O Garoto Mau Caiu - Livro I [EM REVISÃO]

Capítulo 9

Dia 07: O Lago

Jason me encarava intensamente enquanto eu me encolhia, dominada pela timidez.

— Condições? — ergueu a sobrancelha. — Isso parece chantagem.

— Não é. — discordei. — Mas você não me ajudaria se eu pedisse.

— Você não pediu. — retrucou.

— Jason, você poderia me ajudar com o trabalho por favor? — pedi.

— Não. — respondeu, segurando a risada.

— Viu? — choraminguei.

— Eu relevo a maioria, mas seu pai... — disse Jason. — É um pouco demais, não acha?

— Ele só quer conversar, nada demais. — assegurei.

Jason lançou um olhar pensativo para a pequena mesa preta aninhada entre os dois sofás. Seus olhos permaneceram fixos nela por um tempo, como se estivesse perdido em uma temerosa reflexão. O som de sua respiração profunda encheu o silêncio do ambiente.

— Tudo bem, feito. — finalmente decidiu aceitar. — Não tenho nada a perder mesmo.

— Muito... obrigada. — Eu sorri de forma tímida, incapaz de encontrar seu olhar, enquanto observava ele se levantar.

— Agora dá o fora. — mandou, sumindo no corredor escuro do seu quarto.

Franzi o cenho. É realmente impressionante como Jason consegue transformar-se completamente em questão de segundos, como se passasse de água para vinho. Isso me deixava insegura, pois ele poderia mudar de ideia a qualquer instante.

Com esses pensamentos em mente, decidi retornar. Meu desejo era passar o fim de semana no conforto do meu quarto, com minha única preocupação sendo os estudos e a limpeza da casa. No entanto, já aceitei que as coisas não serão mais assim. Infelizmente, nada dura para sempre. Essa era uma das sabedorias que minha avó costumava compartilhar. Sinto falta dela.

Quando cheguei, minha mãe estava lendo um livro que ela vinha lutando para terminar há alguns dias. Meu objetivo era ir silenciosamente para o meu quarto, mas ela tirou os óculos e me encarou.

— Soube que quer ir com seu pai na trilha. — disse ela.

— Mãe, olha, não quero que fique preocupada. — pedi.

— Quanto a mim, está tudo bem. — Gracie concordou, com uma calma surpreendente.

— Tudo bem? — questionei, confusa.

— Sim, se o Vince for com você, por mim está tudo ótimo. — respondeu.

— O quê? O Vince não vai. — neguei.

— Como não? Seu pai disse que você convidaria um amigo seu.

— Sim, mas não é ele. — retruquei.