Prólogo.

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Estava "estudando" no meu quarto, bom, na verdade escutando música e comendo doce escondido da minha mãe. Minha rotina de todos os dias era ficar em casa estudando à noite, o que já estava me dando nos nervos.

O mais próximo de algo perigoso e imprudente que eu poderia fazer era isso: Comer doce escondido da minha mãe. Minha pele já não era perfeita, mas eu não resistia em ingerir algo açucarado porque me dava uma sensação maravilhosa.

Recebi uma mensagem de Lisa, minha melhor amiga, provavelmente me perguntando algo sobre alguma matéria.

"Gina, vamos na festa da Kath hoje?"

Arregalei os olhos, espantada. Ela só podia estar drogada ou fazendo alguma pegadinha. Respondi na hora:

"Ficou maluca? Lá só vai ter os populares."

Ela respondeu rápido:

"É aberta para todos, foi o que ela disse."

Com certeza Lisa está bem chapada:

"Você sabe que isso significa que só os amigos dela vão estar lá."

Esperei alguns segundos sua resposta:

"Por favor! Estou cansada de ficar em casa estudando, vou ficar louca!"

Imaginei ela choramingando, o que me deu pena. Sempre conseguia me convencer com aquela carinha fofa que fazia.

Seria mesmo uma boa ideia?

Também estava pensando em quebrar a rotina então tentei deixar o medo de lado.

"Se nós formos expulsas, eu te mato!"

Ela deve ter ficado muito animada, pois respondeu tudo errado:

"Pesso em aí 1 ora."

Soltei uma gargalhada e corri para tomar banho. Lavei meu cabelo, depois sequei com o secador. Minha sorte é que meu cabelo é liso, preto e curto, indo só até metade do meu pescoço, então não me dava trabalho. Prefiro assim, aliás.

— O que se usa nessas festas? — Me perguntei, encarando minhas roupas dentro do guarda-roupa aberto.

Peguei uma camisa moletom cinza de manga longa, uma saia branca cintura alta, meias pretas e tênis. Tá legal, eu sei que me visto um pouco estranho pra minha idade, dezessete anos, mas gostava do meu estilo. Pra mim era delicado e eu gosto de coisas fofas.

Apliquei um toque sutil de blush rosado nas bochechas, apenas o suficiente para dar um pouco de cor à minha pele pálida e evitar que me confundissem com uma anêmica. Magra do jeito que sou, com certeza pensariam isso. Para proteger meus lábios do frio intenso da noite, que poderia deixá-los rachados, passei um batom hidratante.

Estava me observando no espelho quando o som da buzina do carro de Lisa invadiu o silêncio. Lancei um olhar rápido ao redor do meu quarto, verificando se havia esquecido algo. Foi então que percebi que essa verificação se tornara uma espécie de ritual pré-saída, uma rotina que parecia me perseguir onde quer que eu fosse.

Contudo, senti um orgulho genuíno ao olhar para o quarto meticulosamente organizado que eu mantinha. Os tons de roxo e branco, que sempre foram meus favoritos, pareciam ainda mais agradáveis aos meus olhos. Me despedi do meu quarto, já sentindo uma pontada de saudade. Afinal, era o único lugar onde eu realmente me sentia à vontade.

O Garoto Mau Caiu - Livro I [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora