com medo.

André: A minha bola mágica não têm pilhas não posso ler os teus pensamentos.-riu-se.

Catarina: Fogo André, não estou a brincar.-empurro o seu corpo e caminho até junto daquele rochedo.

Caminho com um passo apressado sentindo o moreno a caminhar atrás de mim, a primeira impressão que tenho ao reparar naquela imagem é que se trata de um homicídio, mas quando estou junto da pessoa reparo que esta não tem nada em seu corpo que admita esse crime. Pouso as minhas botas sobre a pedra que a morena está encostada principalmente a sua cabeça e a parte superior da sua estatura. Ajoelho-me perante a rapariga e coloco a minha face encostada a sua e concluo que esta está viva devido ao ar que beira pela minha bochecha.

André: Ela está morta?!-pergunta escandalizado.

Catarina: Não. Está viva.-sorri fraco.-Talvez encontra-se desmaiada ou algo do género.-profiro encarando a sua face um pouco assustada.

André: Eu vou ao bar comprar água.-fala calmo desta vez.

Catarina: Oh André?! Tu andaste na escola?-questiono e esta afirma com a cabeça.-Sabes é que não parece. Se fosses inteligente saberias que dar água a uma pessoa desmaiada pode afoga-la. Isso é só mito, todas as pessoas sabem disso, acho eu. Liga mais é ao 112.

André: Eu não tenho o meu telemóvel aqui.-menciona apalpando os bolsos das suas calças e do seu casaco.

Catarina: Usa o meu, está na minha mala. O que tens de beleza tens de burrice.-riu fraco.

André: Aceito isso como um elogio bebé.-pisca-me o olho e coloca o meu telemóvel em seu ouvido.

Enquanto o jogador realiza a sua tarefa tento reanimar a vítima com pequenos estalos em sua face e falo um pouco alto com a intenção desta despertar. Recebo algumas ordens de André que são dadas pela linha do 112 enquanto a ambulância não chega, mas não temos sucesso pois a rapariga continua de olhos fechados, mas felizmente a respirar. Após uns minutos de tanto esforço, esta abre lentamente os olhos o que surge um sorriso no meu rosto e outro no ponta de lança, ouvimos as sirenes da ambulância o que me deixa mais aliviada. André ajuda-me a levantar-me enquanto observamos os paramédicos a colocar a morena numa maca e um pequeno sorriso surge em seu rosto. A multidão aumenta e então decidimos caminhar até ao carro quando chegamos ao solo, sento-me numas escadas que pertence ao café e calço as minhas botas deparando-me com uma figura familiar.

No Quarto ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora